1 • Sociopata

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Bill

Vamos ver; por onde vou começar...
A minha vida é uma merda. Meu pai é um completo idiota que só pensa em trabalho e manter essa família, enquanto minha mãe trai ele com o jardineiro; e não é a primeira vez que faz isso. Quando eu era pequeno, ela me colocou num colégio interno porquê eu a vi tranzando com o assistente do meu pai, no dia em que foi me visitar, fiz uma ameaça dizendo que se não me tirasse daquele lugar, contaria tudo à ele. A parte cômica é que o sujeito traíra morreu após cair do terraço de casa. Anos depois; ela passou a se consolar nos braços do seu estilista, por coincidência, soube que o mesmo foi assassinado na volta para casa, talvez mamãe tenha o poder de amaldiçoar todos aqueles que enfiam o pau na vagina dela. Bom, nosso acordo secreto dura até os dias atuais, com a diferença que hoje, eu sou subornado.

Sei que pareço um riquinho mimado e grosseiro, mas a realidade é que não tenho nenhuma perspectiva além de dinheiro, solidão e problemas.
Meus pais acham que eu sou sociopata ou coisa do tipo, eles não enxergam a si próprios e ficam tentando consertar a minha mente. Então, toda quinta-feira me obrigam a ter de conversar com uma psicóloga, parece sempre a mesma coisa,perguntas que não levam a nada.

— Nosso tempo acabou, Bill.

Srta. Adkins é uma viúva de 35 anos, sem filhos por ser estéreo. Essa dor de não poder ter um bebê e o luto de ter perdido o marido num trágico acidente chega ser palpável, mesmo que saiba disfarçar bem com essa curvatura perfeita e nariz em pé.

Hoje ela está vestida com uma blusa branca decotada por baixo do blazer cinza, isso destacou seus olhos azuis e cabelo louro, eu fito o volume dos seus seios apertados pelo sutiã. Srta. Adkins percebe e ajeita a saia, puxando o pano para cima dos joelhos.

— Srta. Adkins, por que ajeitou a saia, se eu estava olhando para os seus seios?

— Bill... — antes que terminasse a frase, me levantei do estofado, apaguei a brasa do meu cigarro no cinzeiro de vidro na mesinha de centro, cruzando o caminho até seu assento.

— Não precisa falar nada, sei o que você quer... — deslizei meu polegar em seus lábios, arrastando a mão para o queixo, devagando pelo pescoço, envolvi e apertei de maneira firme, a ponto de lhe faltar o ar — Meu pai não ti paga pra dar em cima de mim, sua vadia de merda! — desprendi o aperto, pendurei minha jaqueta jeans no ombro e me retirei sem olhar para trás.

Entro em meu Cadillac vermelho estacionado na calçada, tiro um cigarro filtro vermelho do maço de Camel no porta-moedas e coloco entre os dentes,acendendo o tabaco com o isqueiro 60s. Meu nariz coça, pedindo pela química; eu dirigo para o Phillip's Bar, um lugar costumeiro de "alta-classe" que esconde no galpão o tráfico, bato a porta do carro, jogo a bituca num estalo, adentro o local, desço as escadas indo no "caminho secreto", peço o de sempre; 5g de cocaína.

— Sua dívida está beirando os 10 mil dólares, é o dobro dos últimos meses. — ele fica receioso em abrir a maleta de couro marrom.

— Eu já ti deixei na mão alguma vez, Philip?

— Não.

— Então, dá logo a minha droga. Até o final do mês eu acerto com você, sabe que eu tenho muita grana.

— Beleza, playboy. - ele tira o ziplock cheio de pó e me entrega. — Se você não me pagar até o final do mês, será um homem morto. — me encara, querendo intimidar.

-— Relaxa Philip, tá precisando tomar um drink, anda muito estressado últimamente.

Saio do bar e sigo caminho para uma boate. Assim que eu entro; o cheiro de nicotina e maconha invade meu olfato, peço ao barman uma dose de whisky e me sento na mesa frente do palco, onde strippers se apresentam;pego o saquinho de pó no bolso da jaqueta e despejo uma quantidade farta, bato o cartão de crédito por cima, afinando a química branca, enrolo uma nota e encaixo na narina direita, inalando fundo, faço o mesmo com a esquerda, sucessivamente cheiro tudo. A cada gole da bebida, a moça ruiva tira uma peça de roupa, ficando semi-nua para todos verem. Será que ela gosta mesmo disso? Ou se sente vazia e gostaria de cometer suicídio para não ter mais que passar por isso? Eu analiso seus movimentos na barra de ferro, digo ao garçom para me trazer logo uma garrafa de whisky, os homens bêbados gritam ao vê-la mostrar os seios. Ela olha cada um, encontrando seus olhos escuros aos meus, engatinha no palco vindo em minha direção, sei o quanto quer que eu a tire daqui, pelo menos por um breve momento.

𝐓𝐎𝐗𝐈𝐂 • 𝐁𝐢𝐥𝐥 𝐒𝐤𝐚𝐫𝐬𝐠𝐚̂𝐫𝐝Onde histórias criam vida. Descubra agora