"Arthur Wulf, você está preso pelo assassinato de onze pessoas." Foi o que ele ouviu, caro leitor, logo depois ele caiu desmaiado no chão. Sabe, ele foi atingido por um dardo tranquilizante. Você deve estar se perguntando como isso aconteceu, não está? Ou ainda se perguntando quem sou eu. Meu nome não é importante, com o tempo você irá descobrir quem eu sou, mas antes disso, que tal eu te contar o que aconteceu hoje de manhã?
* * *
— ARTHUR. ACORDA, você vai se atrasar para a escola. De novo. — Ele ouviu a voz da mãe entrar pela porta do quarto.
— JÁ VOU MÃE — Gritou. Arthur ainda sonolento, abriu lentamente os olhos e se virou para olhar o celular e conferir o horário, 8 horas, mais abaixo na barra de notificação, três alarmes perdidos. Caiu da cama com o susto, correu até o banheiro e se olhou no espelho, a jogatina da noite anterior com certeza não lhe caíra bem. Abaixo dos olhos azuis, fundas manchas escuras deixavam claro o pouco descanso que tivera à noite, os cabelos negros estavam todos emaranhados, a pele alva e o formato quadrangular do rosto indicavam que por baixo daquela aparência cansada estava um belo jovem em seu último ano do ensino médio. Após um rápido banho colocou o uniforme da escola, calças e sapatos sociais pretos acompanhados de uma camisa branca e um paletó da mesma cor que as roupas inferiores, ao redor do pescoço uma longa gravata azul marinho.
Pronto para ir à escola desceu os degraus da escada que liga o segundo andar da casa com o primeiro, passou pela cozinha correndo pegou uma maçã, avançou para o hall de entrada e apanhou a mochila que estava recostada em uma parede próxima a porta.
— TCHAU MÃE, ATÉ DE TARDE. — Gritou ao passar pela porta andando depressa para não chegar mais atrasado do que já iria. Para sua própria sorte, sua casa não ficava distante da escola em que estudava, o colégio de ensino médio Professor Paulo Brandão Reino. Como conseguiu correr e comer a maçã ao mesmo tempo nem ele sabe, a única coisa de que ele tem certeza, é que tropeçou em algo ao chegar no portão da escola e acabou caindo sobre alguém.
— Jessie, m-me desculpe, eu não te vi aí. — disse enquanto se levantava e ajudava a garota a se levantar. — Eu estava com tanta pressa que não prestei atenção no caminho. — Falou enquanto pegava de volta o miolo da maçã, que na queda voou alguns metros para frente.
— Não se preocupe, eu estou bem. — Disse a garota enquanto ajustava a saia no lugar — Deixe-me adivinhar... perdeu o horário porque ficou jogando com o Otávio a noite toda? — Disse em tom brincalhão.
— Como você sabe?
— Bem... ele também está com cara de zumbi. — Jessie esticou os braços e fez uma careta para imitar o monstro a qual se referiu. Arthur estaria mentindo se dissesse que não ficou vermelho com a piada de Jessie, estaria mentindo mais ainda se falasse que não sentia nada pela garota, seus longos cabelos castanhos estavam presos a um coque, o uniforme da escola caia muito bem sobre ela, camisa branca, paletó, saia, meia-calça e sapatilhas pretas, usava também uma gravata vermelha. Arthur acha que essa cor destaca os olhos castanhos e a pele cor de mel da garota.
— Engraçadinha você, não é mesmo? — Disse ele enquanto recuperava a compostura — Vem! Vamos entrar antes de levarmos bronca pelo atraso.
Assim fizeram. Entraram na sala de aula – não é muito comum uma sala de aula como a deles no Brasil, parecia mais um auditório em miniatura, a mesa da professora ficava no patamar mais baixo em frente a lousa, haviam mais cinco patamares cada um deles com duas carteiras para dois alunos. As mesas eram divididas em duas fileiras uma à esquerda e outra à direita, ao centro havia a passagem para que os alunos acessassem os outros patamares. No total eram 20 lugares na sala de aula. – Arthur se sentou na primeira carteira na fileira da direita, no assento próximo a parede deixando o lugar do corredor livre, Jessie se sentou na segunda carteira na fileira da esquerda, mas ao contrário de Arthur que deixou o lugar do corredor livre, a garota deixou o lugar da parede livre.
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Arthur Wulf: Entre Humanos e Demônios
FantastikO que você faria se aos 17 anos um segredo que você escondeu desde a infância viesse a tona por conta de um evento desagradável e irritante?