Harry não tinha percebido o quanto ele estava confiando em Malfoy para ficar de costas até que Malfoy caiu de joelhos, obviamente sucumbindo aos efeitos da poção em seu sistema. Harry caiu de joelhos para pegar a forma inerte de Malfoy quando ele tombou para a frente. Ele tentou não pensar em quão pequeno e vulnerável seu corpo se sentia nos braços de Harry.
— É claro que eu não posso simplesmente deixar você aqui, seu idiota. — Ele rosnou para o rosto de Malfoy.
Ele não sabia para onde tinha que ir, mas onde quer que fosse, ele não deixaria Malfoy aqui neste lugar assustador. Quando ele pensou em como se sentiria sendo deixado sozinho e impotente para se proteger, ele estremeceu. Então, ele cuidadosamente manobrou o corpo de Malfoy sobre um ombro em um carrinho de bombeiro trouxa e se levantou lentamente.
Ele tinha o pulso direito de Malfoy em sua mão para prendê-lo adequadamente. A pele pálida de Malfoy era lisa sob seus dedos, até as bordas ásperas onde as algemas o deixaram em carne viva. Ele acariciou a parte de baixo, perto do ponto de pulsação, e sentiu que o batimento cardíaco de Malfoy estava estável.
— Não se preocupe, eu não vou te derrubar. — Ele disse, mesmo que Malfoy não pudesse ouvi-lo.
Ele saiu pela porta, mantendo-se atento a qualquer coisa que pudesse ser uma ameaça, mas não havia mais nada no corredor escuro até onde ele podia dizer. Ainda assim, ele seguiu em frente, devagar, mas seguramente, esperando que em algum lugar houvesse uma luz no fim do túnel. Era um corredor muito comprido, e no final havia uma escada em caracol. Harry subiu, certificando-se de que a cabeça de Malfoy não batesse na parede.
De vez em quando, ele olhava para o rosto de Malfoy, obscurecido por uma cortina de cabelo platinado. Ele podia apenas distinguir a ponta pontiaguda de seu nariz e a curva de sua boca afiada.
— Você é um cara esperto, Malfoy. Você disse que sabia o que estava acontecendo. Descobriu, não é? E aqui estou eu, olhando exatamente para as mesmas pistas e sem ter ideia do que está acontecendo. É uma coisa boa. Eu tenho você junto, não é?
A escada terminou, e agora ele estava em uma vasta sala com apenas um vislumbre de luz no topo. Harry não conseguia ver de onde vinha a luz, mas as paredes eram completamente lisas e ele não tinha varinha. Do outro lado da sala cavernosa havia outra porta. Harry atravessou a sala, os olhos ainda à procura de inimigos. Seus passos ecoaram quando ele fez seu caminho para a porta.
— Sabe, — ele comentou com Malfoy. — Eu acho que isso é apenas um teste para ver até onde eu vou te levar. O que é um teste estúpido, porque eu te carregaria até não poder mais andar, eles acham que eu vou te abandonar porque você era um Comensal da Morte, eles não são um bom juiz de caráter, seu ou meu.
Depois de um tempo, seu ombro começou a doer com a tensão. Ele quase continuou, apesar da dor, mas finalmente parou.
— Eu prometi que não iria te largar, então vamos ter que parar um pouco, ok? — Harry deslocou o peso de Malfoy para que pudesse baixá-lo no chão. — Eu sei, eu sei. Tempo é essencial, Potter. Estarei bem em alguns minutos.
Ele se sentou no chão, embalando Malfoy em seu colo, apoiando sua cabeça no ombro de Harry e segurando-a ali suavemente com uma mão. Tão perto, ele podia sentir a respiração de Malfoy contra seu pescoço e o calor de sua pele através de suas camadas de roupa. Era estranhamente confortável, o peso da forma flexível e sonolenta de Malfoy em seus braços.
— Você cheira a especiarias. Mais ou menos a canela. — Harry olhou para o topo da cabeça de Malfoy. — O que eu estou fazendo Malfoy, cheirando seu cabelo? Acho que vou dar a volta por cima.
Ele descansou brevemente sua própria cabeça contra a de Malfoy, maravilhando-se com a textura sedosa sob sua bochecha. Algo em seu peito estava apertando, e era hora de se mover novamente, antes que ele quebrasse.
— Vamos, Draco. Posso te chamar assim?
Ele pegou Draco novamente, equilibrando seu peso e continuando. Ele estaria lá em breve, ele tinha certeza disso. Outro corredor, outra escada, mais quartos vazios. Era estranho de certa forma, e Harry nunca esteve tão feliz por ter alguém com ele, mesmo que Draco estivesse inconsciente.
