Prólogo

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Catra estava sentada na tampa da privada, dentro de uma das cabines do banheiro escolar. Podia sentir sua garganta se fechar com toda ansiedade corroendo cada célula do seu corpo.

O rosto molhado de tanto chorar já secava. Tinha decidido internamente que não iria mais ceder a ansiedade e que guardaria o restante das lágrimas assim que o teste mostrasse o resultado.

ㅡ Por favor... ㅡ suplicou baixinho, vendo o teste em mãos. E quando apareceu as duas listras vermelhas na pequena tira, após os cinco minutos mais angustiantes de sua vida, emergiu em outra crise de choro.

Chorou tanto que se sufocou nas próprias lágrimas, descendo gota pós gota sem intervalos entre elas. As pernas se molharam, as bochechas e as mãos também. Continuou segurando o teste e não levantou pelos próximos dois minutos. Uma parte minúscula dentro de si questionou se tinha sido vista entrando desesperada até o banheiro ao ignorar a primeira aula da manhã.

Tinha tido sua primeira urina do dia, antes mesmo de fazer o teste e evitou usar o banheiro da farmácia mais próxima por puro desconforto ㅡ a forma que a farmacêutica lhe encarou ao entregar a sacola com a caixinha, fora no mínimo desagradável. Teve vontade de enfiar suas unhas grandes nos olhos daquela mulher, mas as emoções depressivas foram mais fortes e engataram em sua garganta, lhe impedindo de reagir.

Nada disso era bom. Leu em algum site que a primeira urina matinal era a melhor para testes de gravidez por conter maior concentração de algum hormônio específico. Mas não dava para fazer o teste em casa, não queria arriscar ser vista de qualquer maneira com aquilo por sua tia. Sabe Deus como Shadow Weaver reagiria numa situação daquela.

Catra se sentiu absurdamente sozinha, largada e enfiada numa pilha de problemas. Céus, estava grávida! O que faria agora? Não queria aquela criança. 


O que faria com um bebê? Ainda nem tinha terminado o ensino médio e seus planos de faculdade, emprego e seja lá o que fosse tinham sido jogados no lixo. Não podia ter aquela coisa. E não iria.

ㅡ Catra, tá tudo bem? ㅡ ouviu a voz de Adora do lado de fora da cabine. A porta havia acabado de fechar.

Catherine engoliu em seco, decidindo se contava ou não.

Também era sobre Adora, não só sobre Catra. Ainda assim, pensou friamente em jogar o teste no lixo e nunca tocar no assunto com ela ou com qualquer outra pessoa. Podia fazer o aborto e agir normalmente, ou melhor, podia nunca mais trocar uma palavra com a loira.

Eram duas adolescentes. Não sabiam porra nenhuma sobre a vida e tinham planos, como a maioria das pessoas. Só que a vida planejada de Adora, a senhorita perfeitinha, seria mudada totalmente caso contasse o resultado da conexão instantânea delas.

Foda-se, a vida de Catra também já estava fadada a um final trágico, não era e nem seria justo sofrer sozinha. Ela não havia engravidado com o dedo. Adora ia ter que enfrentar a verdade. E foi aquele impulso que a fez abrir com tudo a porta da cabine e apertar mais o teste de gravidez.

Adora estava em pé de frente para as cabines, com os cabelos longos amarrados em um rabo de cavalo que deixava a parte da frente de sua cabeça parecendo um topete com alguns fiapos soltos. Em outra situação, Catra faria alguma piadinha sobre o penteado da garota, mas naquela não conseguia nem abrir a boca para falar.

ㅡ O que aconteceu? Eu vi você correndo pra cá com cara de choro. Fiquei preocupada, tá tudo bem? ㅡ Quebrou mais o espaço entre elas e colocou suas mãos contra os ombros de Catra. O tom doce e baixo da loira fora o suficiente para fazer a morena se desmanchar em outra crise de choro.

Não estava nada bem. Tudo estava péssimo.

Imediatamente a menor entre ambas encostou sua testa no peito de Adora, permitindo-se ser abraçada. Odiava toque físico, odiava ficar tão vulnerável e sentimental, entretanto tentou não ligar muito para isso.

ㅡ Adora... ㅡ sussurrou baixinho, ainda segurando o teste com a mão direita. Então, sem levantar a cabeça, apenas ergueu o braço e sentiu Adora pegar o utensílio com sua mão sem quebrar o abraço.

Adora levou dois minutos para raciocinar ou dizer alguma coisa. Outros dois minutos extremamente sufocantes para a ansiedade de Catherine, que insistia em inventar um bilhão de paranóias.

ㅡ Meu Deus... ㅡ foi a primeira coisa que disse, embasbacada demais para conseguir falar alguma coisa congruente ou reconfortante. ㅡ Catra... vai ficar tudo bem, vamos resolver isso.

Nem ela acreditava naquilo.

ㅡ Resolver isso? ㅡ Riu sozinha, desvincilhando do abraço e limpando seu rosto com as costas das mãos. ㅡ Isso é uma gravidez, porra. Não se resolve uma merda dessa proporção assim! ㅡ Estalou os dedos no rosto de Adora, que recuou com o gesto.

ㅡ Calma! Vamos dar um jeito. 

Novamente Catherine riu, sentindo sua garganta se entalar e os punhos fecharem. Adora ainda segurava o teste de gravidez.

ㅡ Eu não quero isso, Adora ㅡ confessou, atraindo as nebulosas da loira para si. Adora estava em choque, paralisada, sem saber o que dizer ou fazer.

ㅡ Eu... ㅡ Piscou várias vezes, tentando recuperar a consciência e oferecer apoio para Catherine, afinal tecnicamente ela era a mais afetada com aquela situação. Suspirou. ㅡ Vou jogar isso fora, não saia do banheiro.

Dito isso caminhou até a mesma cabine a qual Catra saiu, enrolou o teste em papel higiênico e o jogou no lixo. Depois, voltou apressada até a morena e a puxou para outro abraço, um mais apertado que o anterior.

ㅡ Você não tá sozinha nessa, eu não vou fugir ㅡ sussurrou contra os cabelos de Catra, a fazendo se afastar minimamente apenas para olhar a loira nos olhos. Ambas estavam com a beirada das pálpebras marejadas.

ㅡ Promete?

ㅡ Prometo.

***
Sério, vcs precisam marcar presença em certas ocasiões.

SENTIRAM FALTA DESSA HISTÓRIA?

Eu demaisssss

Lembrando q as fics estão passando por um desafio de "tudo ou nada", onde os capítulos só são postados se batermos a meta de comentários (os antigos n contam!!!)

Então trate de comentar bastante, viu?

Eu vou fazer algumas coisas diferentes nessa versão, e espero que vcs gostem dela tanto quanto eu estou gostando!

Beijinhos

Amo vcs!

Hey Bebê - Catradora🏳️‍⚧️Onde histórias criam vida. Descubra agora