Nem mesmo a velocidade

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Eu caminhei até a cozinha para fazer um café da manhã que minha mãe costumava fazer, mas eu estava com um vazio em meu coração, um aperto que me incomodava e me machucava. Em volta das 12h, alguém bateu na porta e peguei uma de minhas espadas para ir até o portal e perguntar quem era.

A resposta me surpreendeu e me deixou feliz, pois era Amy.

Abri a porta rapidamente e a garota entrou levando as mãos até meu rosto e me beijando, fazendo andar de costas até a parede. Ela parou o beijo e analisou o meu rosto, e arqueou as sobrancelhas.

—Eu não posso ir...— a voz dela estava fraca, mas aparentava estar firme. —Não posso deixar você.

Não conseguia dizer algo, não conseguia pensar em nada, apenas encarar seus olhos. Apenas levar as mãos até seu pescoço e encostar a minha testa na sua, fechar os olhos para absorver o que aconteceu desde então.

Esperei que ela pudesse descansar, pois pelo o que ela me contou quando fomos para o quarto, ela ficou fora a noite toda procurando um lugar para dormir e não achou. Eu não sabia o que dizer naquela hora em que ela chegou, eu só abracei e fui levá-la para a piscina.

Meu olho direito doía bem mais desde que Lúcifer voltou para o Inferno, sempre fiquei curioso para saber o motivo disso, mas nem mesmo os especialistas souberam dizer. A bandana azul estava amarrada ao meu braço perto do ombro, minhas duas espadas na bainha e fui para o Ginásio para receber missões.

Não havia ninguém lá além dos funcionários, soube que Endeavour estava desaparecido por alguns dias e que Jason caçava os Sete Pecados Capitais pois fugiram naquele dia. Mestre Zel me treinava aos domingos e Thraid me treinava às quintas, mas onde eles estavam eu não sabia.

Treinando, me esforçando... eu não me sentia vivo.

Cacei demônios por minha conta para ver se minhas habilidades estavam em dia, saí cortando e estraçalhando cada um que tentasse me matar ou lançar qualquer tipo de poderzinho. Já estava anoitecendo e decidi voltar para casa já que estava morando com Amy, era tudo mais tranquilo e tudo mais de boa.

Ela estava fazendo o jantar quando cheguei, ela reparou que eu estava soado e com uns cortes pequenos nas mãos.

—Onde você estava?— indagou Amy enquanto picava a carne. —Sumiu a tarde toda, não avisou nada.

—O Ginásio estava vazio hoje— comecei a contar quando me aproximei dela. —Está sabendo se todos receberam missões?

—Nem Incel estava lá?— ela jogou a carne picada na panela de pressão. —Eu acho estranho pois hoje nenhum de nós recebemos missões, e meu pai disse que era dia de descanso dos estudantes apenas.

Passei a língua por meus lábios enquanto balançava a cabeça em concordância, abracei Amy por trás e deixei um beijo em seu pescoço. A garota prendeu a respiração. Apenas a soltei e fui abrir a geladeira para pegar uma garrafa de água.

—Como você está?— perguntei antes de virar a garrafa toda para tomar a água em um gole.

—Estou bem, e você?— ela se virou para mim com um sorriso doce em seu rosto. —Quer deitar lá fora para ver as estrelas?

Fiz que sim com a cabeça e limpando a boca com o antebraço, segui para o banheiro e tomei um banho quente para aliviar a tensão que percorria meus ombros. Minhas pálpebras pesaram naquele momento e tonteei para os lados, tentei ao máximo mas acabei fechando os olhos por um segundo.

O lugar era abandonado e cheio de tralhas pelo chão. Um prédio antigo. Não tão antigo, ele apenas foi abandonado por seis anos.

O Ginásio Guizelini foi abandonado faz seis anos sem motivo, sem vestígios e sem intenção de algo bom ou ruim para este mundo. Mas eu ouvi passos se dirigindo até mim, ouvi a pessoa abrir a porta para o Quarto Invernal.

Inferny e o Começo do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora