A abertura

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Bochechas gordinhas, cabelo liso e escorridos para os lados, uma blusa verde escuro com listras brancas e calça de frio azul, com meia branca. É assim que eu sou, sem contar com os olhos castanhos escuros e muito baixinho, mas também, tenho apenas oito anos.

Acordando com barulho de música na cozinha, — e conversa alta — seriamente eu pensei em reclamar, mas hoje é final de semana e minha mãe merece ouvir as faixas favoritas dela. Joguei o cobertor azul claro para o lado, a claridade entrando pelo meu quarto com três camas encostadas na parede, um criado mudo ao lado de cada cama com abajures e despertadores.

Cocei o olho, ainda restaurando a alma que perdi em meus sonhos... sonhos. Outra noite com um sonho estranho, dá última vez eu era adolescente e chorava enquanto segurava o corpo de uma garota.

Por quanto tempo mais eu terei esses sonhos estranhos que perturbam minhas noites? É uma coisa questionável, minha mãe diz que é um sinal do Criador.

Me levantei da cama, tocando no piso de mármore, um tapete redondo no meio do quarto e andei até o meu guarda-roupa que ficava uns passos de distância da porta, que por ora, estava fechada.

Abri o guarda-roupa e peguei uma bandana azul escuro, amarrando na minha cabeça para esconder o meu cabelo. Também peguei três bainhas que guardavam três espadas de madeira, eu uso para treinar um pouco já que não posso ter nenhum dom.

Meus irmãos ainda dormiam, sono de pedra... saio do meu quarto e fecho a porta depois de passar pelo portal e me dirijo até a porta dos fundos, de fininho.

—Aonde pensa que vai, senhor Guilherme?— indagou minha mãe, eu gelei na hora. —Já disse que de manhã não é o horário de treinar.

—Ah, mãe, o pai treina com o Thierry e Scott toda manhã— reclamei, olhando para ela com as sobrancelhas franzidas. —Por favor, por favor.

Ela suspirou, dando um sorriso meigo e caminhando até mim, se agachou pegando as espadas de madeira da minha mão e continuou sorrindo.

—Seu pai tenta desbloquear os poderes deles— contou minha mãe, pegando em meu queixo. —Mas você é alguém puro, que com certeza, pode superar qualquer pureza que um ser pode ter.

—Tudo bem, mamãe.— dei um sorriso fofo para ela, abraçando-a fortinho. —Prometo que vou te orgulhar demais.

Ela teve os seus olhos cheio de lágrimas, não sei porque eles lacrimejaram sendo que não falei algo triste... será que isso é triste?

—Venha, vamos tomar café da manhã!— exclamou ela, se levantando e passando no corredor que ficava entre a sala e a cozinha. —Thierry e Scott, acordem.— Ela bateu na porta três vezes e se seguiu para a cozinha, apoiando minhas espadas em cima da mesa.

—Eu adoro o seu pão com mortadela e manteiga— me sentei em minha cadeira favorita. —, e o seu café com leite, é claro.

Meus irmãos saíram do quarto, ainda bocejando e andando que nem uns zumbis — eu amo The Walking Dead — e começo a me alimentar, adoro a comida de minha mãe.

A porta da frente se abriu durante o café da manhã e meu pai passou pelo portal. Ele é um homem musculoso, careca e tem a expressão de uma rocha... eu o chamaria de The Rock se ele fosse um ator interpretando um personagem.

Meus irmãos fizeram uma saudação para meu pai, assim como minha mãe e ambos se sentaram. Meu pai, ao lado de minha mãe, que ficava sentada a minha frente e meus irmãos sentados ao meu lado.

Sempre achei essa coisa de saudar meu pai por ele ser um Guardião Espacial uma bobagem, todo mundo pode combater monstros, serem fortes, se tornarem heróis e ter poderes... poderes, é até engraçado eu dizer isso, pois sei que não fui destinado à ter.

Inferny e o Começo do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora