Capítulo 3

212 24 12
                                        


-------------- ○ --------------


Pov Gun


Quando acordei, pude sentir um cheiro delicioso invadindo o quarto. Estava faminto. Ontem foi um dia difícil e não pude comer quase nada, apenas um lamen roubado do armário do Detetive. Levantei preguiçoso e com uma dor de cabeça terrível, caminhei até a cozinha seguindo o cheiro e parei de repente, meus olhos não podiam acreditar.

Off estava de samba canção de bichinhos e uma regata branca, o cabelo despenteado. Sua atenção estava voltada para cortar cebolinhas enquanto cantarolava uma música que não pude compreender. Quem era esse homem? Não parecia mais o Detetive Off. Toda a seriedade havia sumido de suas afeições, seu rosto quase brilhava descontraído.- Encostei no batente da porta e cruzei os braços no peito enquanto o encarava descaradamente, sem me importar com o que acharia. Eu precisava admitir que era uma bela visão, não tinha como negar que era um homem bonito, ainda mais quando não estava com aquela pose de durão.

– Se eu fosse um ladrão, já teria levado tudo. - Eu disse sorrindo sem sair de onde estava. Ele deu um pequeno salto e pôs a mão sobre o peito, dramático.

– Pelo jeito poderia me matar, também. - Fingiu mal humor enquanto fazia uma cena arfando.

– Se eu fizesse isso, quem seria meu salvador? - Andei em direção ao fogão observando o que tinha nas panelas. - Detetive, eu queria me desculpar por ontem. - disse, ainda sem olhar pra ele. Apenas não tinha coragem de encará-lo naquela situação.

– Você pode não me chamar de Detetive? Nós vamos morar juntos por um tempo, isso é constrangedor o suficiente. - Me virei curioso e pude vê-lo apoiado na bancada enquanto encarava as cebolinhas parcialmente picadas. - Eu queria me desculpar também. É óbvio que não podia esperar que você entendesse tudo logo de cara, eu só... Fiquei nervoso. Já passei por muita coisa, graças a minha profissão, mas preciso que entenda que isso também é novo pra mim. - Ele falou com pressa, como se fosse muito complicado botar aquilo pra fora. Eu apenas esperei em silêncio. - Eu não quero que você vá embora, tudo bem? Vamos apenas dar um jeito de fazer isso funcionar. - Ele me olhou de canto esperando uma resposta.

– Tudo bem, vamos dar um jeito. - Meu coração batia feito louco. Era uma sensação estranha. Tudo nesse homem era estranho.

Ontem ele estava xingando e gritando coisas na minha cara, dizendo pra eu ir embora se não pudesse cumprir com suas exigências e agora... Agora ele está com uma samba canção de bichinhos, se mostrando nervoso e envergonhado, enquanto me pede pra ficar e corta cebolinhas. Que porra está acontecendo aqui?

Sem conseguir dizer mais nada, fui para o banheiro me lavar e tentar me recompor. Meu corpo todo parecia estar pulsando. Precisava me concentrar em quem descobrir quem é esse homem, mas antes tinha que convencer meu corpo de que não estávamos atraídos por ele.

– Ei Gun? - Ele chamou e eu virei para olhar. Agora ele sorria abertamente pra mim. - Eu te comprei remédios. - Ele apontou com a ponta da faca pra cabeça. - Imaginei que fosse acordar com dor. - Ele deu de ombros e eu só pude assentir. Virei de costas e fui o mais rápido possível pro banheiro. Estava chocado. Vou enlouquecer morando aqui.

Sabia que isso não ia dar certo.

Quando saí do banheiro o Detetive estava pondo a mesa, minhas mãos suavam sem parar. Nós precisávamos nos dar bem, eu precisava me manter calmo e me acostumar com sua presença. Ele não parecia estar incomodado com a minha presença como ontem, pelo contrário, ele estava totalmente relaxado e parecia até feliz. Talvez fosse isso que me deixasse tão nervoso, se ele estivesse todo sério e fechado, então eu não sentiria que estava prestes a infartar. - Sentei a mesa ao mesmo tempo que ele.

Dying for loveOnde histórias criam vida. Descubra agora