𝙄𝙑

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Início da Era Taishō

Ela fez promessas a si mesma naquele dia.

Mikazuki cortaria o pescoço do lua superior que havia a infectado com suas memórias, mesmo que ela tivesse que entregar os últimos batimentos de seu coração para isso.

Ela limpou o sangue pela casa inteira, coletando vários pedaços da carne de Hideki espalhados pelos cômodos. Seu estômago dava voltas e voltas.

Aquele maldito oni não devorou um dedo se quer, ele fez isso apenas por crueldade.

Isso a deixou impossivelmente mais furiosa.

A garota terminou a limpeza, que começou no início da madrugada, pelo amanhecer. Quando levou os restos mortais de seu treinador para fora e com lágrimas escorrendo por seu rosto assustadoramente inexpressivo, o enterrou ao lado da casa, marcando o lugar com uma grande pedra que continha a pintura de uma folha de árvore.

Ela pintou aquela folha naquela rocha quando ainda tinha a estatura dos joelhos de seu mestre. E por algum motivo, ele sempre guardou.

Ela passou o amanhecer imóvel, ajoelhada em frente à seu túmulo.

— é uma garotinha tão especial...

Lágrimas escorriam por seu rosto e eram derramadas na terra enquanto ela continuava se lembrando das palavras do homem.

Parecia que ele sabia que estava prestes á morrer.

E então chegou a hora em que regularmente ela começava a preparar seu café da manhã.

Ela se levantou e caminhou até a cozinha da casa, começando a preparar sua refeição ainda com uma feição totalmente fria em seu rosto e banhada em sangue seco.

— Eu vou te mostrar mais, Hideki-sama.. — Ela sussurrou para o nada.

Aquela casa que já foi como um lar, não parecia nada além de uma cena de crime agora.

A visão do sangue espalhado pelo chão não sumia mesmo quando o sangue já não estava mais lá.

E ela permanecia agindo como se sua alma tivesse sido arrancada violentamente de seu corpo.

Talvez isso tenha realmente acontecido.

Tudo que ela tinha foi arrancado de suas mãos novamente, na noite da véspera de seu 13° aniversário.

Ela havia prometido à si mesma que manteria tudo como seu treinador deixou antes de partir.

Acordar cedo, preparar o mesmo café da manhã de sempre, treinar do fim da manhã até o escurecer, no final do dia descer até a floresta e buscar os condimentos de que precisa, todos os dias.

Dar tudo de si.

Ela dominaria a concentração total constante em breve e já praticava a respiração de cura que Kanji havia lhe ensinado à pouco tempo.

Depois daquele dia, ela prestava respeito á ele todos os dias. Colecionava as folhas mais bonitas que encontrasse na floresta e as depositava em cima de seu túmulo pela manhã. Por algum motivo, nenhuma delas nunca foi levada pelo vento. Não importa quanto tempo se passasse, elas persistiam ali, em cima de sua cova.

𝐓𝐒𝐔𝐊𝐈 𝐍𝐎 𝐂𝐇𝐈 - Demon Slayer: Kimetsu No Yaiba OCOnde histórias criam vida. Descubra agora