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Pov Off
Desde que saímos do banheiro, Gun não tinha falado uma palavra. Eu não sabia como agir perto dele, não quando parecia que ele ia desmoronar a qualquer momento. Os olhos estavam inchados e vermelhos, os ombros caídos, os cabelos estavam uma bagunça.
– Você pode parar de me encarar e prestar atenção na estrada? - dei um pulo ao me assustar com sua voz, agora rouca pelo choro.
– Desculpe. Só estou pensando em como começar. - Voltei a atenção pra estrada balançando a cabeça tentando clarear as ideias.
– Começar o que? - Pude sentir seus olhos me encarando e me mantive em silêncio tentando criar um roteiro. - Detetive, apenas fale, ok? Não tem como ficar pior do que já está. - Eu quis rir daquela afirmação.
– Você vai precisar morar comigo por um tempo. Não sabemos quanto tempo ainda, já que não temos nenhuma ideia de quem é esse assassino, mas por enquanto, essa é a única forma de te manter seguro. - Pelo canto do olho pude vê-lo assentir e soltei o ar que nem sabia que estava segurando. - Pode parecer simples, mas não é. Você precisa se lembrar que isso é um programa de proteção, vão haver muitas regras e no meio disso precisamos aprender a conviver.
– Regras? Que regras? - Seu tom de voz se alterou ligeiramente.
– Pra começar, você não pode contar o que está acontecendo pros outros, não pode ficar postando sobre o caso nas redes sociais e não pode sair sem supervisão. - Ele soltou uma risada incrédula, que aos poucos se tornou uma coisa meio estrangulada.
– Espera! Isso parece mais como uma prisão, você não acha? Eu não acredito que isso está acontecendo. Vocês pensaram em me consultar antes? Eu não tenho escolha? - Nesse momento, parei o carro em frente a sua casa e me mantive quieto, olhando pra frente.
Eu não tinha culpa do que estava acontecendo com ele, eu nem sequer gostaria de ter assumido esse papel na vida dele. Podia entender sua revolta, podia entender que parecia irreal que toda sua vida tivesse que mudar de forma drástica, do dia pra noite. Eu nem conseguia entender porquê estava tão penalizado por aquele garoto, apesar das semelhanças... - Escutei a porta do carro bater e apoiei a cabeça no volante.
Não consigo entender o que estava passando pela cabeça da Milk quando ela me passou essa responsabilidade. Eu não queria fazer isso, eu disse mil vezes, gritei isso na cara dela. Porra, eu não consigo nem cuidar de mim! E ainda tem todo esse mistério rondando o caso. Nós não sabemos quem é esse cara, não sabemos porque mataram o irmão dele e nem se eles estavam envolvidos com alguma coisa ilegal. Como que eu vou ficar com esse cara dentro da minha casa? Estou me sentindo um idiota sentimental. Preciso botar minha cabeça no lugar e entender que toda essa merda é só trabalho, em pouco tempo vamos solucionar o caso e tudo vai voltar ao normal. O normal que eu conheço, pelo menos.
Resolvo pegar meu celular e começo a ler as mensagens do grupo com os caras. Então talvez, só talvez, esses idiotas me façam sentir melhor.
Decido deixar aquela conversa pra lá e ver como o garoto está. Talvez seja melhor não deixar ele sozinho por muito tempo, ainda não sabemos quem ele é e mesmo que seja uma boa pessoa, como aparenta, deve estar totalmente confuso com a situação. - Saio do carro e vou em direção a casa. Bato na porta duas vezes e entro vasculhando tudo com os olhos. Tudo muito arrumadinho, poucas coisas pareciam fora do lugar, provavelmente tinha acabado de mexer enquanto arrumava suas coisas.
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Dying for love
FanficApós a morte misteriosa de seu irmão, e sofrer uma ameaça direta, Gun Atthaphan é forçado a mudar toda sua vida e entrar em um programa de proteção. Off Jumpol, detetive de crimes violentos, é designado a investigar os mistérios de um assassinato se...