1. Outra realidade

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Com os pés a beira do edifício sentindo a brisa fria no rosto, aquele frescor fazia seu nariz ficar mais avermelhado na medida do tempo que ficava naquele lugar. Realmente, havia se cansado e estava quase para fazer a escolha mais aterrorizante de sua vida, escolher ser queria continuar ou parar sua existência por ali.

Por um lado sentia medo, pelo outro, alívio. Quantas mais ele deveria suportar para ter uma vida na qual ele pudesse se livrar da humilhação? Preferia terminar com tudo ao descobrir por si mesmo. Essa vida, essas pessoas ruins, era injusto demais, ele era inocente, um bom menino, por que tinha que passar por aquelas coisas?

Katsuki Bakugou, o maldito desgraçado loiro de olhos rubi que até hoje sentia prazer em atormentar sua vida. Hoje, em realização do seu pedido, iria pular do prédio e torcer para que na próxima vida tivesse uma individualidade, torcer por uma vida na qual pudesse não se importar tanto com Bakugou e seu complexo de superioridade.

Sentia muito por sua mãe, sabia que ela sofreria por ele, que por mais que o mundo houvesse todo o preconceito direcionado a si, sua casa era um lugar no qual era seguro, um porto de salvação liderado por uma matriarca maravilhosa que o apoiava acima da opinião alheia. Ele a amava, e sabia que sua morte era melhor para a vida da mulher do que ela fosse entender naquele momento, ele sabia que era um peso, a mulher nunca aceitou isso. Um garoto sem individualidade só manchava mais o nome de suas famílias, o que falavam pelas costas de Inko era cruel, cruel demais. Um dia, ela seria capaz de seguir em frente, e abrir a livraria que sempre quis.

Morrer no alto de um lugar tão horrível como Aldera não era muito sugestivo, mas ele tinha bolado um plano minucioso para que sua morte causasse mais impacto do que deveria para um simples garoto sem individualidade - alias, garotos sem individualidade se matavam o tempo todo - e assim ele seria visto por todos, faria a justiça por si mesmo, para que pelo menos virasse um símbolo da crueldade que o mundo era capaz com pessoas como ele.

Espalhou provas dos crimes onde os funcionários e o diretor estavam envolvidos junto de pistas para os casos de isca suicida que ele recebeu dos estudantes e os históricos sujos de todos, junto com vídeos, fotos e documentos de tudo, até mesmo alguns promotores importantes estavam envolvidos nesse meio. Se fosse para morrer, morreria com estilo e levando um monte de outras vida com sigo.

Aldera era o lugar mais sujo que teve o prazer de vasculhar com suas patinhas de hacker, no fim das contas não era um completo inútil, fez uma grande teia de aranha no qual todos aqueles malditos insetos estavam presos sem ao menos saberem, dar o fim a sua vida miserável era só o gatilho para que toda a fila de dominós começasse a cair um a trás do outro.

Fez com que o desastre fosse garantido, não era um amador, não morreria em vão. Sua mãe não aceitaria sua morte sem uma investigação, sabia disso. Com uma simples olhada no qual um certo detetive era responsável, ele puxaria a corda, e daí só decadência, pena que não estaria vivo para ver.

Deu um passo em direção ao parapeito, olhou para baixo e um leve arrepio subiu a espinha, aquilo era realmente alto, talvez não tivesse pensado que se jogar de um lugar tão alto fosse tão difícil, mas era necessário, não só por estar cansado, mas também por outros peculiares, não pretendia viver muito mesmo.

Coração acelerado e respiração desregulada, morrer realmente era complicado, o mais difícil com certeza era o fato de não ter deixado uma carta para sua mãe, era cedo, se ela lê-se uma, poderia arruinar seu plano egoísta.

"Me desculpe mãe, eu te amo tanto"

Virou-se de costa jogando seu peso para trás, fazendo seu corpo tombar e cair na grande queda livre. Como pensou, era mais fácil quando não estava olhando para aquela imensidão, suas batidas se normalizavam e olhava para o céu azul uma ultima vez antes de fechar os olhos e sentir seu corpo se chocar com o chão, ouvindo gritos abafados e sentindo dor por um segundo antes de sua mente apagar.

BNHA - Depois do fimOnde histórias criam vida. Descubra agora