11. Notícia ruim e uma birra

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Sentiu seu corpo amuado e uma dor de cabeça forte, antes de ter a chance de se levantar da cama, sentiu um cheiro de verde espalhado pelo quarto, disfarçado e bem pouco. Se ergueu na cama com a mão na cabeça, ainda reavaliando o que estava acontecendo, obviamente pela cor branca das paredes e por estar numa cama diferente com um soro no braço, além dos outros fatores como o típico cheiro do ambiente, era um hospital.

Ele desmaiou na sala de exame GS na sua escola.

—Que dor de cabeça de merda. — resmunguei sozinho, bem, foi o que imaginou, até virar o rosto para o canto da sala, em uma poltrona bem discreta, um homem desarrumado e que parecia muito cansado.

Sentiu seu corpo dar um espasmo com o susto.

—Que bom que acordou. — falou o homem de cabelo preto longo — Não imaginei que era do tipo que xingava.

—E.eu pensei que estava sozinho. — por algum motivo me justifiquei.

O homem se levantou e senti meu corpo tremer, ele dava medo, quando ele se aproximou um passo, se moveu para trás automaticamente sentindo a cama acabar e seu corpo tombar. Fechou os olhos esperando o impacto com o chão, coisa que não veio.

—Tá tudo bem, garoto? — ouviu o homem dizer, uma faixa branca estava em volta de sua cintura, foi muito rápido, sua individualidade era controlar a faixa ou era um equipamento?

Ele o pós de volta equilibrado na cama, e  se afastou, viu o medo do menino.

—Eu tô bem. O que aconteceu? Quem é você? — precisava de pelo menos uma resposta.

—Calma aí pirralho, de vagar. — falou ríspido, e me encolhi um pouco — Eu só estou aqui para garantir sua segurança, e você desmaiou, teve um ataque de pânico.

—Não digo isso, digo o que está acontecendo ao todo. Tinha muitos carros fora da escola.

—O médico vai explicar essa parte pra você. Mas por agora, sinto muito por tudo. — falou por último antes de ouvir a porta sendo aberta pelo doutor Garaki e minha mãe, mas porque ele sentia muito?

—Olá Midoriya, não pensei que iria vê‐lo tão cedo. Me preocupa você vir tanto ao hospital. — riu e se dirigiu a mim e pegou meu pulso, o olhou e logo em seguida colocou a mão na minha testa — Seu coração está meio acelerado, mas sua temperatura está boa. Está nervoso?

—O que tá acontecendo? Por que meu exame deu roxo? Quem eram aquelas pessoas do lado de fora da escola? — disparei, estava assustado, queria uma resposta útil, por que precisava de um segurança na sala? E por que estavam tão tensos?

—Você tem muitas perguntas jovem. Eu acho que talvez você fique assustado agora, mas quero pedir que tente se conter e me escutar com calma. — o homem no canto se sentou novamente e minha mãe segurou minha mão.

—Filho, estou com você, por isso não se preocupe. — ok, aquilo só o deixou paranoico, ele ia morrer?

Ele iniciou o assunto, primeiro uma explicação que já sabia sobre como o exame funcionava, depois sobre a base de cada GS, e qual era a diferença entre eles, tanto geológica quanto hierárquica na sociedade. Ele estava farto disso, apenas fale de vez.

Ele sorriu depois de todo o papo furado e falou:

—Você é o primeiro e único ômega lúpus no planeta em 80 anos. — sentiu que desmaiaria de novo, o homem sorria, e tudo que pensou foi em socar os dentes dele, onde que aquilo era uma notícia boa?

Por que estava sorrindo, ele não era idiota, com certeza isso traria MUITO destaque para si agora, já começava a sentir a ânsia. Os ômegas só estavam quase extintos por causa da violência dos alfas que se achavam melhores que os outros, isso resultou em uma massa de ômegas indefesos sendo vendidos por suas famílias para serem maquinas de bebês lúpus. E agora que a sociedade se ligou da merda e começou a “cuidar” deles, fazendo restrições, privilégios e cuidados excessivos com ômegas, como horário de recolher, escola específica só com ômegas, dando fama, dinheiro e os fazendo ter a ideia de uma vida de liberdade de escolha.

Maldito deus que escreve sua história, ele não queria isso, preferia ser um ômega a essa merda. Porra, tá de sacanagem? Iria o colocar em uma gaiola? Não queria ser ômega, ainda menos um lúpus. Se mataria de novo.

—Não é incrível? — sua mãe falou, não pode esconder sua expressão de espanto e desgosto, olhou para o homem no canto, ele parecia ter a mesma ideia que si, agora entendeu seus sentimentos de mais cedo.

—O quê? Como assim?

—Está confuso? Por que não olha pela janela? — o doutor sugeriu, e então me levantei e fui na janela, abri a cortina juntamente do vidro, e de repente muito barulho invadiu o quarto.

