18 - flor.

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- Oi, você está bem? - A pessoa pergunta e eu me viro. - MIA?

A menina estava com um moletom preto, meia arrastão toda rasgada, com a maquiagem borrada, o cabelo estava com um lacinho tentando prender a bagunça do mesmo. Era ela. Era a Maxie.

- MAX? - Disse gaguejando e senti minhas pernas tremendo mais, só que dessa vez, de alegria. - Eu...

- Eu... - Falamos em sintonia e rimos. - Senti sua falta. - A gente fala juntas e o abraço demora uns 8 minutos, 10 talvez...Eu sentia as lágrimas de Max em minha blusa e com certeza o moletom dela estava manchado também.

- Por que você está aqui? Quer dizer, como sabia que eu estava aqui? - Max perguntou ainda gaguejando.

- Segui meu coração. E minha intuição. Eu sabia que ia achar você, Max. - Íamos se abraçar mas fomos interrompidas por Matteo, que estava respirando forte e parou tentando pegar fôlego.

- Você está bem, Mia? - Ele me vê com Max. - MAX? - Ele sorri e a abraça.

- Uh, não está sozinha. - Max dá uma piscadinha e percebo um sorriso de canto do Matteo.

- Precisamos voltar a Los Angeles. - Falo animada e o sorriso de Max some. - O que?

- Eu não posso. Minha mãe está aqui. Ela me colocou num grupo do jovens da igreja católica que são super depressivos e doentes, literalmente. A maioria tem alguma doença interminável e sem cura. Todos sentam em círculo e temos que se apresentar todos os caralhos dias. Eita, falei palavrão. - Ela coloca a mão na boca. - Foda-se. Também me colocou numa catequese a força, fiz amizade só com uma menina chamada Kristy. O cabelo dela é curto, cacheado e preto com mechas vermelhas. Ela usa óculos e tem olhos castanhos, é super linda. Amo o piercing no septo dela. Fiz amizade com ela do nada. Ela não é doente mas é depressiva. Me contou que tem ansiedade e depressão desde pequena e a mãe dela acha que isso é falta de Deus. Ela se cortava e a sua mãe quase a internou. Doentio, não é?

- Deprimente. - Falo sorrindo. - Me conta mais.

- Não tem mais nada pra contar. Minha mãe me trancou num quarto cheio de poeira e está me obrigando a ler a bíblia, falando que eu vou me converter para o bem. - Ela força um sorriso. - Irônico...

- Me conta dessa Kristyn. - Falo tentando mudar o clima tenso.

- É Kristy. Ela é muito...perfeita, linda, zero defeitos?! Não há palavras pra descrever o quanto ela é foda. - Ela coloca a mão na boca novamente. - Falei palavrão de novo. Enfim, temos o mesmo humor e olha que é quebrado. Ela salvou New York. E você também. - Max sorri e logo fica séria. - Mas não sei como sair daqui. Eu odeio a minha mãe por isso mas poxa... - Bufa. - Ela é minha mãe. No fundo eu não quero deixá-la mal. Eu não sou essa pessoa.

- Eu sei, Max. Você não quer machucar sua mãe e está certíssima. Você pensa nela, mas ela pensa em você? E na hora de mentir pra você? Ela pensou se te machucaria?

- Eu sei, Mia. Mas é difícil.

- Eu entendo. Tudo bem. - Suspiro fundo. - Ela está aqui? Veio com quem?

- Com ela. Viemos em um silêncio constrangedor, ela só disse algo quando chegamos que era "daqui a pouco vamos embora, não fica longe de mim". Ou algo assim. Estava observando a lua.

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