3 - palmas.

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- Olá, sedentária. - ele disse, rindo.

Reencontrar Gus foi inexplicável. Ele é muito atraente, perfumado e possui um senso de estilo apurado. A atração que sinto por ele, que antes era apenas uma leve quedinha, continua a crescer. Porém, sei que nunca teria uma oportunidade com ele, pois Gus parece ser o tipo de rapaz popular na escola, que atrai a atenção de todos. Meu primeiro beijo não ocorreu como eu havia imaginado. Tenho quase dezessete anos e praticamente só saio de casa para frequentar a escola, uma obrigação. Sinto que estou desperdiçando minha adolescência, considerada a melhor fase da vida.

Max me lança uma piscadela e se dirige para outro cômodo. Às vezes, parece que ela é capaz de ler meus pensamentos, o que pode ser um tanto assustador.

- Belo modo de cumprimentar sua querida amiga - digo, virando-lhe as costas.

- Perdoe-me, senhorita. Podemos tentar novamente? - Ele responde, seguindo-me.

Lanço um leve sorriso de canto, mas rapidamente volto a seriedade ao me dirigir a Gus. Ergo as sobrancelhas e aceno positivamente.

- Muito bem. Vire-se! - Ele coloca as mãos em meus ombros e me faz girar.

O toque quente de seus dedos me provoca arrepios. Que sensação maravilhosa.

- Olá, querida amiga. Como está? - Ele pergunta, ajoelhando-se, enquanto tenta conter o riso.

- Olá, querido amigo. Estou bem - respondemos, mas logo começamos a rir. - Eu pedi que me cumprimentasse, não que se ajoelhasse como se fosse me pedir em casamento.

Nesse momento, meu tio surge da porta à nossa frente e parece confuso ao ver Gus ajoelhado. Ao perceber minha presença, ele começa a aplaudir, assustando Gus, que rapidamente se levanta, passando a mão na nuca, envergonhado. Ele é adorável quando está tímido! Mas também me assustei, e para quebrar o clima, comecei a rir.

- Parabéns ao casal! - Diz meu tio, interrompendo os aplausos. Eu e Gus nos entreolhamos, percebendo que ele não nos deixaria em paz. Expliquei a situação, mas ambos continuavam me encarando. Meu tio parecia uma daquelas crianças que te observam na igreja como se soubessem de todos os seus pecados. Senti um frio na espinha.

- Esse presente é para Sophia ou para Gus? - Pergunta meu tio, fixando seus olhos em mim e erguendo as sobrancelhas. Parecia que toda a explicação que eu havia dado foi em vão.

- De quem é o aniversário? Sim, é para Sophia. Entregue a ela, por favor - respondo, estendendo o presente ao meu tio, mas ele recusa.

- O presente é para Sophia, não para mim. Vá você mesma entregá-lo - insiste meu tio, ainda com as sobrancelhas erguidas, e eu reviro os olhos.

- Certo. Você vem, Gus? - Pergunto, olhando para ele, enquanto meu tio faz o mesmo. O olhar do meu tio, no entanto, é penetrante como o da boneca em "Round 6". Gus balança a cabeça em negativa e força um sorriso.

- Nos vemos depois, Mia - diz Gus, antes de sair visivelmente desconfortável.

- Era mesmo necessário esse espetáculo? Que infantilidade a sua! - Repreendo meu tio após a saída de Gus.

- Seu pai sabe que você gosta do Gus? - Ele pergunta, com um sorriso de canto.

Pobre coitado, pensa que está sendo irônico, mas só prova sua falta de maturidade. Embora estivesse tentada a respondê-lo com grosseria, optei por manter a compostura.

- Primeiro; eu não gosto dele. E mesmo que gostasse, não devo explicações a você sobre minhas amizades. Segundo; pare de se intrometer. Se acha que me ameaçar dizendo que vai contar ao meu pai vai me assustar, é melhor você amadurecer. Não tenho medo e não sou mais uma criança de dez anos. Aliás, você realmente acha que meu pai dá importância ao que você diz? - Falo, erguendo a sobrancelha, e me afasto, esbarrando propositalmente no braço dele.

Suspiro profundamente ao chegar na cozinha e tomo um gole de água. Escuto palmas se aproximando e já imagino que seja o insuportável do meu tio.

- Se veio aqui para me importunar, saiba que não vou tole... - Começo, irritada, mas percebo que quem estava aplaudindo era Gus. Surpresa, arregalo os olhos e dou um sorriso sem graça.

- Calma, princesa. Estou aplaudindo porque ouvi o que você disse ao seu tio. Gostaria de ter a sua coragem - ele diz, olhando-me nos olhos.

Princesa? Sério? Ele já me conquistou. Estou sendo iludida demais. Mas Gus deve chamar todas as meninas assim.

- Você tem a minha coragem, apenas não a demonstrou. Não pode deixar meu tio sair por cima - digo, encarando Gus.

Gus dá alguns passos à frente, se aproximando mais de mim. Que homem perfumado, meu Deus.

- E correr o risco de levar uma surra? Seu tio acabaria comigo, Mia. - rimos juntos, e logo depois, ficamos olhando nos olhos um do outro.

- MIA, ONDE VOCÊ... - Maxie surge e arregala os olhos ao nos ver trocando olhares. Ela se vira lentamente e sai como se nada tivesse acontecido.

- Ah, eu vou até ela... - digo, gaguejando, enquanto luto para manter a calma. Vou matar essa enxerida da Max.

- Claro, vai sim. - diz ele, abrindo caminho e colocando a mão na nuca.

                          Continua...

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No próximo episódio, o aniversário terá terminado e haverá muitas surpresas! Preparem-se!

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