Capítulo 5 - "closure"

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Chalé 10, 09:40
-Carta para a senhora Dorothea Lakes!
E foi assim que eu acordei, com a voz do carteiro em frente à minha porta. De pijama mesmo, recebi a correspondência gentilmente. Sentei em minha mesinha de cabeceira e abri: eram várias cartas.
Fui ver quem tinha enviado.
Não acreditei...
eram do Evan.
Quando eu vi seu nome escrito por suas próprias mãos, já senti um pânico dentro de mim (mesmo já morando em Coney Island há dois meses).

"Minha cara Dorothea,
Como você está? Recebeu a carta? Sinto sua falta todos os dias..."

Bem, mas duvido que esteja sentindo - pensei

"...que tal resolvermos isso de uma vez? Sei que você me ama, Dorothea! Assuma isso! Mas, se tiver outro alguém, estou terminando com você imediatamente! Enfim, por favor, fique comigo! Eu imploro! Não consigo viver sem você. Nosso lar fica vazio sem você ao meu lado, lendo os mil e um livros antigos.
Espero que tenha lido isso com carinho, meu amor!
Até breve,
Evan."

Ele definitivamente não sabe expressar sentimentos, o que me deixou chorando por meia hora. Referiu os meus sentimentos como "isso". "Isso".
Resolvi pegar minha caneta, um papel, e escrever uma boa resposta. Eu estava com sede do seu entendimento.

"Evan,
Não nos vemos há dois meses, mas, ver a forma do seu nome escrito em papel ainda soletra dor. Nada disso foi justo ou correto, e quero que você saiba bem disso. Por favor, não me trate como uma situação que precisa ser resolvida! Você me feriu, e me deixe aqui com meu rancor. Aposto que esse assunto de sentir minha falta é pura mentira; sempre fui intrometida nessa sua nova vida, com seus amigos que viram a noite em festas e bares. Tudo o que vivemos é falso. Você deveria sentir culpa!
Eu já sei que acabou, então não preciso do seu encerramento.
PS: Sim, estou muito bem e recebi a carta.
Dorothea"

Cada palavra que escrevi me sufocava. Eu estava sendo sincera, porém, sincera demais. A culpa ficava me consumindo sem parar, mas, resolvi mandar. Não podia voltar pra uma pessoa que me fez mal, não mesmo.
Ouvi a porta bater. Quando abri, vi Willow segurando um bolo caseiro de chocolate.
- Bom dia Dorothea! - ele falou alegremente
- Bom dia Willow! Só você pra me animar um pouco... - falei, limpando as lágrimas em meu rosto
- O que houve?
- Amor, Willow. Problemas com amor.
- Disso eu entendo bem! Já fui casado, mas durou pouquíssimo tempo. Gostaria de falar pra mim o que houve?
E desabafei tudo de uma vez, deixando Willow muito pensativo.
- Acho que você fez o certo. - ele concluiu
- Mesmo?
- Com certeza! Não adianta mentir pra ficar presa a um ciclo vicioso ruim. Tem que sempre falar a verdade. Estou muito orgulhoso, seguiu seu coração bravamente!
Quando ele terminou a frase, comecei a rir
- O que foi? - ele perguntou, quase rindo também
- Estou rindo porquê você tava muito concentrado em um problema meu! Tipo, mesmo! Ninguém nunca ficou tão concentrado em uma questão minha...
Ele sorriu pra mim.
- Ei, por que não caminhamos pela floresta? - perguntou
Eu somente concordei com a cabeça e fui com ele.

Clear Woods, 11:30

O sol estava brilhando entre as folhas das árvores, então poucos raios solares acabam refletindo em nossos rostos.
Caminhamos até achar um grande lago, e, nos sentamos em sua beira:
- Willow - chamei
- Sim? - ele falou, olhando pra mim
- Como era seu casamento?
Ele olhou pro horizonte
-Foram ótimos tempos! Até o primeiro semestre, era como um sonho. Tudo era impecavelmente perfeito. Eu a amava tanto...porém, descobri no sétimo mês que ela me traiu.
- Sinto muito!
- Tudo bem! Eu lido bem com essas coisas, mas fiquei muito abalado na época, entende?
- Entendo!
Depois disso, ele olhou sorrindo para mim.
O vento bateu em meu cabelo, fazendo ele esvoaçar por todo o meu rosto. Willow, delicadamente, estendeu a mão e colocou uns fios de meu cabelo escuro atrás de minha orelha.
Fiquei encarando ele, e ele retribuía o olhar.
Aquele momento foi bem estranho, mas não queria que ele acabasse.
Não mesmo.

evermore - "sempre"Onde histórias criam vida. Descubra agora