Violeta Camargo é uma mulher que carrega dentro de si uma dor que dilacera sua alma. Há dez anos o pai arrancou sua filha de seus braços assim que a criança nasceu e nunca disse o paradeiro da menina. Violeta, desde então, luta com unhas e dentes pa...
- Muito bem, senhora Violeta. - Retribuiu o sorriso falso.
- Amigos! - Violeta sorri para os pais de Arminda - Há quanto tempo não nos vemos!
- Temos que marcar algo, Violeta. - Disse Julia.
- Que tal se todos nós fossemos almoçar em um restaurante bem legal? Eu, Arminda, dona Violeta, papai... - Isadora disse.
- Uma ótima ideia, Dorinha. - Disse Julia. - Podemos marcar em breve.
- Minha filha, a dona Violeta é uma mulher muito ocupada, não poderá ir. - Eugênio se adiantou.
- Quem pensa que é para dizer onde vou ou não? - Violeta o questiona. - Pode marcar e conte com a minha presença.
- Não quis dizer que sou alguém para proibi-la de nada, senhora, eu apenas...
- Sei bem o que quis dizer. É típico os homens como o senhor tentarem mandar em nós mulheres, o "sexo frágil".
- Por Deus, a senhora nunca deixa ninguém falar?
- Não precisa! Sei bem o que os machistas como você pensam a nosso respeito!
- A senhora ach... - foi interrompido.
- Quando tiver a data me ligue, Julia. Vou dar atenção aos outros convidados, até mais. Me acompanha, Isadora?
Saíram.
- Que gênio dos diabos essa mulher tem! - Eugênio disse.
- Violeta é uma mulher que não leva desaforos para casa, Eugênio. - Disse Julia.
- E apesar de todo esse gênio difícil, fica mais bonita a cada ano, impressionante. - Constantino falou.
- Bonita? A grosseria desta senhora não me permitiu reparar na aparência dela. - Eugênio fingiu que não havia reparado.
- Duvido muito, meu amigo. A beleza de Violeta Camargo nunca passa despercebida.
Eugênio ficou pensativo.
Durante toda a festa, Isadora não se desgrudou de Violeta. A conexão que ambas sentiram era algo inexplicável.
- Sabe, dona Violeta...
- Meu amor, não precisa me chamar de dona, apenas Violeta.
Isadora sorri.
- Sabe, Violeta... A senhora é uma mulher muito linda e me trata tão bem... Melhor até do que a minha mãe.
Violeta fica surpresa.
- Como assim melhor do que a sua mãe?
- A mamãe não gosta de mim, eu sei disso.
- Minha querida, não diga isso... Ela te ama.
- Não ama, infelizmente. Nunca me dá carinho e não permite que eu me aproxime dela.
Violeta fica sem palavras.
- Só o papai me ama naquela casa. Ele me dá carinho, atenção, cuida de mim, brinca comigo, me leva ao parque... É o melhor pai do mundo.
Violeta mais uma vez foi surpreendida com um lado de Eugênio que ela não imaginava ser possível existir. Ficou encantada quando a menina contou a ela o quão amoroso e atencioso o pai era.
Ao fim da festa, todos se despediram e voltaram para suas casas. Isadora brilhava de tanta felicidade, sem dúvidas ficou encantada por Violeta.
Já em casa, Eugênio a colocava para dormir. Deu um beijo em sua testa e a cobriu.
- Muito bem, senhorita. Já colocou seu pijama então é hora de dormir, amanhã é dia de aula.
- Sabe, papai... - Isadora sorriu - Queria que a mamãe fosse igual a Violeta.
- Como assim, meu amor?
- Ela é tão maravilhosa, papai. Me trata tão bem, é gentil, me abraça, me dá carinho...
Eugênio sentiu seu coração alegre com o que a filha disse.
- É mesmo? Gosta muito dela? - Sorriu
- Muito. Por que não larga a mamãe e se casa com ela? - Disse na inocência.
- Fi... Filha, mas que ideia é essa? Na... Não repita essa, essa bobagem. - Disse tentando fugir do assunto.
"Imagina, eu casado com aquela entojada da Violeta. Nem no dia do são nunca." - Pensou Eugênio, enquanto Isadora continuava tagarelando.
Dia seguinte
Casa de Violeta
- Bom dia! - Violeta disse se sentando para tomar café com Heloísa.
- Bom dia, Bela Adormecida.
- Dormi mais que a cama, estava exausta. - Disse enquanto se servia com café e uma fatia de bolo de cenoura, seu preferido.
- A festa estava linda, minha irmã. - Heloísa sorriu. - E pude perceber o porquê a senhorita ficou encanta pela Isadora. Um doce de menina, até eu fiquei apaixonada por ela.
Violeta sorriu.
- Sem dúvidas é uma criança muito especial.
- Agora, curioso... Não vi a mãe dela, somente o pai.
- Ah, minha irmã... A menina me disse que a mãe não gosta dela. Que não dá carinho e que a rejeita.
- Meu Deus, Violeta! Como é possível?
- Me pergunto a mesma coisa... Mas ao menos tem o pai, que a trata como uma princesa. - sorriu quando falou - Ela me disse que o Eugênio brinca de boneca com ela, e que inclusive permite que a menina pinte suas unhas, mas em segredo, claro. - Seus olhos brilhavam enquanto ela falava. Quando olhou para Heloisa, notou uma feição estranha, percebeu que a irmã segurava o riso. - O que foi?
- Nada... - Tentou fugir do assunto, tomando um gole de café.
- Desembuche.
- Muito bem. Notei que seus olhos brilharam quando falou do Eugênio.
- O que quer dizer com isso?
- Não quero dizer nada, foi apenas um comentário. - Disse, irônica.
- Ah Heloisa, chega de ironias! Seja direta.
Heloisa colocou a xícara de volta à mesa.
- Minha querida, você ainda é tão jovem. Tão linda... - Sorriu - Não acha que já é hora de encontrar um novo amor?
Violeta ficou surpresa.
- Novo amor? Mas quem disse que eu quero um novo amor? - Neste momento vieram à sua mente imagens do dia que viu Eugênio pela primeira vez, na porta do banheiro, e também da noite anterior. Imediatamente balançou a cabeça, como se estivesse espantando aqueles pensamentos. - Chega desse assunto, já estou atrasada!
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