Capitulo 9 - Matteo

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*Possui cenas de violência, pessoas sensíveis favor evitar.

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Matteo via Beatrice ali encolhida e ele simplesmente não sabia o que fazer. Eles estavam naquela casa maldita, aquele demônio estava no porão aguardando sua sentença e a mulher da sua vida estava na cama destruída. Pela primeira vez em mais de três meses, ele sentia novamente os cabelos dela, conseguia sentir dr perto o seu calor e isso o acalentava na mesma medida que aumentava o fogo do seu ódio por aquele verme. Se ele tivesse demorado ou se sequer tivesse ido ate os Estados Unidos, Beatrice estaria a mercê daquele sujeito e a culpa seria completamente sua. Ele a havia exposto a esse risco, era ele que a havia expulso da sua vida sem nenhuma proteção.
- Senhor, o maldito esta como solicitado.
- Ok... Eu... Ele entao olhou para Beatrice que havia adormecido. Matteo nao pretendia estender muito aquele momento, ele a queria longe dali o mais rapido possivel. Porém ele necessitava do sangue e dos gritos daquele maldito.
Receoso por deixar sua luz, mas muito sedento por sua vingança, Matteo a deixou com instruções claras àqueles homens para chamá-lo caso ela acordasse e desceu as escadas enquanto se preparava para o embate. Naquele momento, Matteo desligou qualquer piedade e humanidade que possuía e encarnou o temível Matteo Moretti. Assim que entrou, viu aquele verme desacordado, amarrado a cadeira, o olho que Beatrice havia ferido ainda sangrava, o maldito que tanto machucou a sua Luce estava ali a sua mercê e ele faria com que aquele homem sofresse tudo que ela sofreu. Matteo se aproximou e desferiu o tapa forte em seu rosto.
- Acorde desgraçado! Gritou.
O homem abriu o seu único olho e o encarou assustado, Matteo teve uma sensação agradável ao ver o medo refletido no olhar daquele monstro.
- Vo...você. Gaguejou.
- Quem mais seria? Você achou que iria colocar essas suas mãos nojentas em Beatrice novamente? Disse entredentes.
- Mas... mas vocês tinham se separado. Disse com a voz trêmula.
Ouvir aquilo foi como um soco no estômago e a culpa o corroeu, e se ele não tivesse chegado a tempo? E se Beatrice sofresse seus piores temores novamente?
- SOCORRO. Gritou a plenos pulmões.
- Pode gritar, ninguém vai vir ajudá-lo. Disse lhe dando um soco com toda sua força. - Essa não era sua intenção? Traze-la aqui para que ninguém soubesse?
- Por favor... Disse cuspindo sangue.
- Você achou que ia tocar nela mais uma vez seu desgraçado? Gritou próximo ao ouvido do homem fazendo-o encolher.
A porta se abriu e dois homens que foram enviados por Ângelo entraram segurando uma caixa que parecia pesada.
- Senhor Moretti trouxemos o que o senhor pediu. Disse um dos homens, Matteo teria uma dívida com Ângelo por toda ajuda oferecida.
Ao abrir a caixa ele encontrou tudo que precisava para que o desgraçado sentisse as piores dores possíveis. Uma das coisas que o seu maldito tio havia lhe ensinado muito bem, era como torturar um homem até ele implorar pela morte.
- O senhor precisa de alguma coisa? Perguntaram após ver que ele começaria a usar tudo que havia naquela caixa.
- Sim, tirem toda a sua roupa. Ele ordenou com asco enquanto apontava para Ricardo.
Matteo assistia o homem se debater e gritar por ajuda enquanto os homens lhe arrancava as roupas.
- POR FAVOR ALGUEM ME AJUDA. O desgraçado berrava ao ser amarrado novamente na cadeira totalmente nu.
Ver aquele homem tão vulnerável e implorando por ajuda arrancou um sorriso no rosto de Matteo.
- Por favor me tirem daqui! Eu tenho dinheiro, muito dinheiro, eu posso pagar o dobro do que ele está pagando a vocês! Dizia aos homens que ignoravam totalmente as palavras do sujeito.
- Podemos ajudar em algo mais? Perguntou o homem mais velho olhando para Pasquali com desdém.
- Podem se retirar. Matteo disse enquanto desfazia do seu casaco. Logo em seguida, dobrou suas mangas até os cotovelos e estalou os dedos.
Os homens apenas assentiram e saíram rapidamente.
- Agora somos só nós dois. Disse pegando um martelo que estava dentro da caixa e o girando, testando o seu peso, conferindo o seu tamanho.
- Rapaz por favor, podemos resolver isso como duas pessoas civilizadas.
- Acontece Pasquali... Disse cuspindo em seu rosto - Que eu não sou um homem civilizado. Falou desferindo um golpe com o martelo no joelho do maldito que urrou de dor fazendo Matteo gargalhar.
Andando ao seu redor enquanto ele gritava, em um movimento rápido acertou o outro joelho. Matteo apreciou cada lamuria, cada gemido de dor com um sorriso no rosto, a euforia começou a tomar seu corpo enquanto ele imaginava o que poderia fazer com aquele homem.
- Me ouça... nos podemos resolver isso... Dizia entre os gemidos. - Eu nem cheguei a tocá-la!
- Você não a tocou porque cheguei a tempo seu verme maldito! Falou batendo com o martelo na sua mão esquerda lhe arrancando mais um grito.
Matteo sentia seu coração acelerado e o seu corpo tomado pela adrenalina.
- É tudo mal entendido...
- É um mal entendido que você é porco estuprador? É isso que está querendo me dizer?
- Eu juro que nunca mais vou fazer isso. Eu aprendi com os meus erros. Me perdoe!
Cada palavra dita pelo desgraçado aumentava ainda mais o ódio de Matteo. Ele pegou uma pequena furadeira e a ligou. O barulho dela enviou arrepios de prazer pelo seu corpo no mesmo momento que via o homem implorar.
- Não se preocupe, não irei matá-lo. Ele disse, se aproximando enquanto a broca rodava rápida. - Ainda não. Ele disse sorrindo, tocando a clavícula do homem e vendo com satisfação o osso sendo perfurado e sentindo o cheiro de pele queimada. Pasquali quase desmaiou, mas Matteo fez questão de acorda-lo
Ele não morreria fácil, não mesmo!
Matteo olhou dentro da caixa e viu um objeto que se assemelhava a uma cabo de vassoura ou coisa do tipo, ele sabia para que aquele objeto era usado.
- Então o poderoso Ricardo Pasquali gosta de violar garotas indefesas? Me diga o que você faria se fizessem o mesmo com você? Perguntou pegando o objeto de madeira e indo em direção ao homem
- Não, não, não! Por favor não! Sua voz saiu suplicante seguida de um barulho de gotejos.
Matteo deu uma gargalhada ao ver que o homem havia urinado de medo ao saber sua real intenção. O desgraçado foi jogado no chão por Matteo ficando de bruços.
- NÃO! Pelo amor de Deus não. Implorou
- Você pensou em Deus quando abusava dela? Pensou?
- Por favor... Não faça isso.
Matteo ignorou suas súplicas introduzindo de uma única vez o pedaço de madeira no ânus do maldito, que gritava desesperadamente. Mesmo com o estômago embrulhando, ele não pararia, estava disposto a fazê-lo chegar ao limite. Ele sabia que o homem não tinha muito tempo, mas Matteo pegou um outro objeto, dessa vez um cabo com pequenas garras. Ele então introduziu aquilo no ânus do homem que sangrava e assim que puxou, viu pedaços de pele saírem.
Antes de colocá-lo novamente sentado Matteo desferiu diversos chutes no maldito que passou a chorar como uma criança até ficar desacordado. Matteo então pegou um injeção de adrenalina e aplicou. Ele não o deixaria dormir. Ele sentiria cada maldito golpe!
