Turbilhão de emoções

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Aquela tinha sido uma noite difícil para Violeta. Mal conseguiu pregar os olhos, pois não conseguia parar de olhar a fotografia da filha. A noite passou arrastada, e após um café da manhã rápido foi para a escola com a irmã, queria enfiar a cara no trabalho para tentar não pensar tanto.

Chegou e foi direto para sua sala. Passou a manhã toda resolvendo problemas, lendo contratos, respondendo telegramas... Foi aí que perto da hora do almoço dona Iara avisa que a mãe de Isadora queria conversar com ela. Violeta ficou pensativa sobre o motivo da conversa, mas permitiu que ela entrasse.

Violeta estava sentada em sua mesa, e quando Úrsula passou pela porta, fez sinal para que ela se sentasse também.

- Muito bem, Úrsula, o que te traz aqui?

Úrsula estava sentada na frente de Violeta, a olhando com cara de psicopata.

- O Eugênio me trás aqui.

- Não entendo...

- Eu sei que vocês são amantes. Não tem vergonha de destruir uma família?

Violeta ficou sem reação.

- Não sei do que está fal...

- Não seja sínica, Violeta! - se levantou - Eu sei que você é amante do meu marido, sua polaca safada!

Nessa hora o sangue de Violeta ferveu e ela se levantou também, dando a volta na mesa e parando na frente de Úrsula.

- Escuta aqui, Úrsula! Não admito que venha ao meu local de trabalho me ofender, ouviu bem?

- Por acaso está com medo que os pais de suas alunas saibam que suas filhas estudam na escola de uma perdida destruidora de lares?

- Dobre sua língua para falar de mim, ouviu bem? Quem pensa que é? - Violeta apontou o dedo na cara dela.

- Sou muito mais digna do que você! Sou uma senhora casada, uma mãe de família!

- Pois para mim não passa de uma inútil e preguiçosa que nunca trabalhou na vida e depende do marido para tudo, uma péssima mãe que não sabe dar carinho para a própria filha e uma esposa de fachada, que o marido não ama e nunca vai amar! - Jogou verdades na cara de Úrsula.

- Ah, é mesmo? Não ama, mas está casado comigo! - Levantou a mão, mostrando a aliança para Violeta, que deu um sorriso debochado dizendo:

- De que vale um papel? Para mim vale muito mais os abraços e os beijos que ele me dá... As palavras de amor que ele fala no meu ouvido quando estamos sozinhos... NA CAMA - Deu uma entonação especial quando disse " na cama", deixando Úrsula furiosa. A megera fez menção de dar um tapa na cara de Violeta, que segurou sua mão no ar antes que ela conseguisse. - Não se atreva! - Úrsula puxou a mão, se afastando em direção a porta.

- Isso vai ter volta! Não pense que deixarei que fique com minha família, Violeta. Antes disso eu te mato! Juro que te mato! - E saiu feito um furacão, deixando Violeta pulsando de ódio em sua sala.

Não demorou muito e Violeta ligou para Eugênio, pedindo que ele fosse encontrá-la ali. Ele aproveitou que ia deixar Isadora e entrou para conversar com sua amada.

Deu um beijo carinhoso nela quando a viu, então se sentaram no sofá, de mãos dadas.

- Úrsula acaba de sair daqui, veio me confrontar.

- Imaginei que ela viria, ontem recebeu a notícia do divórcio e ficou furiosa, falou tantos absurdos...

- Ela também me falou absurdos, Eugênio. Disse que era capaz de me matar para não permitir que fiquemos juntos!

- Ela não chegaria a tanto... - Tentou tranquilizá-la.

- Aquela imunda teve a ousadia de vir ao meu trabalho para me insultar! - estava furiosa - E ainda por cima tentou me agredir!

- Ela te machucou?

- Ora, por favor! Por quem me toma? Acha que eu apanharia da Úrsula? No fim das contas quem saiu machucada foi ela com as coisas que esfreguei em sua cara. - Contou, satisfeita.

- Como o quê?

- Que você me ama. Que fala palavras de amor no meu ouvido quando estamos sozinhos... Na cama.

Eugênio sorriu.

- Ela deve ter ficado furiosa.

- Ela bem que mereceu. Ela também o insultou?

- Sim, a nós dois e até mesmo Isadora, mas a coloquei em seu devido lugar.

- Como ela teve coragem de insultar a própria filha? - Violeta se levantou em um supetão de tanto ódio que sentiu. - O que ela disse?

- Calma - Eugênio se levantou, a abraçando -  Não dê importância, ela está transtornada.

Foi aí que Eugênio se lembrou das palavras de Úrsula na noite passada: "Se você me abandonar eu conto tudo para Isadora. Conto que ela é uma bastarda que foi rejeitada pela mãe ao nascer. Provavelmente a mãe era uma vagabunda igual a sua amante, por isso não quis essa garota insuportável."

Ficou tão desnorteado ao lembrar daquelas palavras que se separou de Violeta e sentou-se novamente no sofá, zonzo. Violeta se sentou ao seu lado, preocupada.

- Está tudo bem? 

- Minha... Minha pressão, acho que ela caiu...

- Um momento, vou pegar uma água para você, meu amor. Não se levante!

Saiu às pressas, deixando Eugênio com um turbilhão de pensamentos. As palavras de Úrsula vinham a sua mente misturadas com imagens do dia que Isadora chegou em sua vida, ao mesmo tempo que também se recordava do dia em que violeta lhe contou sobre sua filha, de imagens de Violeta com Isadora juntas, e por fim se lembrou da manchinha em formato de coração que Violeta tinha no bumbum. Foi aí que seu coração quase parou.

Quando voltou com a água de Eugênio, a sala estava vazia. A única coisa que havia era um bilhete deixado por ele dizendo "Precisei ir. Te amo"

Nesse momento Violeta teve um pressentimento, sentiu seu coração doer, como se algo ruim fosse acontecer com alguém que ela ama muito.

Laços de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora