Perdeu algo nas minhas pernas?

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Violeta se arrumava em seu quarto, quando Heloisa entra.

-Uau! - Ficou de queixo caído com a beleza da irmã.

- Que foi?

- Está um colosso. Eugênio irá cair de costas.

- Não estou me arrumando para aquele sacripanta machista, mas sim para mim mesma.

- Faz muito bem, mas acontece que nunca tinha visto a senhora se embonecar tanto assim para um jantar.

- Ora Heloisa, não seja ridícula!

- Está bem, não está mais aqui quem falou...

Violeta usava um vestido verde que valorizava seu colo e deixava uma parte de suas pernas a mostra. Tinha o cabelo meio preso em um penteado simples, e como de costume, o batom vermelho nos lábios.

 Tinha o cabelo meio preso em um penteado simples, e como de costume, o batom vermelho nos lábios

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Do outro lado da cidade, Eugênio já estava pronto. Usava seu melhor terno e o cabelo estava penteado impecavelmente.

No restaurante

O lugar era muito acolhedor. Uma decoração simples, mas muito sofisticada. Eugênio foi o primeiro a chegar, e foi conduzido pelo garçom para uma mesa mais reservada. Achou um pouco estranho a iluminação baixa e as velas que estavam criando um clima romântico, mas não disse nada.

Dez minutos depois chegou Violeta. Assim que Eugênio a viu, sentiu seu coração acelerar. Ela estava deslumbrante. Não imaginava que aquela mulher dura era tão... sexy. Sem dúvidas aquele vestido a deixava sexy. Eugênio balançou a cabeça para afastar o pensamento. Assim que ela se aproximou, ele se levantou em um gesto de cavalheirismo.

-Não é necessário, eu sei puxar uma cadeira. - Violeta se adiantou antes que ele o fizesse.
-Okay, muito bem. - ele se sentou. Ficaram se encarando.

Violeta notou como ele estava bonito naquela noite. Terno impecável, cabelo muito bem penteado...

Com Eugênio aconteceu o mesmo. Seus olhos passearam desde o cabelo de Violeta, descendo pelo colo e parando em suas pernas, que estavam cruzadas. Violeta percebeu.

-O que foi? Perdeu alguma coisa nas minhas pernas? - perguntou, levantando a sobrancelha em um tom irônico. 

Eugênio tossiu, tentando disfarçar. 

-Na... não quis ser indiscreto. Estava olhando... Para o tecido de seu vestido.

-Também é costureiro? Vejam só que homem cheio de facetas. - disse, irônica. 

-Não, senhora. Sou dono de uma fábrica de tecidos. Achei o tecido de seu vestido de boa qualidade, apenas isso.

Usou toda a sua (pouca) capacidade para inventar uma boa desculpa e não admitir que estava olhando para as pernas de Violeta, porém ela não acreditou. Mas, por incrível que pareça, saber que despertou nele esse... desejo, a deixou feliz por dentro, por mais que não quisesse admitir.

- Muito bem, desembuche que não tenho a noite toda. - Disse Violeta, já impaciente.

- Como assim? - Perguntou Eugênio com sua típica feição de quem não estava entendendo nada.


- Fale de uma vez sobre o quer conversar comigo.

- Não entendo o que quer dizer, senhora... - Os neurônios dele não estavam conseguindo entender o porquê de Violeta mandá-lo falar quando na verdade foi ela quem o convidou para jantar.

- Por Deus, mas o senhor é muito lerdo! Quase uma toupeira. - Violeta falou, gesticulando impaciente.

- Minha senhora, acaso ficou louca? - Estava cada vez mais confuso.

- Ora, me respeite. O senhor me chama aqui para reclamar da minha escola e eu que sou louca? Ainda por cima usa a filha como garota de recados, eu teria vergonha disso!

- O quê?

Violeta a essa altura queria atirar Eugênio pela janela. Como era possível aquele homem ser tão lerdo assim?

- Vou explicar pausada e resumidamente para ver se assim os seus dois neurônios começam a funcionar, Dr. Eugênio. - Respirou fundo para não perder a paciência e jogar uma cadeira na cabeça dele. - Isadora foi a minha sala mais cedo com um recado seu, pedindo para que eu o encontrasse hoje, neste lugar. Segundo ela, o senhor gostaria de fazer reclamações a respeito da minha escola. - Falou de forma lenta e pausada, enquanto Eugênio fazia cara de confuso enquanto ouvia. - Refresquei sua memória?

- Não entendo...

- Argh! - Violeta bufou, revirando os olhos em um claro sinal de impaciência

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- Argh! - Violeta bufou, revirando os olhos em um claro sinal de impaciência.

- Isadora conversou comigo hoje, disse que a senhora pediu para que eu a encontrasse neste local para fazer reclamações sobre minha presença na escola, pelo fato de eu ser o único homem em meio as outras mães. Mas gostaria de deixar claro que faço isso pela minha filha, já que a mãe dela não se interessa pelos assuntos da menina. E para ser sincero, achei de péssimo gosto a senhora usar minha filha como garota de recados.

Violeta ficou incrédula e Eugênio (como sempre) não entendeu nada. Ficaram se encarando em completo silêncio. Por fim, Eugênio se deu conta do que estava acontecendo e sorriu, balançando a cabeça.

- Qual o motivo da graça, se é que posso saber?

- Minha filha armou tudo isso, senhora.

- A Isadora? Mas por que ela faria isso?

- Não a leve a mal, mas ela ficou tão encantada pela senhora que me disse que gostaria que ficássemos juntos... - Falou, sem graça. Violeta ficou sem reação. - Peço perdão pela travessura de Dorinha, ao chegar em casa terei uma séria conversa com ela.

- Não brigue com ela, por favor. - Em um impulso, Violeta colocou a mão sob a de Eugênio e a apertou. Ambos sentiram o corpo vibrar com o toque e Violeta imediatamente se deu conta do que havia feito, desfazendo o contato. - Perdão, foi um impulso.

- Não se preocupe.

Neste momento, chegou o garçom.

- Já escolheram o pedido?

Se olharam, envergonhados.

- Bem, já que estamos aqui... - Eugênio disse. - Quer jantar comigo? - Sorriu, sem jeito.

-Já que estamos aqui... - Sorriu também - Estou faminta!

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