- Força, minha querida! Empurre só mais uma vez! - Dizia Benedita.
- Benedita, eu não tenho mais forças... - Violeta já estava desfalecendo sobre aquela cama, pois o parto estava sendo mais difícil do que ela imaginava.
- Aguente firme, já estou vendo a cabecinha da criança. Faça isso pelo seu bebê, você consegue!
E após empurrar novamente, a criança nasceu. Era uma linda menina de olhinhos curiosos e cabelos castanho escuro igual a mãe. Tinha uma manchinha no bumbum que se assemelhava a um formato de coração, como todas as mulheres da família.
Violeta pegou a menina nos braços após Benedita, a parteira, limpá-la corretamente. Ficou encantada. Apesar das circunstâncias, se sentia a mulher mais feliz do mundo. Tinha 20 anos, era jovem e estava decidida a lutar para dar o melhor para sua filha.
- Eu prometo ser a melhor mãe que você poderia ter, meu amor. E apesar de seu avô não nos querer, eu juro que seremos felizes. - Violeta dizia enquanto acariciava o rosto da pequena.
- Qual o nome dela? - Perguntou Benedita, feliz.
- Helena. Minha doce Helena. - Disse sorrindo.
- Você sabe que deve se apressar em fugir deste lugar antes que seu pai volte, não sabe? Não creio que ele lhe fará mal, mas quanto à criança, não posso garantir.
Nesse momento o coração de Violeta se apertou.
- Você tem toda razão, Benê. Mas acredito que não consiga me movimentar direito, foi um parto difícil, você sabe.
- Eu disse a seu pai que a menina nasceria em 5 dias, então creio que ele não voltará antes disso. Descanse esta noite e parta amanhã no mais tardar ao pôr do sol.
Benedita foi a parteira contratada pelo pai de Violeta para cuidar dela durante a gravidez. As duas criaram um grande laço, e Benedita prometeu ajudá-la a escapar do Coronel. Não o fizera antes porque a fazenda era cercada por guardas armados, mas já tinha todo um plano arquitetado para fugirem sem que ninguém percebesse.
A noite caiu e Violeta não se desgrudou um instante de Helena, aproveitou ao máximo aquela primeira noite com a filha. Quando o dia clareou, ela se levantou e colocou alguns pertences na mala. Se trocou, arrumou a pequena e colocou em seu pescoço a medalha de Santa Helena.
- Para protegê-la de todo mal, meu amor. - Disse beijando seu rosto.
Neste momento o Coronel Afrânio abre de forma abrupta a porta, acompanhado de 5 homens.
- Papai! - Violeta fica assustada ao vê-lo.
- Vejo que sua pequena bastarda acaba de nascer. - Disse ele, surpreso.
- Papai, me deixe ir embora com minha filha, eu te imploro. Nos deixe ir e nunca mais saberá de nosso paradeiro, eu lhe prometo.
- E depois? Me diga, e depois? - Disse ele, aos gritos - Serei chacota da sociedade? Serei chacota por ter uma filha desonrada, sem marido e com uma bastarda nos braços? Não mesmo, Violeta! Essa criança não ficará com você! Meu nome não será motivo de piada neste país! - Já estava descontrolado.
- Não permito que se aproxime da minha filha! Fique longe! - Violeta dizia, nervosa.
- Você não tem autoridade para proibir nada! É minha filha, e ainda por cima mulher, não tem direitos!
A essa altura a pequena Helena já chorava nos braços de Violeta, pois toda a confusão acordara a pequena.
- Podem pegar! - Ordenou o coronel à seus homens, que sem o mínimo de compaixão arrancaram a menina dos braços de Violeta, que sem conseguir impedir, foi trancada no quarto, ficando desesperada por toda tragédia que sua vida havia se transformado.
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Laços de Amor
RomanceVioleta Camargo é uma mulher que carrega dentro de si uma dor que dilacera sua alma. Há dez anos o pai arrancou sua filha de seus braços assim que a criança nasceu e nunca disse o paradeiro da menina. Violeta, desde então, luta com unhas e dentes pa...