Louca de amor por você

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O medo de Violeta, naquele momento, era que Eugênio a julgasse por ter tido uma filha "bastarda", sem antes conhecer a história por completo. Mas ele agiu de uma forma totalmente inesperada: a abraçou forte, como se quisesse protegê-la de todo o mal. Ficaram ali por minutos, em completo silêncio, apenas sentindo o corpo um do outro. Com os olhos fechados, Eugênio a apertava contra seu peito, tentando reconfortá-la depois de um desabafo tão pesado. Se separando do abraço, ele pegou em suas mãos e disse:

- Sinto muito que tenha passado por isso, Violeta. Mas saiba que estou aqui, e prometo que irei ajudá-la a encontrar sua menina. Qual o nome dela?

- Helena. - Sorriu - Minha pequena Helena.

- Lindo nome. Não tenho dúvidas que a Helena é uma criança maravilhosa, e que está cercada de amor. E tenho mais certeza ainda que mais cedo do que imagina estarão juntas novamente, como sempre deveria ter sido.

- Ah, Eugênio! - Começou a chorar. Eugênio a abraçou novamente, e ela colocou a cabeça em seu ombro.

- São dez anos nesse pesadelo. Sonho com o dia que encontrarei minha menina, mas parece uma realidade tão distante...

- Ei, não diga isso! - Segurou seu rosto entre as mãos, de forma que Violeta o olhasse nos olhos. - Te juro, Violeta, te juro que irei encontrar a Helena para que sua felicidade seja completa.

- Obrigada, Eugênio... Por tudo...

- Já disse e repito, Violeta: tudo por você.

Então se beijaram. E era mais que um beijo, era um sinal de "conte comigo para o que precisar, estou com você". Era isso que Eugênio quis transmitir, e conseguiu. E então se separando, ela disse:

- Vou te contar minha história, Eugênio. Não quero que pense mal de mim.

- Eu jamais pensaria mal de você, sei que é a maior vítima nessa história.

- Você é incrível! - Sorri. - Mas quero que saiba de tudo, que me conheça. Aconteceu quando eu ainda era uma jovenzinha. Era nova, cheia de sonhos... E todos eles foram destruídos quando Matias Tapajós entrou em meu caminho. Morávamos na fazenda, ele era filho de um fazendeiro rico, nosso vizinho. Ele me cercava de todas maneiras, mas sempre conseguia fugir de suas investidas. Um dia papai e eu fomos convidados para uma festa em sua casa, e para não causar nenhum mal estar, nós fomos. Naquela noite ele estava diferente, não estava invasivo, não tentava me agarrar a força como nas outras vezes. Foi inclusive gentil. E nessa gentiliza eu cometi a besteira de aceitar seu convite de conversar a sós comigo. Em momento algum ele se mostrou agressivo durante nossa conversa. Me pediu desculpas, disse que havia sido um completo idiota por me tratar como um objeto, implorou que eu o perdoasse por todas as vezes que tentou me agarrar à força... E eu o perdoei. Ele me pediu que fôssemos amigos, disse que pensaria em seu pedido, e então aconteceu o pior. Estávamos do lado de fora da propriedade, a sós, e ele me ofereceu uma bebida, insistindo para que eu tomasse para selarmos nosso "acordo de paz". Então eu tomei, em um ato de inocência... - Estava se desmanchando em lágrimas. Eugênio segurava suas mãos, transmitindo força, apesar de estar angustiado com a história. - O resto você já pode imaginar. Acordei em um lugar estranho, com os gritos de papai. Estava zonza, confusa, minha cabeça doía... Mal tinha forças para abrir os olhos, Eugênio!

- Violeta, pare, não precisa continuar... - Também chorava. A abraçou forte, e então choraram juntos. Sentia raiva desse tal Matias por ter feito mal à Violeta, queria matá-lo sem mesmo conhecê-lo. - Você não teve culpa de nada, você foi vítima de um miserável que queria se aproveitar de você. Ele se aproveitou da sua bondade, do seu bom coração para lhe fazer mal, Violeta...

