Capítulo 2 - "champagne problems"

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Cornelia Street, casa 22, 22:00h

Já era um pouco tarde. Evan resolveu abrir o champanhe que comprou. Encheu sua taça.
Resolvi beber também. Peguei uma taça e a enchi.
Ele segurou minha mão, ligou o rádio, e começou a dançar comigo. Cedi por um tempo, mas minha mente mandou soltar minha mão da sua. Ele me encarou, estranhado:
-Por que soltou minha mão?
Ele deu um gole em sua taça
-Me desculpa, Evan...eu só...
Há um silêncio
-Não me ama mais? - ele perguntou
-Ah, por favor! Pare de ser infantil! - rebati
-Não, não estou sendo infantil! Você nunca quis se aproximar de mim! Nunca quis fazer nada que eu gosto!
-E desde quando você respeitou o que eu gosto de fazer?! Sempre te acompanhei pra onde quer que você ia, porquê eu te amo! - falei, bebendo mais um gole da minha taça
-Não é o que parece! Você está se vitimizando.
-A última coisa que eu sou é vítima, pare com isso! Sempre fiz e faço de tudo pra deixar você feliz. Sempre. Me doo e sempre me doei todos os dias por você! Já cancelei compromissos meus pra assistir seus campeonatos de basquete, faltei meu trabalho pelo fato de você estar com enxaqueca. O que eu fiz pra não te respeitar?
Ele fica calado
-Pelo visto, não há motivos. - finalizei
-Pelo visto, você é uma alcoólatra. - ele rebateu
-Então vá e encontre seus amigos no bar que você frequenta todas as noites, o único tempo que tem pra ficar comigo! Me deixe aqui com meus problemas de champanhe.
Ele joga o que restou de sua taça em mim e vai embora. Após a porta fechar, caio no chão, derrubando e partindo em treze pedaços a taça que eu segurava.
Eu chorava e soluçava. Alguns pedaços de vidro acabaram cortando minhas mãos, fazendo-as sangrar. Porém, tudo sangrava, principalmente meu suposto amor por Evan. Minha mente pulsava, eu não conseguia parar.

-

Middle Street Bar, 23:00h

Evan ria alto com seus amigos, e a cada risada, bebia mais bebida alcoólica.
-E Dorothea? - Jason, um de seus amigos, perguntou
-Ela está ridícula com esses assuntos! Fica falando que eu faço isso e aquilo, mas ela não passa de uma pessoa bipolar. Cada vez que fala, toma mais champanhe. - ele respondeu
Evan tira sua aliança de compromisso e coloca no balcão.
Ele chama a balconista:
-Moça, por quanto você compraria essa aliança aqui?
Ela parou pra pensar
-Depende do preço que me oferece - ela respondeu
Ele pensa um pouco:
-Quer saber?! Toma de graça logo!
Ela pega o dourado anel com felicidade e o agradece.
-Por que fez isso? - Jason perguntou
-Não devo nada à pessoas desprezíveis. - respondeu
Evan estava muito alcoolizado, e não parava de ingerir cada vez mais a bebida.

-

Cornelia street, casa 22, meia noite

Resolvi fazer um curativo em minhas mãos. Não ia resolver muita coisa, mas amenizaria a dor. O tempo passava e Evan não retornava. Cheguei a me angustiar e a me preocupar, mas no final, me sentia vazia. Um anel determinava que eu não estava só, mas parecia que esse anel me prendia à uma realidade diferente. Minha mente pensava em mil e uma coisas. Porém, tinha algo muito tentador: fugir. Rapidamente, peguei um papel e uma caneta. Escrevi uma pequena carta e deixei-a sobre a mesa de jantar. Em cima da carta, eu estava pronta para colocar minha aliança. Fiquei com um pé atrás, então resolvi levá-la comigo, porém não em meu dedo. Escolhi um dos vinhos que eu e Evan amávamos para levar embora.
Peguei uma bolsa e coloquei tudo o que era mais precioso pra mim (inclusive o vinho e a aliança), algumas economias e fugi. Não sabia ainda pra onde eu ia fugir, mas eu ia descobrir no caminho...

evermore - "sempre"Onde histórias criam vida. Descubra agora