When we were happy

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"A dor de perder alguém em vida é pior do que a dor da morte, porque é o nunca mais de alguém que se poderia ter, já que está vivo e por perto."

HOJE

04:00 AM

Patrick dirigia a uma velocidade bem acima do permitido nas estradas de Nova Iorque naquela madrugada fria de outono. Wilson não se importava se levaria uma multa na sua carteira ou se provocaria algum acidente por simplesmente estar sendo negligente e ignorando todos os sinais vermelhos que encontrava pelo caminho. O homem sentia que a qualquer momento sua cabeça iria explodir. Ele não conseguia parar de pensar em que ponto o casamento dele com Vera Farmiga havia chegado, na tragédia que havia assolado suas vidas, os destruindo mais a cada dia.

Lágrimas de tristeza, desespero e fúria escorriam pelo rosto do homem enquanto flashes de memória dos últimos meses invadiam seu subconsciente. "Ela não tem culpa! Ela não tem culpa! Preciso encontrar alguma forma de ajudá-la!" Wilson precisava ser forte... ou melhor dizendo, precisava SE MANTER forte... pelas suas filhas, pela sua mulher. Precisava encontrar alguma maneira de devolver a mãe para suas filhas acima de tudo. Por outro lado, salvar seu casamento seria uma tarefa extremamente difícil e Patrick, naquela noite, pela primeira vez, sentiu uma dolorosa sensação em seu peito de que nada que ele fizesse poderia trazer Vera de volta para ele, para a vida que ambos construíram e dividiam juntos a tanto tempo. Estaria ele pronto para finalmente ceder à vontade da mulher e colocar um ponto final naquela história de amor? Isso ajudaria Vera a encarar a realidade e se lembrar que ela tem duas lindas meninas esperando em casa por ela todas as noites?

Patrick estacionou ligeiramente seu carro no estacionamento de uma boate em que Vera Farmiga estava com o elenco do seu novo filme de terror comemorando o encerramento das gravações. A morena havia deixado um convite para o homem em cima da mesa, no entanto, o homem recusou uma vez que teria que acordar cedo para levar as filhas para a escola na manhã seguinte. O moreno suspirou pesadamente, esfregando as mãos na face para apagar qualquer vestígio de lágrimas. Antes de descer do carro, enviou uma mensagem para sua irmã para que ela tomasse conta das crianças naquela noite, pois provavelmente ele não levaria Vera para casa, não queria que suas filhas vissem a mãe naquele estado.

Assim que entrou na boate, Patrick olhou ao redor tentando encontrar a morena. Haviam poucas pessoas no local, apenas o elenco do filme e seus convidados pessoais. Amanda, atriz e colega de Vera, antes de deixar a boate, ficou preocupada com a quantidade de bebida que Vera havia ingerido, optando em avisar Wilson.

Mais alguns passos dentro do local e Wilson reconheceu a risada de Farmiga ecoando pelo local. Ele desviou de algumas pessoas que bebiam e riam alto e logo avistou a mulher sentada em um sofá com algumas pessoas que falavam e gargalhavam alto com a atriz. Em frente ao sofá havia uma mesa com inúmeros copos de bebida e garrafas vazias. Patrick observou de longe a mulher por alguns segundos, ela parecia feliz. Mesmo que por efeito da bebida, ela estava feliz. Fazia tempos que Patrick não conseguia arrancar uma gargalhada daquelas da sua mulher. Impotência era o sentimento que o dominava naquele momento.

O homem não queria fazer o papel de marido chato que impõe limites a obrigando ir para casa com ele, mas ao mesmo tempo Wilson não fazia ideia se a mulher estava minimamente consistente dos seus atos naquela altura. Foi então que a mulher se afastou do pessoal para pegar mais bebida e Patrick aproveitou a deixa para ir até ela.

- Vera... - Patrick iniciou sua fala perdido.

- Oi amor! - Respondeu Vera com entusiasmo, deixando o homem confuso, mas ciente de que com certeza ela havia ingerido álcool demais. A morena cambaleou até ele, obrigando-o a segura-la pelos braços.

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