Capítulo 7 - "willow"

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Para ser sincera, me senti estranha. Mais estranha? Impossível.
Dias haviam se passado após aquele acontecimento, e eu fiquei parada. Sem responder à sua declaração.

Clear Woods, 02:30h
(algumas horas depois de Willow ir embora)

E lá estava eu, à beira do lago. Com um bloquinho de anotações em uma mão e uma caneta na outra.
Eu estava há duas horas tentando escrever uma carta à ele, mas não conseguia. Eu sempre parava no "Querido Willow" e não sabia mais o que fazer.
Estava com bloqueio criativo, então resolvi cochilar lá mesmo.

"Me deparei com um barulho esquisito, e não era bem um chiado. Parecia com som de brilho, se isso tivesse um som.
Procurei a origem do barulho, até que olhei para meus pés e vi uma linha dourada, que trilhava pela floresta.
Olhei atentamente e comecei à seguir essa linha, que brilhava no meio do escuro.
Cheguei ao fim do trajeto, quando ergui minha cabeça...lá estava ele, Willow. Com uma mão erguida em minha direção.
O encarei. Eu ia perguntar a ele o que ele fazia aqui, mas quando tentei, falei:
-Esse é meu homem!"

Acordei assustada.

05:00h

Seguindo o mesmo trajeto do meu sonho, procurei pela linha dourada e brilhante, mas nada encontrei.
Fiquei angustiada, não sabia o que fazer.
"O que isso tudo quer dizer?" - eu me perguntava.
Minha cabeça girava, e me senti estúpida por ter ido atrás dessa famosa linha.
Não sei o porquê, mas eu queria muito descobrir o que esses sonhos significavam.

Chalé 10, 22:30h

"Ao abrir meus olhos, percebi que eu estava embaixo de um grande salgueiro.
Fiquei admirando cada detalhe dele, até que vi o vento bater em algumas de suas folhas.
Três das folhas se soltaram do caule do alto salgueiro e seguiram a brisa pelo meu lado oposto. Quando virei para acompanhá-la, vi a linha dourada erguida sobre o chão, novamente. Comemorei alegremente por ter a encontrado, e comecei à segui-la.
Passei por um longo e bonito caminho, até que cheguei ao fim, e lá estava ele. Willow estava em pé, alegre por me ver.
Ergui minha mão para segurar a sua.
-Você voltou! - ele falou
-Mais forte que a moda dos anos noventa! - falei
Ele riu, me abraçando.
Abraçando-o, tentei perguntar sobre o significado de tudo isso, mas só falei:
-Esse é meu homem!"
Acordei em um pulo.

16:30h (do dia seguinte)

Eu já estava irritada, ficava me perguntando mil vezes o que isso queria dizer!
Ouvi uma batida na porta, era Inez. Ela segurava uma cesta com um saco de grãos de café, coador, xícaras e biscoitos.
-Que bom que você veio, Inez! - exclamei
-Trouxe umas coisinhas pra um café da tarde, e acho que cheguei em uma hora ótima. - ela disse
-Com toda a certeza! - falei, indicando para que se sentasse no sofá
-Então...o que houve? - ela perguntou, começando a coar o café para nós duas
-Sério, muita coisa! Tive alguns sonhos estranhos, queria sua ajuda para desvendar...
-Caramba! Tudo certo, claro que eu ajudo, conta tudo!
Falei cada detalhe, Inez ouvia cada detalhe, maravilhada com os sonhos. Ao terminar, ela levou as mãos à boca, sorrindo:
-Bem, isso significa algo... - falou
-O que você acha que é?
-Que você gosta dele.
Fiquei encarando o carpete, sem acreditar:
-C-como você chegou à isso tão rápido? - perguntei, gaguejando
-Simples, Dorothea! A linha dourado-brilhante significa o fato de você sempre ir ao encontro dele, onde quer que ele vá. É algo profundo, parece meio dramático, eu sei. E eu não sei como você não entendeu, porque no final de cada sonho, você falava "esse é o meu homem!".
Fiquei boquiaberta:
-Inez, isso faz o completo sentido! O que eu faço agora?
-Vá! Diga pra ele o que sente, rápido!
-Mas eu dei o maior fora nele!
-Vai logo, Dorothea! Coragem!
-Eu vou!
Saí correndo até a porta. Ao abrir a porta, no lado de fora, gritei:
-Obrigada Inez!
Ela sorriu, fazendo o sinal de "tchau" com a mão direita. Inez era uma pessoa muito sincera e direta, o que me deixava surpresa.

Chalé do Willow, 17:11h

Cheguei na frente do chalé do Willow. Abri a pequena cerca cuidadosamente, e andei até a porta da frente.
Engoli a saliva, respirei fundo e bati na porta.
Willow abriu, surpreso:
-Dorothea? Posso ajudar você?
-Willow...- respirei fundo, me preparando para falar - eu...eu te amo!
Ele arregalou os olhos
-Mas...- ele começou a frase
-Eu te amo desde quando você me viu em sua floricultura, e falou: "Olá Rebekah! Vejo que trouxe uma turista hoje...", desde que me perguntou minha cor favorita. E, depois que eu respondi, falou que já sabia o que fazer e fez o arranjo mais lindo e delicado que eu já vi! Eu te amo desde que eu tentei te dar dez dólares, e você falou que era por conta da casa! Eu te amo desde que você me perguntou como eu estava naquele restaurante, e...
Willow me interrompeu com um beijo.
-Eu te amo, Dorothea! - Willow falou, segurando minhas mãos e beijando minha testa

Clear Woods, 17:50h

Eu e Willow resolvemos nos sentar à beira do lago, nosso lugar favorito. Minha cabeça encostava em seu ombro esquerdo. As pequenas ondas do grande lago batiam em nossos pés. Nunca me senti tão confortável em toda a minha vida!
-Eu fico feliz que você superou esse medo, Dorothea. Você é forte! Isso é o que mais me admira em você. - ele comentou
Sorri, olhando nosso reflexo pela beira do lago. Willow era especial. Com ele, me esquecia de cada problema, qualquer coisa vinculada ao passado com Evan...tudo! Minha mente só queria amá-lo, e dessa vez eu tinha certeza disso.
-Eu nunca tive tanta certeza em três palavras, Willow.

evermore - "sempre"Onde histórias criam vida. Descubra agora