O que você fez comigo?

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Quando se deu conta do que estava fazendo, Violeta se afastou, assustada, olhando para os lados.

-Ficou louco, Eugênio? Perdeu o juízo? - estava ofegante. 

-Me perdoa, Violeta, não sei o que me deu... - disse Eugênio, atordoado.

Violeta então se levantou, e Eugênio fez o mesmo.

-Eu achei que você fosse diferente, Eugênio. -Falava com tristeza no olhar. - Adeus.

- Violeta, por favor, não vá embora...

Ela então saiu depressa daquele lugar, deixando Eugênio sem reação. Ficou em transe por alguns momentos, e quando voltou a cair em si, percebeu que o lenço de Violeta havia ficado ali na toalha de piquenique. Ele se abaixou para pegá-lo, levando-o ao nariz e sentindo o perfume de Violeta. Então sorriu, se dando conta que estava perdidamente apaixonado por aquela mulher.

Violeta chegou em casa aos prantos e se trancou no quarto. Deus graças a Deus por Heloísa não estar em casa, se não a encheria de perguntas, que ela não queria e não saberia responder.

-Ah, Eugênio... O que você fez comigo? - Chorou mais ainda ao perceber que estava perdidamente apaixonada por aquele homem.

Dias depois...

Violeta estava evitando Eugênio a todo custo. Na segunda-feira não foi trabalhar, na terça chegou depois do horário que as crianças chegavam, e na quarta-feira não foi trabalhar novamente. Na quinta, compareceu ao trabalho mas deu ordens à dona Iara para que não deixasse que ninguém a incomodasse. Todos esses dias Eugênio procurou por ela, mas não teve sucesso em sua busca.

-Dona violeta? - disse dona Iara do outro lado do telefone. - Isadora está aqui e disse que não arreda o pé enquanto não falar com a senhora.

-Deixe ela entrar.

Assim que entrou, Isadora foi correndo abraçá-la. Violeta então a colocou em seu colo.

-Aconteceu alguma coisa?

-Não... Estava com saudade. Aquele dia no parque você foi embora e nem se despediu de mim, eu fiz alguma coisa que te deixou brava? Se fiz, por favor me perdoa, eu prometo que vou me comportar a partir de hoje!

-Meu amor, você não fez nada... eu tive que ir embora as pressas porque... tive um problema na minha casa, só isso. E eu jamais ficaria brava com você. - Violeta a abraçou.

- Então foi o meu pai que fez alguma coisa, não foi? Eu li em um livro que quando estão apaixonados, os homens costumam ser bobos, meu pai foi bobo com você?

Violeta ficou sem reação.

- Apaixonado?

- Sim, meu pai está apaixonado por você, ouvi ele falando com meu tio que chegou hoje pela manhã... Mas não conta pra ele que eu te falei, por favor...

Violeta não falou nada, apenas abraçou a menina enquanto digeria aquela informação.
Na casa de Eugênio, seu irmão Leônidas terminava de se instalar no quarto de hóspedes.

-Então se beijaram? - perguntou Leônidas. - como ela reagiu?

- Fugiu de mim, e continua a fugir. Tem me evitado tal qual o diabo foge da cruz, meu irmão.

- É normal, Eugênio. Deve estar assustada com tudo isso. Além do que você é casado, não se esqueça disso...

Eugênio respirou fundo

- Estou decidido a pedir o desquite. Não posso ficar preso a um casamento sem amor agora que finalmente descobri o que é esse sentimento.

- Finalmente se livrará dessa cascavel, meu irmão!

- Queira Deus que tudo dê certo e ela não tente fazer uma besteira... Mas, mudando de assunto, me conte mais sobre o seu novo caso?

- A mulher me dará mais informações quando nos encontrarmos. Quem entrou em contato comigo foi a irmã dela, uma moça muito simpática, você precisava ver...

Leônidas era detetive particular, um dos melhores do país. Sua fama era conhecida até no exterior graças a sua competência. Violeta o conheceu através de Heloísa, que leu no jornal um de seus casos e contou a irmã sobre a boa fama do detetive. Violeta então pediu que entrasse em contato com ele, pois queria que ele assumisse o caso de sua filha perdida.
Na hora marcada, Violeta foi ao encontro de Leônidas, com todas as informações sobre o dia em que sua filha foi roubada. Ele achou uma grande coincidência ela ter o mesmo nome da mulher que seu irmão estava apaixonado, mas pensou ser apenas isso, uma coincidência.

Casa de Violeta

- Como foi com o detetive? - perguntou Heloísa assim que violeta entrou e se sentou.

- Bem, senti confiança nele. Queira a Deus que ele encontre minha filha e me tire dessa tormenta que já dura dez anos. - suspirou.

- Minha irmã, tenho notado você cabisbaixa ultimamente... Posso te ajudar em alguma coisa?

Violeta sorriu de nervoso, balançando a cabeça.

- Ninguém pode me ajudar, Heloísa.

- Tudo bem, mas na pior das hipóteses você me conta e desabafa para se sentir mais leve. - Violeta hesitou, não queria contar. - Anda, o que te aflige? - insistiu.

Violeta respirou fundo.

- Eu estou completamente apaixonada pelo Eugênio! - Falou depressa, como se a rapidez da frase fosse apagar a força daquele sentimento. Heloísa ficou boquiaberta.

- Mas como? Quando? Me conta tudo!

Violeta suspirou.

- Depois daquele jantar eu mudei meu olhar sobre ele, Heloísa. Percebi que é um bom homem, cavalheiro, bom pai...

- Bonitão.. - disse Heloísa, fazendo violeta revirar os olhos.

- Aconteceu no parque. Isadora foi alimentar os bichos e ficamos a sós. Não sei como, Heloísa, não sei como - gesticulava nervosa- mas meu batom borrou e ele se ofereceu para limpar, então pegou meu lenço e o fez. Daí nos beijamos... E foi maravilhoso... - começou a chorar. Heloísa a abraçou.

- Não se sinta culpada, minha irmã! Estar apaixonada é uma benção!

- Heloísa, ele é um homem casado!

- Com uma esposa que não ama!

- Que seja! Eu não posso me apaixonar. Preciso focar todas as minhas energias em encontrar a Helena.

- Uma coisa não impede a outra, violeta. Se permita amar e ser amada, minha irmã, você merece isso! A vida te deve!

Violeta não disse nada, apenas a abraçou.

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