- Eu quero você acordado para quando eu arrancar cada um desses dedos imundos que ousaram tocá-la. Falou pegando um alicate de corte.
- Não por favor, você já fez o suficiente, eu me arrependi. Dizia com voz embargada.- Pelo amor de Deus não faça isso. Ele gritou assim que Matteo fechou o alicate no seu indicador e o puxou.
- Deus não esta aqui, ele repudia pessoas como você! Disse enquanto arrancava um por um dos dedos do sujeito e por fim, seu maldito pênis. Pasquali já estava quase morto e inerte, mas Matteo não o deixaria morrer, ainda não. E foi por isso que aplicou mais doses de adrenalina. Foi então que ele ouviu um movimento as suas costas e ao se virar, viu Beatrice caminhar dentro daquele lugar pequeno e fétido. Seus pés delicados e descalços andavam com segurança sobre a sujeira daquele porão e suas mãos cerradas demonstravam algo que ele nunca havia visto nela, mas que acreditava que ela era extremamente capaz de sentir: ódio. Ver ela ali, o tirou daquele lugar que sempre se escondia quando precisava se desligar.
- Beatrice. Ele tentou argumentar, enquanto sentia seu coração acelerado. Seus olhos desviaram para suas mãos ensanguentadas e por um momento ele se sentiu contrangido ao ser visto por ela daquela forma, como um animal.
- Então você acreditou que sairia impune novamente ne? Ela gritou, não desviando o olhar por nenhum momento da sua presa. Sim, Pasquali naquele momento era uma presa daquela mulher imponente que caminhava com segurança e dominava o ambiente.
- Por favor... Por favor. O homem começou a suplicar como o grande merda que era. Pela primeira vez desde que ela chegara ali, seu olhar cruzou com o de Matteo e a força daqueles olhos esmeraldas que queimavam o incendiaram.
- Está com seu celular? Ela questionou. Matteo conseguiu apenas balançar a cabeça enquanto da sua mão o alicate escorregava atéo chão. Ele olhou para o bolso, indicando o local onde o telefone estava e Beatrice sem pensar duas vezes colocou a mão no bolso da sua calça e o tirou. Ela não se importava com o sangue que escorria daquele lugar, nem com o cheiro de urina ou morte que rondava. Ela tinha um objetivo e Matteo sabia que não poderia impedi-la.
- Então você é um maldito que abusa de meninas ne? Você é um desgraçado que acabou com várias vidas?
- Beatrice, me perdoe, por favor.
- Cala a merda da boca e me ouça! Ela gritou. Assustando tanto ele quanto o maldito. - Você irá confessar! Irá confessar cada maldito crime que cometeu. Se apresse e comece!
- Eu não posso fazer isso!
- Matteo, que tal cerrar um braço? Ela disse sombria e Matteo sabia que o que quer que ela mandasse, ele faria. Aquela dor era dele, mas muito mais dela e a justiça também seria. Assim que ele caminhou para a mesa com os instrumentos o homem começou a implorar e concordou. Pasquali estava ainda vivo e falando pela quantidade de adrenalina inserida em seu coração, porque assim que o efeito acabasse, o maldito morreria.
Beatrice começou a gravar cada atrocidade que aquele maldito dizia, cada detalhe tórrido de como ele, dia após dia destruía uma criança e pregava sobre justiça no seu trono de iniquidade e sujeira. Depois de terminado aquela confissão, Matteo se sentia anjoado enquanto via Beatrice estática. Assim que ele estava pronto para caminhar até ela, Beatrice despertou e indo até sua direção, arrancou a arma que estava na sua cintura o assustando e apontando para Pasquali, com as mãos tremulas disse: - Você nunca mais fará isso a ninguém. O mundo estará livre de um monstro como você! Seu nome nunca mais será esquecido, mas agora todos se lembrarão como o poderoso ministro de Justiça era um pscicopata da pior espécie! Ela gritou e deu o primeiro disparo. O tiro acertou o ombro do homem que gritou. Beatrice começou a caminhar para mais próximo e deu o segundo tiro, o qual transpassou seu crânio, deixando um buraco no meio da testa. Matteo achou que ela pararia ali, mas Beatrice então continuou. Ela se aproximava e atirava no corpo já sem vida. Seu grito de dor estridente cortou a alma de Matteo e as lágrimas que começaram a escorrer dos olhos dela, destruíram seu coração enquanto ele sabia perfeitamente como era a nuvem que a estava envolvendo. Matteo a via se afundar enquanto continuava apertando o gatilho que já não possuía nenhuma bala mais. Ele se aproximou e a puxou pra si, a envolvendo em seus braços.
- Olhe para mim! Beatrice, minha luz, volte. Matteo dizia enquanto a segurava. Havia uma escuridão no fundo daquelas íris sempre tão claras que o assustou como o inferno.
- Matteo?
- Sim, sou eu, Matteo. Ele disse respirando enquanto a abraçava. Ele sabia qual era a sensação, sabia como era se perder em uma nuvem negra e densa, sabia como era não ter uma luz a sua frente para guiá-lo e se agarrar.
Beatrice havia sido aquela luz em sua vida e agora ele seria a luz dela. Ele sabia, mais que ninguém, como era sentir seus membros trêmulos, coração acelerado e boca seca depois de tudo aquilo, depois de se vingar de um pesadelo de anos.

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Eles estavam em silêncio enquanto Matteo dirigia para o hospital. Depois de tomados banho e se vestirem, Beatrice insistiu para ver o professor. Matteo não queria deixa-la sozinha por mais que ela tivesse insistido. Beatrice se mantinha calma e ele tinha medo de quando fosse se despedaçar. Ele havia mandado mensagem para Giovanna avisando que havia conseguido chegar a tempo e que conversaria com ela depois. Giovanna começou a ligar para ele, mas Matteo desligou o telefone enquanto pensava quais seriam suas ações a partir dali.
Beatrice não tirava os olhos da rua e ele não tirava os olhos dela. Assim que chegaram ao hospital ela desceu correndo indo até a recepção.
- Por favor, onde está Lucca Cantelli?
- Senhorita, só um momento. A recepcionista respondeu enquanto digitava. - Não estou encontrando.
- Lucca nao! É Adam. Adam Harris.
- Ele acabou de sair da cirurgia. Está na UTI.
- Posso vê-lo?
- Ainda não é permitido visitas.
- Preciso vê-lo!
- A senhorita é o que dele?
- Eu sou...
- Irmã. Matteo interviu enquanto Beatrice o fulminava com o olhar.
- Assim que ele puder receber visitas, te aviso. A mulher disse apontando para a sala de espera.
Eles caminharam em silêncio e a forma que Beatrice se balançava e orava para que o professor ficasse bem, o incomodou.
- Beatrice, precisamos falar sobre o que aconteceu. Ele disse nervoso. Estava extremamente preocupado com a reação dela pós morte do sujeito.
- Eu não me arrependo. Ela respondeu o encarando. Matteo sabia, sabia como era a sensação após matar a primeira pessoa mesmo que ela merecesse.
- Você não deve se arrepender. Mas precisamos falar sobre isso.
- Não há nada para falar senhor.
- Beatrice! Ele recriminou ao ouvir o senhor da sua boca. Seu coração começou a se acelerar enquanto a observava.
- Senhor Moretti, agradeço pela preocupação e pelo que fez. Nunca poderei pagar minha dívida, pois uma vida só se paga com outra vida.
- O que...
- O pouparei de ter que lidar com uma Grecco baixa e vil. Não é necessário lidar mais com essa puta bem treinada senhor Moretti. Gostaria que não me procurasse mais. Ela disse o encarando enquanto Matteo era jogado nas malditas palavras proferidas por ele naquele dia.

Continua...

Diurno - Entre A Luz E A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora