12 • Fuga

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• Daisy •

Bill não aparece há cinco dias, ele me deu permissão para andar pela casa, entretanto trancou a porta principal e está com as chaves. Nesse período, tentei escapar de várias maneiras, o problema é que todas as janelas, mesmo que abertas, têm grades que impedem minha fuga, tenho a impressão de que ele planejou tudo, os ferros de revestimento parecem novos. Só penso em fugir desse lugar, procurei por soníferos que pudesse colocar na bebida dele assim que voltasse, não encontro, ele deve guardar no porão e lá é trancado com correntes e cadeado, ou no quarto de hóspedes que é fechado, eu olhei pelo buraco da fechadura, só consegui avistar um piano empoeirado.

Quando está aqui, Bill costuma me seguir em cada cômodo, ele me observa escovar os dentes, lavar o rosto, às vezes o pego olhando pra mim até trocando de roupa. O tempo inteiro existe uma tensão péssima entre nós dois, conviver com ele é como pisar em ovos, por mais cuidadosa que eu seja, uma hora ele explode. Há momentos em que Bill está normal; e de um segundo para outro, se torna agressivo. Ele é imprevisível, sinto que estou vivendo numa noite do terror no parque de diversões, posso andar através do calmo silêncio, mas de repente, uma pessoa fantasiada de monstro aparece para me dar um susto. Qual o problema dele? Será que essa insanidade veio do seu avô? Deve ter algum trauma grave por trás desse comportamento.

O silêncio desse espaço vazio é ensurdecedor. E por mais que a companhia do Bill seja insuportável e instável, é melhor do que ficar sozinha.

— Daisy! — Bill abriu a porta da sala e a trancou rápidamente, segurando sacolas de compras na mão, ele está suado e agitado — Eu estou tendo uma overdose!

Retiro o quê havia pensado anteriormente

— O quê eu faço? — pergunto confusa.

— Eu não sei... — Bill deu tropicos pelo tapete — Acho que... — ele desmaiou, caindo junto com os enlatados e o resto do conteúdo das sacolas.

Se eu vou ajudá-lo? Claro que não! Essa é minha oportunidade de fugir! Aproveito seu desmaio para procurar pelas chaves no bolso da calça dele.

— Achei! — olhei para as chaves com um sorriso sincero e abri a porta de entrada às pressas.

O vento e a claridade trouxeram um ar de esperança, eu respirei fundo e saí correndo por entre as árvores, não faço idéia de onde fica a saída.

O vento e a claridade trouxeram um ar de esperança, eu respirei fundo e saí correndo por entre as árvores, não faço idéia de onde fica a saída

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Deus, me ajude...

Cansada de correr, começo a andar, o peso da terra molhada fez com que minhas sandálias arrebentassem, continuo caminhando descalça, nada é capaz de me parar.

Tudo ia razoávelmente bem...
Até ouvir a voz do Bill.

— Daisy... Sei que está aqui, apareça!

𝐓𝐎𝐗𝐈𝐂 • 𝐁𝐢𝐥𝐥 𝐒𝐤𝐚𝐫𝐬𝐠𝐚̂𝐫𝐝Onde histórias criam vida. Descubra agora