13 • Caótico

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• Bill •

- Como eu disse, Emily... - termino de fumar e apago o cigarro no cinzeiro do balcão - O suicídio não parece uma má ideia.

- Bill, não pode desistir dessa forma, muitas coisas boas ainda vão acontecer, você é jovem. - a detetive tenta me encorajar.

- É disso que eu tenho medo, só acontece desgraça na minha vida. Primeiro, meus pais faleceram, perdi tudo e fui preso acusado de tê-los matado, em seguida o verdadeiro culpado foi revelado, ok, isso foi justo. Depois, Daisy some e é supostamente sequestrada, uma ex-namorada de anos atrás caiu da minha varanda e morreu. Como vou ter forças pra prosseguir dessa maneira?

- Imagino a dor que está sentindo. - ela passou a mão no meu ombro - Olha só pra você, é um lutador.

"Lutador", têm pior colocação que essa?

- Acho que precisa de óculos, eu estou acabado, mal durmo e me alimento, sou um poço de cocaína e whisky.

- Não pode beber e usar drogas a cada coisa ruim que acontece, Bill.

- Eu já tenho esse vício e ele se tornou uma fonte de escape dessa realidade dolorosa.

Dá pra perceber que estou me esforçando para passar a imagem de alguém depressivo, essa vadia têm que acreditar que eu mal tenho forças para levantar da cama, quem dirá sequestrar alguém.

- Vai superar essa fase, acredito em você.

- Obrigado pelo apoio, Emily. Eu raramente tenho alguém com quem contar, uma amiga para desabafar...
- pago pela dose ao garçom e levanto, Emily me acompanha para fora do bar.

É tarde da noite, por volta das onze horas, nós entramos em um beco para pegar meu carro estacionado do outro lado, porém fomos surpreendidos por dois assaltantes.

- Passa a bolsa, sua vagabunda! - o cara de balaclava cinza exclamou.

- É isso aí, dá logo essa porra! - o outro de capuz apontou a faca para Emily.

- Não fala com ela desse jeito! - empurrei o da balaclava para trás e o outro me atingiu com a faca no abdômen.

Os dois saíram correndo na hora, foi um acontecimento, vamos se dizer, caótico.

- Bill, você tá bem? - ela pergunta assustada.

- Não, me leva para o hospital... Meu carro tá no final da rua... - minha fala saí em grunhido, contenho o sangue escorrendo da ferida com a mão - Você fica.. No volante.

Se eu fui responsável em armar essa cena somente para detetive pensar que eu sou tipo um herói por ter levado uma facada no lugar dela? O quê posso dizer? Situações extremas, exigem medidas extremas. Parece loucura ter pago dois criminosos para me dar uma facada e fingir um assalto, porém a lâmina não perfurou tanto, fez parte do acordo, valerá a pena.

Ok... Não foi tão superficial como pensava, essa merda tá ardendo pra caralho e não parou de sangrar o caminho inteiro! Minha visão começou ficar turva andando pelos corredores do hospital, eu tô chapado de tanta dor.

- Sr. Skarsgârd, consegue me ouvir? - pergunta a enfermeira de cabelo... Azul?

- Acho que sim... - respondo, enxergando tudo embaçado.

Odeio ser dopado por estranhos, não importa se é uma médica.

- A minha namorada foi sequestrada... - digo com a fala mais arrastada que um mendigo bêbado, em pequenos apagões, perco a noção do tempo e da própria consciência.

𝐓𝐎𝐗𝐈𝐂 • 𝐁𝐢𝐥𝐥 𝐒𝐤𝐚𝐫𝐬𝐠𝐚̂𝐫𝐝Onde histórias criam vida. Descubra agora