Capitulo 20 - Beatrice

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— BEATRICE! Você vai escolher esse vestido porque eu tô mandando! Alex disse fazendo um escândalo no meio da loja, a fazendo corar. Eles estavam no shopping e já era sábado. O dia que escolheram para fazer a festa de inauguração do novo empreendimento dos Morettis. Beatrice havia deixado até para o último momento a escolha de qualquer coisa relacionado a isso, com o objetivo de talvez, um meteoro cair e a salvar de ter que lidar com um lugar cheio de gente e um Matteo todo sorrisos para uma arquiteta. Infelizmente, o meteoro não caiu e sua presença fora requisitada.
— Ele está muito decotado Alex! Ela disse. Seu amigo não era responsável por nada sobre o empreendimento, mas estaria presente na festa como convidado e a havia arrastado para as compras, sabendo que no que dependesse dela, iria de calça social e terno.
— Meu bem, decotado minha bunda! Olha essas pernas! Se eu tivesse pernas como as suas, eu iria andar só com elas de fora. Ele disse, acariciando sua pele a fazendo rir. O vestido que estava experimentando era perfeito e a deixava linda como há muito tempo não se sentia. O vermelho bordô lhe dava uma sensação de quentura, enquanto o corte elegante do vestido ocultava suas aberturas pouco discretas, como a enorme fenda que se estendia até quase sua virilha direita. Por incrível que parecesse, o vestido havia  agido como luva em seu corpo, o que era de grande ajuda, já que não teria tempo de ajusta-lo.
— Meus seios estão a mostra! Ela reclamou, puxando um pouco do tecido, tentando se cobrir.
— Beatrice, pelo amor de Jesus Cristo! O decote dele é perfeito. Olha! Alex disse, contornando o tecido em torno de seus ombros. — A manga muscle tee quebra o decote que se estende do seu pescoço até o tronco, passando uma sensação de elegância ao mesmo tempo que um pouco de pele é mostrada. Seus seios se contornam na proporção certa, já que são pequenos e bonitos..  Alex continuou explicando coisas que não faziam o mínimo de sentido para ela, mas que a faziam sorrir.
Seu amigo havia se tornado ainda mais próximo depois de seu retorno para a Itália. Alex conhecia sua história, sabia do seu passado e pouco se importava com seu sobrenome. Ele havia cuidado dela, mesmo que de forma velada todas as vezes que os demônios a assombravam.
Beatrice não seria hipócrita de dizer que o sangue em suas mãos não voltava para asssombra-la, mesmo que o arrependimento não se fizesse presente. Mas saber que aquele lixo nunca mais tocaria uma criança, a dava forças para continuar. Saber que Pasquali, graças ao que ela havia coletado e com a ajuda de Lucca, divulgado na mídia brasileira, tinha sido derrubado do alto do seu pedestal e descoberto um grande esquema de pedofilia, a fazia respirar mais aliviada em suas noites sombrias. Alex não perguntava quando a via com olheiras ou olhos vermelhos, ele simplesmente chegava com um café forte e a fazia sorrir e era por isso que Beatrice havia aceitado os esforços dele e estava pagando pelo vestido caríssimo.
— Eu não acredito que estou pagando quase metade do meu salário em um vestido. Ela disse, ao passar o cartão e receber a sacola elegante.
— Prepare-se para gastar TODO seu salário hoje. Já que falta as sandálias e o salão. Ele disse enredando o braço ao seu.
— Seu telefone tá tocando Alex. Ela disse o cutucando.
— Eu sei. E também já imagino quem seja.
— Ele...
— Bea, é complicado! Você sabe...
— Mas vocês se gostam.
— Ele tem um nome que segundo diz, precisa manter! E eu não irei me submeter a insegurança de alguém. Eu durante toda a minha vida tive medo de ser quem sou e quando finalmente me livrei dessas amarras, me senti realizado. Eu não posso retroceder! Ele disse chateado e Beatrice preferiu não insistir.
Depois de comerem, e Beatrice ir ao salão para fazer o cabelo e maquiagem, ela conversou um pouco por chamada de vídeo com sua pequena Aurora. A menina estava falante, lhe contando dos brinquedos que havia comprado para Órion e que levaria no próximo dia que fosse dormir com ela. Em todo momento, Beatrice sorria, a menina era sua luz e seu acalento. Ter Aurora tão perto fechava um pouco do machucado que ainda sangrava todas as vezes que via Matteo. A menina, cada vez mais parecida com o pai na forma de falar e se portar, a fazia matar um pouco as saudades que sentia DELE.
Cada dia que passava ao lado de Matteo, era um tortura para seu corpo que em nenhum momento havia se esquecido em como era ser tocado por aquelas mãos, em ser beijado por aqueles lábios ou invadido pelo dele. Cada pequeno detalhe que ela fingia não ver, a abalava. Todas as vezes que chegava no escritório e tinha um café com um chocolate, ou a água fresca na sua mesa depois do almoço. Fora as vezes que ele a dispensava ao ver que estava aérea, ou a salvava diante de uma pergunta que ela não sabia responder. Cada pequeno detalhe do dia a dia que a fazia perceber que não o havia esquecido. Isso sem contar as noites que ia até a mansão e que o jantar era servido no quarto da pequena, como uma forma de força-la a se alimentar e os sons que sempre vinham da sala do piano. Matteo se dedicava, de uma forma que ela nunca imaginou ver, a uma melodia triste e encantadora. A curiosidade por diversas vezes quase a venceu, mas havia conseguido se controlar em não perguntar no que tanto ele trabalhava.

Diurno - Entre A Luz E A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora