Eda
Chego em casa preocupada, recebi uma mensagem no mínimo estranha do Serkan . Ele disse que precisa muito conversar comigo. Liguei para ele, e embora tenha brincado e feito suas piadas infames, pude sentir que algo o incomoda, e não é uma coisa fácil de dizer. Penso que deve ser novamente sobre o assunto casamento.
Jogo-me no sofá e analiso minha situação. Não sou só eu; há uma vida bem aqui dentro de mim que devo levar em conta ainda mais do que a minha própria. E talvez, Serkan esteja certo. Talvez, eu esteja sendo paranoica em negar ao menos tentar ter uma família com ele. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar; Serkan não é o Cenk. E eu o amo. Não há razão para vivermos separados.
Sorrio como uma boba e coloco em minha mala apenas as coisas mais necessárias: umas roupas de trabalho, sapatos, alguns livros e claro, as quinze fantasias. Só experimentamos uma, há mais quatorze que precisam de atenção. Com esse pensamento saio feliz e quase saltitante do meu pobre apartamento em direção à mansão de Serkan . Farei uma surpresa para ele essa noite. Provarei para ele que o escolhi; independente do que aconteça, quero ficar com ele. Espero por um taxi quando alguém segura meu braço, no mesmo instante, uma voz diz:
-Não precisa gritar, sou eu. -então começo a gritar ao ouvir a voz de Cenk. -Eda!
Paro de gritar quando ele tenta tapar minha boca. Ok! Quero essas mãos pequenas longe de qualquer parte do meu corpo.
-O que é que você quer? Já vou avisando que ainda estou na fase do vômito. -ele automaticamente dá um passo para trás.
-Eu só queria te contar uma coisa, sobre o seu precioso Bolat .
Antes que eu possa sequer perguntar o que é, duas mãos enormes seguram Cenk que arregala os olhos.
-Eu falei pra você não se aproximar dela!
Cenk me olha suplicando, mas estou ocupada, me envergonhando por ter chutado as bolas do homem que agora está ali me defendendo.
-Olá Montanha.
-Olá, senhorita Yildiz .
-Me desculpa por ontem. -ele abre um sorriso.
-Não se preocupe, o senhor Montez me avisou que a senhorita era assustadora.
-Ei! Eu não sou assustadora! Só estava me defendendo! -ele sorri mais ainda e pergunta:
-O que eu faço com o elemento?
-Ah, sei lá, faça o que sentir vontade.
Cenk arregala os olhos e começa a gritar meu nome e o de Serkan , mas o taxi aparece e nem o escuto mais. Até o momento em que ele grita:
-Ele tem uma noiva! Serkan Bolat tem uma noiva. -paro na porta do carro e olho para ele com um sorriso.
-Claro que tem. Conta outra. -digo mostrando a enorme aliança no meu dedo. Então entro no carro.
A casa de Serkan é ainda maior do que eu me lembrava. Tiro nervosa da bolsa a chave que ele me deu. Ainda não acredito que estou mesmo fazendo isso, indo morar com ele. Estou louca, só pode. Tudo culpa dele e do efeito que ele causa em mim.
Olho os móveis chiques, a casa enorme e tão bonita e penso que minha mãe ficaria no céu se conhecesse essa casa, ela me parabenizaria o resto da vida por ter engravidado do Serkan . Como se eu tivesse feito um excelente investimento. Nunca entenderia que eu não queria de jeito nenhum estar grávida. Que não tenho como cuidar de uma criança. Que não quero ser uma mãe como ela. Pensar nisso me faz lembrar que devo contar a ela sobre a gravidez.