Uma multidão de pessoas, mulheres e homens, com cartazes escritos “escolha meu filho”, e gritos de “olha ele lá na janela” e mais gritos implorando para escolher seus filhos como parceiros, a multidão se enlouquecia tentando passar pelos vários policias e alguns heróis na porta do hospital. Ele só tinha 8 anos, então por que caralhos essas pessoas eram tão nojentas?

Sua visão ficou turva novamente, fechou a janela com força e deu passos pra trás assustado, sua mãe imediatamente se preocupava e o doutor parecia estranhar minha reação.

Quando Inko iria tocar seu braço ele desviou. E correu para a porta a abrindo abruptamente, se deparando com All Might de costas pra porta, assim que o herói número 1 o olhou com seu sorriso e agachou na sua altura.

—Olá jovenzinho! Você- — não teve tempo de terminar.

Bateu a porta com força na cara de All Might, não esperava por isso, não imaginou isso, não queria isso, estava enlouquecendo, era mentira, certo?

ERA O ALL MIGHT?! O que ele estava fazendo lá? Ele estava lá por si?

Sua mãe, o doutor Garaki e o homem, todos de pé me olhando preocupados, com razão, acabou de tentar correr pela porta e se deparar com o símbolo da paz.

—Izuku! O que foi?

—Midoriya?

—EU NÃO QUERO! — gritou assustando os dois no quarto — Eu não quero ser um ômega, não quero ser um lúpus, eu não quero! EU NÃO QUERO! TIRA ISSO DE MIM! — começou a chorar, desesperadamente, como nunca tinha feito antes na vida.

Inko ficou completamente estática, não imaginou essa reação, e o doutor também parecia estar em choque, aliás, quem não iria querer ser uma raridade cuidada pelo governo?

— Eu..eu..eu quero ser igual a mamãe, nã..não quero ser um ômega lúpus. — assim que sua mãe tentou lhe segurar ele desviou e foi para a janela, subindo a cadeira e abrindo a janela, foi rápido, quando tentou subir a primeira intervenção do homem estranho no quarto veio, sua faixa se enrolou na minha cintura e ele me alcançou fechando a janela.

Sua mãe desabou no chão, o homem ainda em estado de choque pela minha tentativa de pular pela janela. Sua intenção não era se matar, era fugir, não pensou direito, mas não poderia viver assim de novo, não queria ser um ômega.

—O que deu em você garoto! Enlouqueceu? — o homem gritou com sigo e fiz birra tentando me soltar de seus braços.

—Midoriya, por que está chorando? Sabe o que é ser um ômega? Você terá muitos privilégios. É uma coisa boa. — tentou me acalmar, mas meu soluço estava alto.

—Onde que é bom sem ser um ômega lúpus? — chorei e berrei — Eu não quero me casar e ter filhos, não quero ter que escolher alfa nenhum! — chorei mais descontroladamente, mas minha declaração arrancou um riso do médico.

—Oh Midoriya, você é só uma criança, não ira precisar se preocupar com essa coisas agora. — sorriu tentando me acalmar — Você é criança agora, mas quando for adulto, poderá pensar nisso novamente com outros olhos, quando estiver mais maduro. — nesse momento controlar meu choro, queria argumentar de forma ousada nesse momento.

—Eu não quero e nunca vou querer isso. Eu não quero ter um toque de recolher, não quero ir para uma escola privada só com ômegas, não quero aparecer na TV como se fosse uma atração, eu não quero feromônios saindo de mim ou ter que ficar tomando remédio todos os dias, não quero usar cólera pra me proteger de uma marca forçada, não quero ser tratado como vidro ou ter que ser protegido, eu não quero ser raro, quero me destacar com minhas capacidades e não com um gênero secundário estúpido!

Talvez cuspir tudo isso de uma vez tenha sido demais, não sabia agir como um garoto da sua idade atual.

—Eu quero poder fazer o que quiser. Eu não quero ser ômega.

O silêncio se formou na sala, o homem estranho na sala parecia espantado por talvez pensar o mesmo, que não a nada de bom em ser um ômega, e que o mundo seria bem melhor se não existisse essa hierarquia onde os alfas estão no topo e ômega no chão. Betas eram melhores.

—Meu filho, você não tinha que se preocupar com isso. Nada vai acontecer com você, você jamais terá que ser obrigado a fazer algo que não queira. — a esverdeada falou, finalmente saindo de seu choque, e indo na minha direção, entrando na frente do estranho e segurando meus ombros — Sei que está assustado por causa da história da extinção dos ômegas no geral, sei que você pesquisou muito sobre, a barra de pesquisa do computador só tem isso. Mas vocês precisa entender uma coisa, os tempos mudaram, a sociedade mudou, e você nunca, jamais terá que passar por coisas horríveis como aquelas. Eu não vou deixar ninguém te machucar de novo. lúpus me abraçou calorosa — Sei que fui uma mãe incompetente até agora por não conseguir te proteger antes, que você está com medo e que está desconfiado. Mas eu prometo que você não vai se machucar de novo. Eu prometo, então por favor, confie em mim só mais uma vez.

