Eda
A polícia não demora a chegar. Estou sentada, tranquilamente com as pernas para cima, acariciando a barriga. Já sinto uma diferença quando a toco, dá para sentir que há algo dentro de mim. Isso é o máximo!
A mocoronga está sentada na poltrona e não tira os olhos de mim. Tive uma crise de riso no momento em que ela tirou o pano do nariz, acho que teve muita sorte por não ter quebrado, mas ficou uma bola, que até combinou com ela. Ela deveria me agradecer afinal de contas.
Agora ela está ao telefone se desculpando e fazendo todo um drama porque não vai poder desfilar. E estou olhando bem para a cara dela e rindo. O sorriso não quer sumir do meu rosto. Sei que a estou irritando mais, mas fazer o que se estou feliz? Quando ela desliga o telefone olha para mim e diz:
-Você vai ser presa, sua louca! E internada.
-Reza para eu ser mesmo, porque agora só fiz uma bola no seu nariz. Mas, se eu não for presa, vou atrás de você e quebro seu nariz enorme em mil pedacinhos.
Ela tampa o nariz imediatamente e sua expressão de espanto me faz rir ainda mais.
-Serkan ! -choraminga.
É aí que a campainha toca. Permaneço onde estou enquanto Serkan abre a porta. Dois policiais aparecem, e um deles abre um enorme sorriso para Serkan .
-O que foi que a sua noiva louca fez agora?
Percebo que é o mesmo policial que segurou o Serkan no dia do cassetete.
-Ei! A noiva dele está bem aqui! -ele sorri ao olhar para mim.
-Foi mal.
Mas noto que coloca uma mão no cassetete e a outra na arma. Idiota! Eu nem pretendia pegar nada dele. Vernee se levanta e começa a contar aos prantos que tentei matá-la. Mas a voz dela já é esganiçada, chorando então. Rapidamente ele tapa os ouvidos e pede que ela se cale. Então se aproxima de mim, senta-se na mesinha de centro e diz:
-Quer me explicar como tentou matá-la?
-Não tentei. Seria uma tentativa de homicídio se eu tivesse enfiado a faca no peito dela cem vezes seguidas, como pensei em fazer. Ou se eu tivesse atirado o secador de cabelo ligado quando ela estivesse na banheira, também pensei em fazer isso. Você sabe, como nos filmes? -sei que ele está segurando o riso quando concorda.
-E o que foi que você fez?
-Nada demais. Apenas atirei um socador de alho no nariz dela.
-No nariz?! -ele diz admirado.
-Ah sim, minha pontaria é muito boa.
-Estou vendo. E por que você fez isso?
Aí eu me sento. Cruzo as pernas e olho bem para ele.
-Imagine o senhor, que essa mocoronga descolorida apareceu aqui querendo roubar o meu noivo. E eu tenho um filho desse pervertido na barriga. Não posso permitir que uma qualquer apareça aqui e ache que tem o direito de se instalar nessa casa. Ele era um tremendo de um pervertido. Imagina se todas as mulheres que ele já comeu resolvem fazer isso? Isso aqui vai virar um hospício.O policial dá uma risada, mas se controla e continua me encarando.
-Bom, o fato é que ela inventou um noivado para fazer o pai investir na empresa do meu noivo e claro, depositar uma grana alta todo mês na conta dela. E agora ela precisa confirmar essa farsa. Ela queria armar um casamento falso. Isso não é falsidade ideológica?
Observo Vernee arregalar os olhos e ficar ainda mais branca.
-Sim, pode ser caraterizado assim. Se ela tivesse realmente assinado algum documento.