9🤍

36 3 0
                                    


Veronica.

O som alto se embolava com repetição da minha última discussão com Madelaine. Parecia-se criar um novo som irritante que estava no modo de repetição automático, utilizando misturas alcoólicas como combustível para relembrar os poucos bons momentos que essa relação me proporcionou. O gosto dos nossos beijos estavam mais doces do que o normal na minha boca fazendo eu sacudir cada vez mais rápido o corpo. Virava doses e mais doses sentindo o líquido passar rasgando minha garganta, imagens distorcidas e vozes irreconhecíveis era tudo o que buscava nesse instante e estava determinada a conseguir.

- Vou perder o rumo desse jeito.

Grito alto o suficiente para aquietar a frustração que crescia cada vez mais. Não tinha o que me preocupar ninguém me escutaria mesmo e se escutassem quem se importaria com mais um caso amoroso que não deu certo no mundo. O cheiro de álcool sempre me acalmou e mais do que nunca precisava sentir isso em mim, precisava criar coragem de uma forma ou outra. Em um impulso caminho cambaleando em busca de algum rosto conhecido, empurrando pessoas da minha frente e pegando copos de desconhecidos. Na porta estava uma garota de costas com traços que eu reconheceria mesmo com quilômetros de distância, cabelos vermelhos como o letreiro neon do bar e tatuagens pequenas espalhadas pelo braço. Corro desesperada até ela com medo que desabasse ali mesmo.
A ruiva se virou assustada me segurando pelos braços. Abraço ela forte, sentindo seu cheiro que me guiava a encontrar um chão naquele momento e começo a sentir minhas batidas cardíacas desacelerarem. Solto ela assim que percebo meu ato, então me afasto rapidamente.

- O que aconteceu?!

- Isso aconteceu. - Aponto para a distância que tinha entre a gente.

- A vida não é um grande conto em busca de pessoas que o realizem. - Respirou fundo encarando a lua. - Por mais que tenha tentando de todas as formas não foram o suficiente para provar que valeria apena.

Suas palavras marcavam como correntes quentes sendo acoiçadas em carne viva. Poderia ser qual quer coisa nessa vida, mas queria ser dela, queria que minha presença fosse uma das coisas que ela mais desejasse por perto. Precisava não sentir esse sentimento de humilhação grudado no meu pé em todos os momentos.

- Você só não tem coragem de enfrentar o turbilhão que cria. Te dei o privilégio de não fazer nada nessa relação e mesmo assim criou feridas nela de propósito.

Despejo todas as palavras com a amargura que recebia dela durante todos esses anos. Flechas partiam de todos os lados tentando atingir meu coração. Éramos ligadas como imãs separados por uma fina folha, não tinha como fugir disso. Talvez o melhor fosse aceitar que nem todas as partes que nos completam precisam está necessariamente em nossas vidas, aprender que historias boas se vão mais rápido do que se passam. Vê-la ir embora na minha frente só provou que o amor é a arma mais perigosa que foi dada ao ser humano e se privar dela é questão de segurança.

"Não existia tratamento que curasse um coração partido. A única coisa que consertaria isso era o cuidado de quem o partiu."


One shot L:(VEOnde histórias criam vida. Descubra agora