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Madelaine.

Estava saindo de mais uma das gravações, parei em frente ao grande estúdio esperando Minerva me buscar, não demorou muito para que ela estacionasse o carro e abrisse a porta sorrindo.

- Como foi o trabalho? -Minerva começou a dirigir. -

- Cansativo... Todos os dias as gravações estão terminando tarde e sempre são papéis para preencher espaço que nunca sei se serão capazes de me levar algum local.

- Isso deveria tornar as coisas mais divertidas -Ela falou em tom alegre. - Afinal o suspense torna tudo mais interessante

Chegamos à garagem do prédio e subimos para o apartamento, fui direto para o banheiro tomar um longo banho. Estava saindo do quarto, quando sinto cheiro de cigarro invadir a casa, vou até a sala e encontro Minerva olhando a paisagem pela janela. Tiro o cigarro da sua mão e puxo com força a fumaça ansiando por aquela sensação.

- Cher, você sabe que não pode fumar.

- Você pode e eu não? - Solto a fumaça em seu rosto.

- Não tenho chances de morrer e muito menos problemas psicológicos para descontar! - Gritou irritada.

- Você é ridícula - Viro indo em direção ao quarto.

- Isso é sério! - Ela puxou meu braço. - Não pode desistir assim de viver.

Ignoro ela entrando dentro do quarto e fechando a porta com força. Pego uma garrafa de whisky, outra caixa de cigarros e a chave da minha moto. Saiu apressada com medo que ela pudesse me ver. Mais uma vez estava indo encontrar Veronica, mesmo sabendo que não deveria. Uma vez por ano fugia para encontrá-la. Não importava aonde ou com quem eu estava. Iria até o fim do mundo para sentir o toque e a respiração de Ronnie contra a minha pele. O vento bagunçava meu cabelo que brincava com a escuridão da noite. A lua não brilhava naquela noite, não tinha mais barulhos da cidade naquele momento. Estava sozinha praticamente rezando a todos os santos que ela não desistisse.

- Cherie...

Virei imediatamente sentindo as lágrimas de felicidades surgirem ao vê-la parada na minha frente. Seus cabelos presos faziam as pérolas se destacarem como uma obra de arte. Não conseguia expressar a vontade que surgiu de sentir ela com as mãos, de sentir sua textura e temperatura. Agarrei seu braço grudando ela em um abraço, segurava sua cintura como se fosse um diamante.

- Não me deixe. -Sussurrei no seu ouvido.

- Não vou a lugar nenhum.

Amabile colocou as mãos no meu cabelo e fez movimentos circulares com as pontas dos dedos. Me afastei do abraço e segurei seu rosto, ainda perplexa que ela realmente estava lá. Estava sentindo tudo que precisava ali, nos braços da única pessoa capaz de parar meu mundo. Sem ela não fazia sentido continuar ali.

- Prometa que ficará dessa vez! - Falei um pouco alterada com a voz embargada.

- Madelaine não tem como...

- Por favor! Prometa, Veronica!

O choro já havia consumido toda a minha fala. Sabia que não era possível, porém doía perdê-la todas as vezes que a encontrava. Isso passava de amor, era necessidade. Um pedaço de pele que abandonou a carne viva ferida. Não importava dizer o quando me amava se ia embora no minuto seguinte sem deixar algo para suprir a solidão que me causava medo.

- Acho melhor eu ir.

Segurei a manga do seu casaco sinalizando que queria que ela ficasse. Sentamos no banco e ficamos olhando aquele espaço sem vida. O cheiro de cigarro já invadia os buracos que o amor abriu. Como uma rua velha, iríamos permanecer no mesmo lugar até alguém dizer que não tinha mais como isso existir.

"O amor causa dores fracas o suficientes para te fazer fracassar por conta própria."

One shot L:(VEOnde histórias criam vida. Descubra agora