Ela estava chorando de novo, mas eu e ela temos isso em comum, choramos muito, eu mesmo estava agora a abraçando enquanto chorava. O Dr.Garaki explicou mais algumas coisas e me liberou, me mando uma coleira, não era esse o nome, mas era como eu a via, uma coleira de cachorro idiota. Juntamente de uma planta supressora, ele explicou que não seria tão necessário assim, mas que como eu era um lúpus, todo cuidado era pouco, e que eu deveria começar a me cuidar desde agora. Foi uma frase que me impactou, era nojento, “me cuidar desde agora”, era realmente nojento.

Antes de ir me direcionei para o homem bagunçado.

—Senhor, eh, me desculpe por ter te dado trabalho hoje, e por ter feito birra, você dá um pouco de medo, mas graças a você não me machuquei tentando pular pela janela. — me curvei e novamente me desculpei — Eu sou Izuku Midoriya, eu tenho 7 anos, mês que vem em julho farei 8 anos.

“Informação desnecessária Midoriya, completamente desnecessária”

—Tá tudo bem, garoto problema. — torci o lábio com o apelido — Eu sou Aizawa, herói noturno.

—Posso fazer uma pergunta? — ele acenou positivamente — A sua faixa é interessante, de primeira pensei que fosse sua individualidade, mas agora acredito que seja um equipamento de longo alcance, elas são feitas de fibras elastano ou são só o comprimento de faixa sem elastano? E outra, percebi que elas são fortes apesar de finas, qual o completo de tecido? É malha reforçada ou foi um feito específico para você? Qual sua individualidade? Tem algo haver com seus olhos né? Percebi que eles são meio desidratados apesar de você ter usado um colírio agora a pouco no meio da explicação do Dr.Garaki. e também-

—Vai com calma garoto, você não sabe o que é 1 pergunta não? Era só 1, mas você fez várias. — me repreendeu e Inko que estava assinando os papéis de alta do hospital escondeu um riso, era bom ver seu filho animado com individualidades de novo, velhos hábitos não morrem fácil — É um equipamento, o escolhi para ter um alcance melhor, principalmente para captura. E sobre o tecido, na verdade ele é feito de liga de fio de aço, com nanofibras de carbono, por ser de fibra ele também tem um pouco de elastano, mas só para manter a flexibilidade, e não para ser esticado. — falou sobre o seu equipamento e me olhou nos olhos rígido, o que me fez encolher — E minha individualidade é segredo. Agora espero não vê‐lo de novo, garoto problema.

O homem se virou e saiu, não esperando uma resposta minha. Sua mãe tocou seu ombro, o chamando para ir, não foi fácil, eles tiveram de ser escoltados para casa, as informações de que um ômega lúpus finalmente depois de 80 anos havia aparecido correu extremamente rápido, a informação tinha sido vazada, e agora não poderia viver como se nada estivesse ocorrendo.

Olhou em volta procurando o grande herói número 1, mas ele não estava mais lá,

O mesmo homem de ter que apareceu na sala na última vez, estava lá na porta, pronto para me levar com minha mãe para um lugar que não sabia onde era.

—Olá garotinho, está melhor agora? — perguntou abrindo a porta do carro para mim.

—Estou bem, obrigado. Pra onde estamos indo? — Inko pergunta adentrando o veículo junto de mim.

—Estou levando vocês para o departamento heroicos, lá tera algumas pessoas para ajudar vocês agora nessa situação complicada. — ele falou dando partida no carro, já com as mãos no volante, minha mãe estava tensa, acho que ela já sabia do que se tratava.

—Eu quero ir pra casa. — resmunguei.

—Garotinho, você parece saber sobre como foi a vida dos ômegas no passado, então vou só esclarecer pra você. — ele se referiu ao meu ataque no quarto, o que me fez corar envergonhado, acho que todos sabiam do seu surto — Você não é só um ômega, é um Lúpus também. O único que existe. Quero que entenda isso, ômegas precisam de proteção por que a velha guarda ainda os vê como algo a ser comercializado. Somente ômegas lúpus podem produzir alfas lúpus, coisa que também está extinta, agora só temos homens velhos com essa característica, e alguns jovens com o gene dominante que podem reproduzir um lúpus, mas pra isso teria que ter um parceiro como você. O que quero dizer é que, é perigoso continuar a viver onde vive agora. Aonde estuda e onde frequenta agora são coisas que serão decididas pelo governo.

Cada palavra um soco, no fundo sabia de tudo isso, o mundo não muda em só 80 anos, é muito pouco tempo. Se ele era o único, óbvio que também iria estar em perigo por isso. Mas aquelas palavras eram duras para se falar a alguém da sua idade.

Sua mãe do lado parecia fuzilar a nuca do homem, o que me fez rir baixo um pouco, sua mãe era engraçada. Só esperava ter uma vida minimamente normal, seu objetivo era se destacar, mas não assim, era mostrando suas capacidades, agora séria bem mais difícil mostrar seu intelecto, já que será sempre ligado a seu GS. Só não queria continuar recebendo aqueles mesmos olhares do hospital, aquela multidão era realmente assustadora.

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⏰ Última atualização: Oct 02 ⏰

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