Capítulo 19

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Eda

Desço no aeroporto Santos Dumont e solto um palavrão. Eu nem sei em que hotel ficaremos não fiz nenhuma reserva. Eu como secretária, deveria ter cuidado disso, mas estava tão preocupada com as coisas relacionadas aos negócios, que não pensei nisso. Como ele não me deu nenhuma ordem em relação à reserva de um hotel, penso que ele deve ter pedido à Maura para reservar. Eu só quero tomar um banho e dormir até o dia seguinte quando terei que aguentar esse nojento o dia todo.

Vou andando para o lado das bolsas e espero minha mala passar. Ouço um risinho conhecido atrás de mim e nem preciso olhar para saber que Serkan e a loira estão logo atrás. Será que ele a levará para o quarto dele no hotel também? Merda!

A minha mala vem e, quando ameaço pegá-la, Serkan estica a mão e a pega para mim. Ele a estende para mim e eu só consigo sentir nojo por ele ter tocado minha mala com essa mão. Faço uma careta e me afasto. Ele percebe minha reação e fica rindo enquanto pega a sua bagagem na esteira e se despede da loira. Vou andando para um lado qualquer para dar-lhes privacidade, mas ele me chama:

-Eda, espere bem aí ou pegarei sua mão para te levar para o lugar certo.

Faço uma careta e paro onde estou. Permaneço ali parada por quinze minutos; achei que o pervertido estava se despedindo da loira com uns bons beijos enquanto a tonta aqui espera, mas quando me viro ele está é tentando se desvencilhar dela. A loira está com os braços em volta do pescoço dele, este tira os braços dela com um sorriso sem graça, e ela volta a colocá-los. Ele me olha como que pedindo socorro, e eu tenho que rir da cena dele. Bem feito! Ele me lança um olhar ameaçador, mas eu dou de ombros e vou até uma banca ver as revistas.

Uns trinta minutos depois, Serkan me puxa pelo braço.

-Ei, tira essa mão imunda de mim. -percebo que ele está impaciente.

-Então me siga. Imagino que você não tenha reservado nenhum hotel.

Sinto-me corar! Eu não gosto de ser incompetente, mas foi uma falha não ter verificado esse detalhe com a Maura.

-Não, eu achei que a Maura teria reservado o hotel.

-Eu liguei para ela, mas ela achou que você faria isso, já que você viajaria comigo.

-Bom, a culpa é sua por não esclarecer as coisas.

Ele me lança um olhar irritado. E eu tenho um choque por aqueles olhos ficarem tanto tempo olhando meu rosto. Recomponho-me no instante em que ele desvia o olhar e volta a andar.

-Tanto faz, nós podemos ficar num hotel da U.C.A. Eu sempre fico no Quatro Estações. Sou um dos donos, então não preciso de reserva. Eles é que têm que reservar um quarto para mim!

E eles têm. Somente um quarto. Está havendo uma convenção de alguma coisa na cidade e eles só conseguem um quarto, na cobertura, que é reservado aos donos e nunca é alugado.

Serkan manda que eu o siga, e começo a temer onde eu ficarei. Será que ele me mandará para outro hotel e eu terei que fazer o percurso até ele toda manhã? Tomara que não seja um hotel muito longe e que eu possa vir até ele a pé.

Subimos de elevador até o vigésimo terceiro andar. Assim que entramos, me afasto dele o máximo possível, mas só há nós dois no elevador. Então observo quando ele enfia a mão no bolso da calça e fica tocando minha calcinha. Aí a raiva me domina, não consigo controlá-la. Para piorar, ele começa a falar.

-Não sei por que está tão longe de mim. Não tenho nenhuma doença contagiosa.

-Como posso ter certeza, se você trepa com qualquer uma que conhece? -ele me olha surpreso.

-Não me lembro de ter trepado com ninguém na sua presença.

-E o que foi aquela cena ridícula com aquela loira piranha no avião? -ele abre um enorme sorriso.

-Isso te incomodou?

-Claro! Tive que ficar escutando os gemidos e os gritos daquelazinha! Você podia ao menos ter me respeitado.

-Não desrespeitei você hora nenhuma.

Eu estou uma pilha de nervos, mas ele fala tranquilo, com minha calcinha na mão e um sorriso idiota no rosto.

-Eu estava ao seu lado! Você podia ter levado em consideração que havia uma pessoa a mais ali que foi obrigada a presenciar seu ato de perversão.

Ele dá uma gargalhada, e eu devo frear minha língua, mas não, tenho que continuar:

-Você não tem vergonha de tocar as partes íntimas de uma mulher que você nunca viu na vida? E se ela tiver uma doença? -ele começa a falar alguma coisa, mas eu avanço e puxo a calcinha de sua mão, o que o deixa ainda mais surpreso.

-Me devolve isso, Yildiz .

-Não. Para começar essa calcinha é minha. E você deveria ter vergonha de enfiar a mão na calcinha de outra enquanto está com a minha calcinha no bolso!

-Então esse é seu problema. Você queria que eu enfiasse a mão na sua calcinha. Eu pretendia fazer isso, mas você logo cortou conversa. -sinto-me corar ainda mais.

-Não seja ridículo. Você teria que me matar antes de enfiar a mão na minha calcinha.

-Sabe qual o seu problema Yildiz ? Você está incomodada porque ela gozou. Esse é seu problema. Você viu uma mulher gozar facilmente ao seu lado com um estranho, mas você nunca gozou com seu noivo. Esse é o mal de uma mulher mal comida, invejar os orgasmos das outras.

Nesse momento o elevador para no décimo oitavo andar e as portas se abrem. Olho rapidamente e não há ninguém ali. Quem chamou o elevador já deve ter pegado outro. Então me concentro em Serkan e no absurdo que ele está falando sobre mim.

-Se eu gozei ou deixei de gozar não é da sua conta! E eu não invejo uma piranha que abre as pernas para um desconhecido num avião! Como ela poderia saber onde você tinha enfiado essa mão antes de colocar nela? Além do mais, eu tenho coisas mais importantes com o que me preocupar. Eu não vivo em função de sexo e você não tem nada a ver com meus orgasmos.

Ouço um som como se alguém tivesse se assustado e olho para ver um japonês que está entrando no elevador com uma criança. Ele está com a mão no ouvido do filho, que ri, e me olha com uma carranca.

-Me desculpa. -falo. Ele vira de costas para mim e prende o filho ao corpo dele, não o deixando em meu campo de visão.

Oh Senhor, eu tinha acabado de olhar para fora e não tinha ninguém. De onde surgiu esse ser?

Nem preciso olhar, pois posso ouvir Serkan rindo.


Eda mulher tá bom você se benzer pra acabar essa maré de azar 😂😑

Estúpido Desejo (Adaptação edser)Onde histórias criam vida. Descubra agora