Capitulo 19- Matteo

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Matteo olhava para Beatrice que desviava o olhar para o pequeno cachorro. Órion,  ela havia posto o nome do animal da constelação que Matteo havia lhe apresentado.
"- Estamos na época das Oriônidas. Matteo disse em uma noite silenciosa. Eles olhavam o céu estrelado, um costume que adquiriram com o passar dos dias.
- O que é isso? Ela perguntou, ainda olhando para o céu.
- A chuva de oriônidas acontece porque a Terra passa pela mesma região onde o cometa Halley, que passa pelo sistema solar a cada 76 anos, deixou uma grande quantidade de detritos, os meteoroides. Quando o planeta passa nesse rastro, o que acontece todos os anos, alguns destes detritos acabam entrando na atmosfera.
- Sério? Como você sabe disso? Ela o perguntou encantada que ele soubesse tantas coisas.
- Eu quando criança, gostava de tudo relacionado a astrologia. Órion é uma constelação e na mitologia Grega é o Caçador que se apaixonou pela deusa Ártemis.
- A Deusa da caça. Ela disse se lembrando das aulas de mitologia.
- Sim! Mas ela não era só a Deusa da caça, ela também era a Deusa da luz suave. Assim como ela feria e matava com sua flecha para punir, ela também curava e tinha piedade."
— Eu gostei Bea! Aurora disse enquanto se levantava do chão e começava a correr pela sala seguida pelo cachorro.
— Bom, pode buscá-la depois. Beatrice disse virando as costas.
— Espera! Ele a pegou pelo braço e a virou. — Órion hein? Questionou sorrindo.
— Eu gosto desse nome. Ela disse levantando o nariz.
— Eu também gosto. Acho que podemos, quem sabe arrumar Artêmis para ele. Sabe como é... Órion se apaixona por Artêmis, mesmo que ela o tenha matado, ele continua apaixonado por ela. Foi ela que o devolveu a visão e lhe apresentou a luz.
— Acho que um cachorro já está bom. Ela disse revirando os olhos. — Até onde eu me lembro você nunca quis dar um cachorro para Aurora. Cruzou os braços.
— Beatrice, nos dê uma chance... Suplicou enquanto sentia seu coração pulsar.
— Não dá Matteo. Eu... Ela engoliu em seco enquanto fitava o olhar no seu. — Eu não confio mais em você. Respondeu enquanto virava as costas e fechava a porta.
— Eu não irei desistir Beatrice. Ele disse para a porta que se encontrava fechada. Ele sabia que assim como havia conseguido a confiança dela antes, poderia conseguir novamente. Ele só precisaria exercer o que mal conhecia: paciência.
Enquanto caminhava, imagens invadiam sua mente. Ele ainda não conseguia lidar bem com o fato de que havia destruído tudo com suas próprias mãos, porém ao mesmo tempo, ela estava ali, tão perto, coisa que ele temeu profundamente não conseguir ter mais. — Por favore,  um caffé! Pediu. A mulher de olhos bondosos o olhou e sorriu. Ela não conseguia ficar brava por muito tempo e já o havia perdoado.
— Guappo! Meu bello! Que bom que está aqui! Carlotta disse enquanto pegava o café puro que ele gostava. – Venha, sente-se meu menino.
— Obrigado Carlotta! Ele disse enquanto se sentava e pegava a xícara. Um cookie de chocolate foi posto à sua frente e por mais que Matteo não gostasse muito de doces, naquele dia, o biscoito seria bem-vindo.
— Não posso negar que fiquei surpresa em vê-lo sozinho, mas entendo que tenha vindo. Minha menina ainda não o perdoou correto?
Matteo balançou a cabeça em negação e suspirou. Carlotta havia se tornado a única ponte que o ligava a Beatrice nos últimos meses enquanto ele a buscava. A mulher simples, mas de sabedoria ímpar, o havia feito ver que Beatrice tinha um lado que ele havia ignorado.
— Eu te disse antes e vou te dizer novamente: para uma menina como Beatrice ter se aberto ao amor depois de tudo pelo que passou e ter sido derrubada, é muito mais difícil perdoar do que para aqueles que como eu, teve um par de corações partidos e uns choros pelos abandonos. Beatrice é uma flor frágil, mesmo que seja tão forte. Ela se armou com o que conhece, para se proteger. Assim como você criou camadas duras e frias durante a sua vida, ela também o fez. A sobrevivência dela depende da forma como ela finge não se importar.
— Ela se importa! Eu vi. Ele disse sorrindo. — Ela sentiu ciúmes.  Tentou disfarçar, mas não conseguiu.
— É claro que ela se importa. Você acha mesmo que ela não se importaria depois de tudo o que viveram? Ela ainda o ama, mas não o quer mais.
— O que faço Carlotta?
— Mostre a ela que mudou. Mostre a ela que você é falho, mas que a ama.  Não prometa que nunca irá errar novamente, pois isso nunca seria levado a sério. Mas prometa a ela que você entende hoje melhor que seus erros têm consequências e que está disposto a sempre corrigi-los. E... A senhora deu um sorriso. — Ciúmes nunca é demais para despertar um sentimento... Não exagere, mas invista. Ela disse se levantando para atender um cliente que havia chegado.

Diurno - Entre A Luz E A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora