Epílogo

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Algum tempo depois...

- Matteo, acho que ele está vindo! Beatrice chamou o marido que dormia ao seu lado. Nos últimos dias tiveram vários alarmes falsos sobre a vinda do bebê, porém dessa vez ela sentia o meio das suas pernas enxarcadas, molhando também toda a cama debaixo dela.
- O que? Ele murmurou sonolento.
- O bebê, está vindo. Ela disse ofegante enquanto uma pontada a assaltava.
- O bebê? Matteo gritou, pulando da cama. – Anda, vem, vamos para o hospital!
- Vista a calça antes Matteo, você não pode ir de cueca! Ela sorriu, dando logo em seguida com um grito de dor.
Matteo a carregou no colo e desceram as escadas, sendo seguidos por Giovanna que acordou com os barulhos que faziam.
- Matteo, já liguei para a Mariana e ela está esperando vocês! A sala de parto está pronta.
- As malas. Ela falou ofegante.
- Já estão no carro! Giovanna disse saltitante. Apesar de ser tia de Aurora, ela estava ansiosa pela vindo do novo membro da família.
***
- Olá Beatrice! Mariana a cumprimentou enquanto gritava e se contorcia de dor. O bebê parecia estar rasgando cada parte do seu corpo. – Vamos levar ela até a sala para saber como está a dilatação e se já está na hora.
- É claro que está na hora! Ela está com muita dor. Matteo contestou enquanto Beatrice esmagava sua mão com mais uma contração que a assaltava.
- Quanto tempo entre uma contração e outra?
- Estava em torno de dez minutos, mas agora já está cinco. Giovanna respondeu.
- Vou levá-la.
- Vou junto!
- Ainda não Matteo. Vamos fazer o toque e ver se já está pronta para ir até a sala de parto. Eu já te chamo.

***
Matteo.

Ele caminhava de um lado para o outro enquanto esperava notícias da sua esposa e filho. Giovanna tagarelava sem parar o dando dor de cabeça e ele só queria gritar que parasse, mas nem forças para isso estava tendo. Pietro chegou junto com a esposa assim que amanheceu o dia e Donatella apareceu para se unir a Giovanna em uma conversa sem fim.
Os Morettis e Greccos juntos assustavam todos que estavam no hospital, pois além das suas presenças imponentes, os homens cercavam todo o prédio e corredor.
- Mas aquele não é o policial? Giovanna questionou baixo e Matteo olhou para onde a atenção da sua irmã estava.
O policial, Viccenzo estava na outra porta do corredor e caminhava de um lado a outro. Parecia preocupado. No mesmo instante, Mariana saiu e sua atenção se focou completamente a ela.
- Bea está pronta, pode vir papai.
Praticamente correndo, Matteo acompanhou a amiga até a sala que Beatrice gemia de dor. Ela estava sentada em uma banheira completamente nua e seus cabelos presos com fios soltos grudados em sua testa pelo suor.
- Matteo!
- Estou aqui mia Luce.
- Me abraça! Aiii, tá doendo.
- Acalme, vai ficar tudo bem. Ele sussurrou, porém não sabia se era para ela ou para si mesmo.
Matteo descalçou os chinelos, tirou a calça e camisa e entrou na banheira junto com ela. Ele se posicionou atrás dela e com cuidado, aconchegou seu pequeno corpo ao dele, tocando sua barriga inchada. A cada contração que ela sentia, Matteo percebia a movimentação de todo o seu corpo ao tentar expulsar o bebê.
- Isso Bea! Já estou vendo a cabeça. Mariana disse sorrindo e Matteo olhou para onde a médica observava, se sentindo levemente desesperado ao ver uma cabeça saindo da vagina da sua esposa. – Assim que vir novamente a contração, empurra com toda a sua força.
Eles ficaram naquilo que pareceu dias, até que com mais um empurrão, o corpo pequeno escorregou para fora em um último grito de Beatrice.
- Corte o cordão papai! Mariana disse, dando uma tesoura para Matteo que olhava com olhos arregalados aquele pequeno corpo. Com mãos tremulas, ele cortou o cordão que o ligava a mãe e ouviu pela primeira vez o choro do seu filho. Foi inevitável sentir seu coração se expandindo ainda mais para caber aquele pequeno ser que se inseria em seu mundo e com alegria viu o bebê ser colocado sobre Beatrice, já buscando o seio dela que o amamentaria pelos próximos meses.
Sua esposa chorava enquanto contornava cada parte do pequeno corpinho que ainda estava sujo.
- Saulo... Ela sussurrou, beijando a testa do menino. – O meu menino do milagre.
- Obrigado meu amor. Ele disse ao ouvido dela, enquanto beijava seu rosto. Ali, naquele momento, sua família estava completa e Matteo era o homem mais feliz que um dia pisou nessa terra.

****
1 mês depois

- Ele tem seus cabelos! Beatrice disse enquanto passava a mão no cabelo preto de Saulo. Seu menino já tinha um mês de vida e sua casa era uma loucura de bebê chorando, Aurora com ciúmes e ao mesmo tempo apaixonada pelo irmão e os priminhos,  filhos de Pietro, correndo de um lado ao outro.
- E ele tem seus olhos! Ele sorriu, a beijando. Seu menino tinha os olhos verdes como os de Beatrice, como as milhares de estrelas em uma Aurora Boreal.
A casa dia que ele crescia, eles se encantavam mais com as pequenas características que enxergavam de si mesmos nele. As vezes a ruga na testa que Matteo possuía, outras vezes a pequena covinha no queixo ao sorrir, como de Beatrice e outras vezes o bico que fazia como Aurora.
- Matteo! Giovanna gritou, enquanto corria ao seu encontro.  - Eu trouxe alguém que gostaria que conhecesse!
Assim que sua irmã disse isso, Ana apareceu carregando uma pequena criança que chorava.
- Quem é? Beatrice perguntou, se levantando do sofá e indo de encontro a menina.
- Ela se chama Cecília, eu me ofereci para cuidar dela por esses dias!
- Como assim Giovanna? De quem é essa criança?
- Se lembra do policial? Viccenzo? Ele concordou com a cabeça. - Então... A menina dele é que estava no hospital no dia que Bea pariu.  Ela está doente e eu acabei visitando ela todos esses dias no hospital.  E agora ele precisou viajar a trabalho e estava desesperado porque não sabia o que iria fazer com a pequena, então eu me dispus a ajudar.  Ela respondeu dando de ombros.
- E o policial deixou você trazer a filha dele para minha casa???
- Sim. Bom, tecnicamente a casa é minha também, então... Ele deixou eu trazer Cecília para minha casa.
Giovanna sorriu enquanto pegava a menina no colo e imediatamente ela se calava ao se aconchegar em seus braços.

Mal sabia Giovanna que aquele era o início da sua própria história...

FIM

****

Aqui se finaliza a linda história de Matteo e Beatrice que em sua escuridão, encontraram a luz um no outro. Para que exista a luz, e necessário passar pelas trevas, para que exista felicidade, é necessário passar pela tristeza e para que exista amor, é necessário saber o poder do ódio.

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Diurno - Entre A Luz E A EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora