Insuperável

30 - insuperável.

- Eu...Eu te amo, Gus. Mas você não é meu. - Dou um sorriso com lágrimas em meu rosto, saio e sem querer, esbarro meu ombro com o de Gus.

- Mia! - Ele me puxa pela cintura e automaticamente vem um flashback de quando ele fez a mesma coisa em minha varanda. A nove anos atrás. - Eu sou seu. Sempre fui. - Ele me beija, e começa a chover. Seus lábios estavam conectados com os meus, sua mão estava deslizando em meu vestido. Após um beijo molhado, eu paro.

- Não se esqueça que eu sempre te amei. E sempre irei amar, Gus. - Afasto Gus e vou a caminho de uma calçada isolada. Tento abrir o aplicativo "Uber" para ir embora, mas com a chuva, cai algumas gotas de água na tela do meu celular, procuro achar algum lugar com cobertura e com um sinal bom. Atravesso a rua distraída, quando ouço a voz de Gus atrás de mim.

- MIA! CUIDADO! - Ele grita e eu não compreendo. Até que só vejo uma luz. Uma luz branca. O impacto do carro que veio com a velocidade alta, me deixou sangrando. E de repente...Tudo ficou em silêncio e em câmera lenta. Sonolenta, vejo Gus desesperado, gritando, mas não ouço nada, até que eu fecho os olhos. E tudo o que eu queria, naquele momento, era dizer para Gus que tudo ficaria bem. Mesmo sabendo que seria mentira.
P.O.V; Mia - OFF

P.O.V; Gus - ON
Eu só pude gritar, pedir por ajuda. Tentei pegar o celular de Mia, que estava quebrado, mas eu só queria chamar a ambulância e consegui enxergar uma foto minha como tela de bloqueio. Finalmente, ela estava em meus braços. Mas não como eu imaginava. Não como eu esperava. Após uma multidão de pessoas chegar, a ambulância chega. Eu fui com ela, claro. Mas ao caminho do hospital, eu só pude ouvir aquele som aterrorizante dos batimentos cardíacos dela. "PIIIIIIII". Eu sou conseguia ouvir isso, e "Paciente veio a óbito" "Não resistiu"...O que eu mais queria, era sumir. E aparecer em um lugar apenas com ela, mais ninguém. Ainda me lembrava de suas últimas palavras.

"- Não se esqueça que eu sempre te amei. E sempre irei amar, Gus."

{ ... }

O seu velório foi tão doloroso...Sua mãe, seu pai, suas irmãs não aceitavam aquilo. Nem eu, pra ser sincero. Queria que fosse tudo um pesadelo e que ela me acordasse com aquele sorriso perfeito. Matteo, Sara e até mesmo a Maxie estavan presentes. Era muito triste a gente se reencontrar assim, desse jeito. Todos estavam em prantos, gritando, chorando. Eu estava sentindo um vazio inexplicável. Eu queria gritar, mas esse vazio não iria se preencher. Nunca.

- Quanto tempo, Gus. - Sara me abraça.

- Oi, Sara. Pois é.

- Ela iria amar saber que esteve aqui. Ela sempre te amou, Gus. Espero que um dia saiba o quanto. - Ela me oferece um copo de água e se afasta. Ouvir aquilo, doeu tanto...Porque de fato, eu sei o quanto ela me amou. Mas infelizmente, só soube isso tarde demais.

- Cara...Seus filhos são tão lindos. Puxou o pai. - Digo batendo nas costas de Matteo.

- Gus!! - Ele me abraça. - Puxou a mãe também. - Ele ri com os lábios. - É foda te rever desta forma. Tivemos tantos desentendimento desnecessários. Tudo por essa mulher incrível. - Matteo bebe um gole d'água.

- É...Eu queria ter falado pra ela, o quanto a amei.

- Ela sabe, cara. Ela sabe. A Bela está grávida novamente, a Mia adoraria saber disso...

- Ela iria adorar mesmo. - Olho para baixo. - Já sabe o sexo?

- Mais uma menininha. E já até sei o nome; Mia-jin.

- Belo nome...Parabéns, Matteo. Você é um pai incrível, já deu pra perceber. Mia estaria orgulhosa. E com certeza deve estar.

- Eu concordo, Gus. - Ele me abraça novamente.

{ ... }
{ CINCO ANOS DEPOIS... }

É, anos se passaram. E a dor continua. Mas aquele vazio, está preenchido! Adotei uma garotinha, que fez os meus dias serem mais felizes. E adivinhem só o nome? Mya. Com Y, pra não ficar tão igual a amiguinha dela, filha de Matteo. Mas a pronúncia é igual. Ela tem quatro anos, é tão esperta, linda, educada.

- Papai!!! - Ela me vê chegando em sua creche, para buscá-la.

- MINHA PRINCESA!! - Pego ela no colo. - Já estava com saudades.

- Eu também. Tenho uma talefa pa faze. - Ela diz.

- Sério? Me mostra. Posso te ajudar, se for difícil! - Beijo ela na testa.

- Na veldade, é uma talefa com você. - Ela desce do meu colo e abre sua mochila.

- Como assim, meu amor? - Pergunto confuso.

- É uma atividade sobe o nosso nome. Temos que expicar o significado dele, ou o puquê eu tenho ele. Aliás, papai, pu que meu nome é Mya?

- Ah...Em casa eu te explico. Vamos.

- Tá bom. - Ela diz entrando no carro. Assim que chegamos em casa, pego ela no colo e vou até a cozinha. - Que tal, panquecas?

- Eu adolalia! - Mya sorri. - Posso chamar a Mia-Jin pa vir em casa?

- Claro. O Matteo, papai dela, está de acordo?

- Sim.

- Então, fica a vontade! - Falo jogando pra cima uma panqueca mas a derrubo no chão.

- Papai bobão! - Mya tira sarro de mim.

- Ei!! - Finjo estar bravo mas não consigo segurar o riso. - Então, meu amorzinho...Seu nome é Mya porque um dia, eu conheci uma menina com esse nome. Ela se chamava Mia May Miller. Ela era a garota dos meus sonhos. Eu a amava.

- Ela é tipo minha mamãe? - Mya pergunta.

- Mamãe? - Dou risada. - Talvez, sim. Ela se chamava Mia. Era o amor da minha vida.

- E pu que você não está com ela, pai?

- Eu a perdi. - Suspiro.

- Por que?

- Porque nem sempre o que queremos, acontece...A minha Mia se foi, mas ela é insuperável...ESPERA!

- O que?

- VOCÊ DISSE "POR QUE" COM A PRONÚNCIA CERTA! COM O R!

- Veldade! Ah...Falei errado de novo.

- Tô muito orgulhoso de você, pequena. - Abraço ela e faço "aviãozinho". Sua risada era a minha terapia. É igualzinha a de Mia...Com I.

{ ... }

Eu só posso dizer a todos vocês; Aproveitem. Vivem. Cada segundo, cada momento. Quando menos esperamos, é tarde demais. Abracem, amem, beijem. A vida parece ser longa, mas quando piscamos, o tempo voou! Valorizem.

E obrigada por lerem "INSUPERÁVEL" até aqui. <3
-----------------

me perdoem por qualquer erro ortográfico.
votem! ★