- Hoje eu sei disso... - Saiu do abraço, limpando as lágrimas. - Mas papai não pensou igual. Atirou contra Matias naquele dia, queria matá-lo, mas não conseguiu. O tiro pegou na coluna, e depois ficamos sabendo que o maldito perdeu os movimentos do corpo, e desde então ficou preso em cima de uma cama. Ficou tão revoltado que acabou enlouquecendo, deve ter sido o remorso. Papai passou a me desprezar depois do episódio, não conseguia entender que eu era a maior vítima daquela história. Quando descobri que estava grávida foi um baque, Eugênio. Sempre sonhei em formar uma família, me casar... Mas apesar das circunstâncias difíceis, eu amei aquela criança desde o dia que descobri que a carregava em meu ventre. Conversava com ela na barriga, cantava canções de ninar... Apesar de tudo, eu amava aquela criança e estava disposta a criá-la com ou sem a ajuda de papai, que a rejeitou desde o momento que soube de sua existência. Quando Helena nasceu ele a tirou de mim, com medo do que os outros diriam sobre ele.

- Você é a mulher mais forte que eu conheço, Violeta. Passou por tudo isso e mesmo assim se mantém de pé. Já te admirava antes, agora mais ainda. Você é a única vítima da história, seu pai jamais deveria ter lhe dado as costas em um momento tão difícil da sua vida em que tudo que você precisava era afeto, carinho, apoio e compreensão.

- Obrigada, Eugênio. Foi libertador ter contado isso. Infelizmente papai não pensava como você, ele a arrancou de meus braços sem o mínimo de culpa, e carregou com ele esse maldito segredo para o túmulo. Eu me sinto vazia sem minha pequena ao meu lado, Eugênio... Só voltarei a ter paz quando encontrá-la...

- Te prometo que encontraremos sua filha, Violeta. Conheço um excelente detetive que poderá nos ajudar na busca, não tenho dúvidas de que ele fará um grande progresso.

- Acabo de contratar um novo, se chama Leônidas Barbosa, um dos melhores do país.

Eugênio ficou surpreso.

- Então você é o novo caso que Leônidas está investigando? Ele é meu irmão, Violeta!

Violeta ficou boquiaberta.

- Realmente a vida é uma caixinha de surpresas...

- Irei ajudá-lo em tudo que for possível, em breve a sua Helena e Isadora estarão correndo juntas, aqui nesta casa.

Violeta sorri, imaginando a cena.

- Seria um sonho...

- Que mais cedo do que imagina se tornará realidade. - Beijou sua mão.

- Não podemos esquecer que você é casado, Eugênio... - Falou com tristeza no olhar.

- Já pedi o desquite, Violeta. Assim que ela assinar, podemos enfim ficar juntos.

Violeta ficou surpresa, não conseguiu conter o sorriso em meio as lágrimas que ainda insistiam em cair.

- Ela sabe?

- Não está em casa, foi passar a semana em um SPA no interior. Assim que ela chegar, conversaremos.

- Espero que tudo se resolva, não quero ser uma amante na sua vida...

Eugênio sorri.

- Então isso quer dizer que você quer mesmo ficar comigo?

- Ai Eugênio, como você é avoado...

- Como assim?

- Não vê que estou louca de amor por você?

A puxou para um abraço.

- Ah, Violeta... Eu te amo tanto!

A beijou novamente, com urgência, desejo. Suas mãos passeavam pela cintura de Violeta, apertando com paixão, enquanto as dela percorriam suas costas e cabelo. A cada segundo aquele beijo ficava mais intenso, e ambos já estavam mergulhados em um abismo de paixão, com seus corpos em chamas pela urgência daqueles toques. Entre beijos apaixonados e suspiros, Violeta sussurrou ao pé do ouvido de Eugênio:

- Quero ser sua, Eugênio... - Disse sussurrando. - Quero que me ame!

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