Ele não sabia quanto tempo tinha passado, mas finalmente, ele chegou a uma sala que estava iluminada por dentro. Harry correu em direção a ela e descobriu que esta sala tinha uma porta. Tentou abri-la enquanto carregava Draco era um esforço interessante. Isso exigia que ele empurrasse a maçaneta para baixo e então ele chutasse a porta aberta com um pé, tudo isso enquanto equilibrava o peso de Draco para que ele não caísse.
A sala era branca e cheia de poções. Harry não podia acreditar. Havia um espaço no meio, onde ele colocou Draco no chão gentilmente, usando sua capa para amortecer a cabeça de Draco.
— Um desses é de alguma forma importante. Você acha que é aqui que eu vou encontrar o o primeiro beijo do amor?
Harry olhou em volta para as poções. Elas estavam cobrindo todas as quatro paredes da sala branca em frascos transparentes, o suficiente para um gole cada. Havia tantos que Harry se desesperou de encontrar o certo entre eles. Havia uns claros e outros grossos que pareciam lama. Alguns Harry pensou ter reconhecido. Poção polissuco, e talvez Veritaserum se essa fosse uma das claras. Ele também reconheceu Felix Felicis perto do topo.
— O que você disse sobre o primeiro beijo do amor, Malfoy? — Harry murmurou, franzindo a testa. — Você mencionou tantas poções hoje que eu acho que elas estão se misturando na minha cabeça. Primeiro na masmorra, depois na penseira...
Ele olhou para o pulso mutilado de Draco que ele havia enrolado um pouco de sua camiseta e amarrado para evitar que sujasse. Harry puxou o curativo improvisado um pouco e descobriu que a poção nos cortes de Malfoy era azul. A musa das lembranças também era azul, né?
— Não, era roxo, — Harry zombou de si mesmo em voz alta. — Como se eu pudesse dizer a diferença.
Ele pensou sobre isso, mas a masmorra parecia ter sido anos atrás, em vez de algumas horas. Ele se lembrava de ter dito algo sobre Fawkes... e os ingredientes, cinzas de Fênix.
— Um deles era vermelho, não era, Draco? — Ele perguntou, se esforçando para pensar. — Vermelho escuro e canela. Não pode ser azul, porque esse foi a outra, aquela que te fez dormir. Você cheira a canela, sabia disso?
Ele olhou ao redor da sala e descobriu que havia várias poções que provavelmente poderiam ser classificadas como um pouco vermelhas. Ele separou os avermelhados do resto e os colocou no chão à sua frente. Tentando se lembrar do que Snape disse sobre Identificação de Poções, ele os examinou.
— Não, esta é mais laranja do que vermelho. Esta é translúcido. Urg, esta tem pedaços nela. Eu não quero saber.
Em seguida, ele começou a destampá-las, uma por uma. Uma soltou uma nuvem de faíscas douradas assim que foi aberta. Outra soltou um jato de vapor cinza.
— Esta cheira a enxofre. Aquela cheira a sangue. O que diabos está acontecendo com essas poções?
O cheiro de canela tomou conta dele, e ele examinou a poção à sua frente. Era um vermelho muito, muito escuro, parecendo um pouco com a cor do batom de uma garota, ou pelo menos ele pensava assim. Só para ter certeza, ele abriu os outros também, mas o resto foi diferente. Uma soltou uma nuvem de bolhas e o resto cheirava a geléia de morango, elásticos e bordo, respectivamente.
— Espero ter entendido bem e não é uma poção azul que cheira a canela ou algo assim. — Ele olhou para o rosto de Malfoy. — Isso pode acabar em desastre, você sabe. Eu não sou bom em poções. Merda, como eu vou colocar isso em você?
Ele considerou apenas jogar a coisa toda na garganta de Draco, mas havia algo nessa poção que era diferente. Harry não achava que deveria ser ingerido.
— O primeiro beijo do amor. Certo. Deve ser óbvio.
Ele tremeu um pouco e usou um único dedo para passar um pouco da poção em seus próprios lábios. Tomando uma respiração profunda e calmante, ele deslizou uma mão atrás da cabeça de Draco, inclinou-se e apertou suas bocas. Depois de um momento, ele recuou.
— Eu não sou um Príncipe Encantado, Draco. Mas, por favor, acorde. Eu preciso de você do meu lado.
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Shackles | Drarry
FanfictionDraco e Harry chegam a uma masmorra sem idéia de como chegaram lá. Eles terão que trabalhar juntos para encontrar uma saída, mas a questão é: eles podem?