Just dance!

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O chão está branquinho quando acordo.

Hoje o dia foi uma correria, Bob cismou que queria tudo pronto pra hoje. Trabalhei tanto hoje que consegui suar na enquanto neva. Todas as armas foram organizadas as pressas, as pessoas correram pra treinar mais um pouco, os dragões foram trazidos pro norte, até hoje cedo eles estavam nos campos que rodeiam a antiga casa de América e Maxom.

No final da tarde, depois que tudo estava pronto eu fui falar com ele, ele estava com Marlee e a conversa foi engraçada e ao mesmo tempo suspeita.

-Era realmente necessário? -pergunto
-O que? -ele pergunta
-Essa correria toda! Ainda temos um dia! -respondo
-Ah sim. Não, não era...-eu o interrompo
-Então porque raios eu estou correndo feito um louca? -elevo um pouco a minha voz
-Marlee me convenceu de algumas coisas...-ele fala e a puxa pela cintura -...logo você saberá a primeira.
-São boas? Essa inútil teve utilidade? -digo apontando pra ela com voz de deboche mas com uma ponta de verdade absoluta
-É...-ele ri, entrando na minha "brincadeira"-...algumas são boas e essa você verá ainda hoje, outras são más mas farei elas para o bem da nossa facção...-eu semi serro os olhos e a encaro
-Qual são as más? -pergunto ainda com os olhos semi serrados voltando a encara-lo
-Não são tão más assim, logo você saberá! Vou te contar amanhã quando você estiver bêbada e não puder me bater ou quebrar o meu braço! -ele diz essa última frase e eu encaro Marlee

Ela me olha como se não tivesse contado nada e eu só acredito nela quando ouço a gargalhada de Bob, abro um sorriso falso.

-Tá, tá agora vou indo -eu estou me virando pra sair quando repasso tudo o que ele falou mentalmente -Não, pera, o que você quis dizer com bêbada?
-Vai logo Nilce, espere o carro de som passar.

O carro de som passa de noite convidando todas as pessoas que lutarão amanhã pra central elas foram levadas pro campo que separa a central da casa do Maxom, onde os dragões ficaram, chegando lá vimos um palanque montado no meio, algumas fogueiras espalhadas derrentendo a neve que havia caído agora pouco, há mesas com comida em cima e tendas as cobrindo.

Muita gente começa a chegar e se espalhar pelo espaço, Leon não solta minha mão, vejo Clarissa e Alfredo no meio da multidão, puxo Leon até eles, "Oi" digo e tampo os ouvidos, o microfone faz um barulho fino e Bob começa a falar.

-Boa noite!

Todos respondem.

-Decidimos... -ele fala puxando Marlee pra perto de si -...fazer a festa da última noite antes de vencermos essa guerra. Sabemos que é inevitável perdemos pessoas amanhã então comemorem hoje! Quem está sozinho vá para casa e busque seus amigos sua namorada ou seu namorado, garanto que terá comida, bebida e música a noite toda, vivam hoje como se não houvesse um depois de amanhã, porque sabemos que pode não haver, divirtam-se! -ele termina de falar e beija Marlee

Todos aplaudem, e é assim que ela ganha a confiança de toda facção.

Uma música começa a tocar e eu e Leon, Clarissa e Alfredo, nos afastamos do som alto sentamos no chão, envolta de uma fogueira mais afastada e começamos a conversar, Leon se levanta e pega algo pra nós bebermos, tinha gosto de morango é tudo que reconheço, meu copo esvazia e eu peço de novo, Leon busca pra mim, uma, duas, três, quatro vezes, na quinta ele traz um barril pela metade e bota na nossa frente, "Mais que isso não beberemos" Leon diz, ele senta e a noite vai passando aos poucos, a neve começa a cair novamente e seus flocos ficam presos no meu cabelo, ninguém sai pra procurar abrigo e sair da neve, todos permanecem ali, dançando, deito-me nas pernas de Leon, a música continua tocando, tem de todos os gêneros, pra todos os gostos, Leon acaricia meus cabelos e continua a conversar, ele se deita ao meu lado e Clarissa e Alfredo também, os quatro encarando as pequenas estrelas simuladas no céu, Leon sussurra no meu ouvido.

-Você vai dançar uma música comigo?
-Não sei -digo
-Prometa! -ele pede se virando pra mim
-Tá bom meu bem -digo e ele me beija

A conversa continua e nossos copos são esvaziados e cheios frequentemente, Leon pula quando uma música começa a tocar, ele tenta me puxar.

-Amo essa música Nilce, vamos dançar! -ele diz
-Ah não -digo mole
-Agora Nilce, você prometeu! -ele diz fazendo dengo
-Eu não me lembro mas está tudo ce-certo -gaguejo
-Ah vamos Nilce eu amo essa música -ele implora
-Eu também amo essa música mas não consigo ver mais nada -digo
-Entendi, só fique perto o suficiente para entender -ele me levanta

Sou arrastada pro meio da multidão que dança sem parar, ele me puxa e me balança, mas não me movo, já estou cansada e bêbada demais.

-Apenas dance e tudo ficará bem! -ele diz e eu solto um riso, essa frase saiu em sicronica com a música

Ele me puxa pra perto de si, sua pegada é meio psicótica, doente, hipnótica, ele olha nos meus olhos e mexe o meu corpo que está colado ao seu, meus braços estão caídos ao lado do meu corpo e aos poucos sobem e param no corpo dele, um no seu braço e o outro em volta do seu pescoço, a mão que não está nas minhas costas está parada no meu quadril, empurrando-o e puxando-o pros lados me fazendo dançar, estou totalmente perdida no seu olhar, mergulhei no mar castanho e não pretendo sair. A música acaba e ele me solta, uma mais lenta começa e ele toma minha mão como se fossemos dançar uma valsa, começamos a rodar lentamente e ele me roda pra longe e me puxa de volta pra onde estávamos, apoio minha cabeça no ombro dele e esperamos a música acabar.

Assim que ela acaba nos caminhamos em direção a nossa fogueira, e quando penso que cou me sentar começa a tocar uma espécie de polca agitada, Leon para de andar tão rápido que eu esbarro nele, ele se vira pra mim com um sorriso malicioso nos lábios, ele toma minha mão e passa a outra nas minhas costas, e ele me guia pulando e girarando por todo campo no
ritmo da música, e eu gargalhava, meus olhos não conseguiam focar no rosto de ninguém a minha volta, passavamos muito rápido, outros casais começaram a dançar do mesmo jeito, Leon me guiava entre a multidão, ele me fez dançar polca, sinto-me feliz, sinto-me amada, se eu morrer amanhã morrerei feliz, a música acaba e todos param, Leon me mantém na mesma posição e encosta sua testa na minha, nossa respiração está pesada, ele solta meu braço e o leva ao meu rosto, ele acaricia minha bochecha com o polegar e susurra "Obrigado meu bem" aproxima seu rosto do meu e me dá um beijo doce, eu vou pras nuvens novamente.

Worlds paralepsOnde histórias criam vida. Descubra agora