capítulo 30

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  Erick

       Tem dias que nem sempre lidamos bem com as informações que recebemos, as vezes não somos fortes o suficiente para fingir que está tudo bem e prosseguir. Por isso não fui ao trabalho ontem. Não conseguiria ir até lá e falar com David como se não soubesse que de alguma forma ele é meu irmão. O fato dele ser filho de Alice García- nome esse que só vim a conhecer ontem- me fazia questionar a veracidade dessa informação. David era claramente mais velho que eu, não tanto quanto Jonas, entretanto ainda assim mais velho. Devido a isso, comecei a imaginar possibilidades para tal feito, uma delas foi a de que ela provavelmente, o tivera fora do casamento, com outro homem. Por isso foi embora, para ficar com sua nova família. A outra era que ele não era filho de sangue dela. Eu poderia acreditar nas duas.

   Hoje passei a primeira parte do dia em casa, acompanhado de Danillo, acabei ligando para Tati e lhe contando tudo o que ocorrerá, assim como todos ela quase não acreditou, veio correndo até aqui para que eu a contasse tudo direito e com detalhes, como ela gostava. Enfim aceitando os fatos nos chamou para dar um passeio acompanhados de Livi.

- okay, não podemos ficar aqui nos martirizando, vamos aproveitar esse dia que se deu de folga para fazer algo.

- parece uma boa ideia, o que acha Erick?- Perguntou Danillo.

- acho que pode ser bom respirar um pouco- falei.

   Era uma terça-feira de início de Dezembro, as escolas começavam a entrar em férias então tinha muito o que fazer, ela nos levou até um parque com o intuito que andassemos de caíque.
   Em momento algum Tati tocou no nome de Kevin o que significava que ela ainda não havia se reconciliado com o mesmo, eu agradecia pelo seu silêncio. Ao contrário de Tati que permaneceu neutra sobre o assunto, Livi  me chamou em um momento quando ficamos a sós e Danillo e Tati tinham saido em busca picolés.

- o que ouve com você e o Kevin?- perguntou sentada em um banquinho de frente para um lago artificial a luz do sol refletia na água.

- Da minha parte nada- disse seco me sentado ao seu lado.

- ele me disse que as coisas com você não andam bem- confessou ela.

- ele não está errado- suspirei por um instante- ele te disse o motivo?

- Acho que ele não gosta dessa sua... Proximidade com o Danillo- falou virando o rosto para o outro lado.

  O jeito como ela disse não me agradou.

- não vou dizer que sou um santo, mas a maioria das nossas brigas são causadas pelo ciúme excessivo dele, pela sua possessão fora do normal- falei a olhando fixamente.

- talvez se você tentar não agir tão carinhosamente com Danillo ou dormir com ele em seu colo- Livi pareceu usar um tom provocativo o que me fez estourar.
 
- olha Livi..., eu poderia ser grosso com você, e te dizer que não tem nada a ver com o meu relacionamento ou com a maneira em que ajo com qualquer pessoa. Eu acho que você ainda é minha amiga e não sei se Kevin te mandou fazer o que está fazendo agora. Mas quero que pare- falei seriamente vendo sua postura ceder.

- eu não queria parecer invasiva...

- me desculpe mas você queria sim. Nós apenas somos amigos, ele é um hóspede onde eu moro e irmão do meu cunhado.  Adquiri um carinho por ele, por que ele estava lá por mim quando precisei, assim como estarei por ele se precisar- fiz uma pausa vendo ela me olhar em choque-  Eu e Danillo não temos nada se quer saber, e se Kevin e eu continuarmos nesse rumo, também não teremos nada.

- Me desculpe- ela sussurrou e eu assenti.

- não quero parecer egoísta. Não sei se você sabe mas eu não estou passando por um bom momento, e Kevin está sendo um babaca comigo, e o que mais dói é que eu queria que ele estivesse aqui mas ele não está. E por mais que me doa eu não vou mais correr atrás de ninguém.

    Tati e Kevin vinham andando com dois picolés cada, e riam desenfreadamente o que me fez sorrir para a cena.

- me... responda com sinceridade, você ainda o ama?- Livi perguntou derrepente.

Fiquei em silêncio por um minuto.

- acho que nunca vou deixar de ama-lo de alguma forma.

- enquanto a Danillo?

- receio não poder responder essa pergunta - disse olhando na direção dos dois que se aproximavam- encontraram os picolés!?- balbuciei.

- foi difícil, mas não desistimos fácil- disse ele me entregando um de creme que era meu sabor favorito.

- como sabe que gosto de creme?- indaguei.

- você tem cara de que gosta de creme- disse dando de ombros sentando-se ao meu lado- além disso é um sabor universal.

- Tati te disse!- afirmei, depois me virei para Tati- você disse a ele?

- Não. Ele perguntou quais eram os sabores umas quatro vezes até decidir- eles começaram a rir- o moço já tava querendo esganar a gente.

- Duvidando das minhas habilidades de escolher sabores?- brincou.

- não, só fiquei surpreso é o meu sabor favorito.

- que bom que eu acertei- ele abriu um sorriso de satisfação, que me faz corar.

- o que vocês ficaram fazendo enquanto estavamos fora?- perguntou Tati curiosa.

Livi me olhou nervosa- ah nós ficamos conversando- respondi.

- me da um pedacinho do seu picolé?- Danillo pediu.

- ah não, você tem o seu!- neguei.

- só um pedacinho vai, o seu parece tá melhor- ele me olhou pidão.

Fiz sinal negando com a cabeça.

- você é muito egoísta sabia?- disse ele emburrado- eu te dou um pedaço do meu.

- tá bom, guloso- cedi o vendo dar uma mordida no meu picolé

- É o seu tá melhor- disse com a boca e o nariz sujos me fazendo rir - que foi?

-  você se sujou todo, vem cá deixa eu limpar!- chamei anda rindo de seu jeito de criança pegando em seu rosto e limpando o canto de sua boca e seu nariz- pronto.

- vocês ficam tão fofinhos juntos- Tati falou.

- que?- indagou Danillo a essa altura vermelho como um camarão.

Tati apenas soltou suas palavras no ar. Livi se contorceu no banco ao meu lado, provavelmente incomodada com as palavras da namorada.

- então moço, vamos andar de caiaque? - me dirigi a Danillo que ainda mantinha uma expressão envergonhada, que era rara de se ver.

- Claro, vamos ver como você se sai.

- devo alertá-lo que não sei nadar.

- ah ótimo!, isso não vai ser problema em um passeio de caíque no lago- zombou ele.

- não se preocupe tem coletes salva-vidas - debochou Tati.

A Primeira Nota (Romance Aquiliano)Onde histórias criam vida. Descubra agora