capítulo 35

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     Estava no banheiro me arrumando para a formatura, o tão esperado dia. Onde estaria livre de qualquer compromisso com a escola, e presso a um futuro de incertezas.
    Olhando no espelho minha nova imagem me assusta. O quanto mudei em um intervalo tão curto de tempo, tudo pelo o que passei e as pessoas que conheci. Tudo isso me fez ser quem eu sou hoje. Se a quatro meses alguém me perguntasse como eu me veria neste dia,  provavelmente diria algo como " o mesmo de sempre" e não poderia estar mais errado.

- quer ajuda com a gravata?- Danillo estava parado ao batente, já vestia seu smoking em um tom de vermelho que discutimos ser marsala ou vinho. Concluímos que é vinho.

Ele me fitava seriamente como se eu fosse escapar, desaparecendo no ar a qualquer momento. Aqueles olhos... O motivo do meu pequeno colapso.

- sim, por favor- falei me virando para ele se aproximando. Posicionando-se de frente para mim.

- como se sente?- Perguntou enquanto fazia o nó delicadamente na gravata em meu pescoço.

- não sei exatamente- disse olhando para suas mãos.

- me lembro de sentir um mix de emoções- ele levantou meu queixo para que conseguisse terminar o nó.

- acho que estou com um pouco de medo, não saber como as coisas vão ser agora, me assusta.

- tenta ficar mais tranquilo tenho uma leve impressão de que as coisas vão dar certo- disse ele- você confia em mim.

- eu confio- disse e ele sorriu me depositando um celinho.

- e aí como estou?- perguntei dando uma voltinha.

- Maravilhosamente lindo.- respondeu.

Jonas e Arthur já esperavam na sala, os dois vestidos a caráter.

- Aí está o meu formando!- disse Jonas vindo ao meu encontro

- não vai chorar ehm- brincou Arthur.

- eu prometi que não iria chorar- ele fez uma pausa dramática levando a mão ao peito, fingindo secar suas lágrimas falsas- Mas eles crescem tão rápido.

- vamos logo seu palhaço- disse o empurrando de leve.

_____ ♪_______

   A formatura séria em um salão de festas, não muito distante de onde moramos.
   Do lado de fora música resoava, e luzes coloridas enfeitava o local.
    No interior um palanque se localizava ao fundo e na frente mesas foram despostas para os familiares. Todos estavam bem arrumados, os diretores e todos os professores estavam presentes. Avistamos as mães de Tati e os pais de livi em uma mesa, não muito distante estava Hugo e seus pais e Bruno e sua avó, para quem eu dei um leve aceno.

- olha eles aí!- falou tia Rafaela acenando.

Nos aproximamos para comprimenta-las.

- você está lindo querido- disse tia Júlia.

- muito obrigado- respondi desconsertado pelo elogio.

Tati me encarava sentada em sua cadeira, me analisando minuciosamente com seu sorriso sínico e sobrancelha erguida. Dividindo seu olhar entre meu rosto e a união da minha mão a de Danillo.
   Me desvencinhei dele me aproximando da mesma. Que se levantou para me abraçar.

- o que está rolando entre você e o bonitão alí- sussurrou em meu ouvido.

- meio que estamos namorando agora- respondi fazendo o mesmo.

- como isso aconteceu?

- fui meio de última hora...

- Uhm entendi, depois eu quero que você me explique isso melhor- disse ela- Eai como eu estou?

- Divina.

- ótimo perfeito- ela sorriu- você também está lindo migo.

  Nos sentamos próximos a elas, em uma mesa maior para que acomodasse a todos.
  Danillo sentou ao meu lado, sentia-o  apertando minha mão em cima da mesa.

- tá legal... A gente não ia dizer nada- começou Jonas recebendo um olhar cortante de Arthur- mas como eu não iria me aguentar, eu vou perguntar. Vocês estão juntos?

- Jonas!- Arthur o chamou sua atenção o beliscando.

- Aí porra!- resmungou.

- O que foi?, Você sabia muito bem onde estava se metendo quando aceitou namorar comigo- alegou o mesmo.- meu espírito de fofoqueira fala mais alto.

- ahm...- Danillo exitou me olhando como se buscando a permissão para prosseguir, balancei a cabeça em afirmação.

-  bom... nós estamos namorando- disse Danillo sen muito rodeios.

- Oh - Foi tudo que saiu da boca de Jonas durante alguns minutos- Que... Interessante.

- interessante?- repeti.

- não é como se não eu suspeitasse- Jonas deu de ombros- só queria ouvir da boca de vocês.

- Ignora o seu irmão- disse Arthur- estavamos felizes por vocês não é?

- Claro, se vocês estão felizes, nós ficamos felizes.

   David e Madame García chegaram quando a menina escolhida pela turma como oradora, subia até o púlpito onde começará o seu discurso.
Me levantei para cumprimentá-la.

- fico feliz que tenha vindo- digo.

- eu que agradeço por me convidar- ela se voltou dirigindo-se a Jonas- Boa noite.

- boa noite- foi tudo que ele ele respondeu.

    saímos para colocar nossas becas e retornamos nos sentando em cadeiras posicionadas no palco. Essa foi a primeira vez na noite em que avistei Kevin.
   O mesmo não estava sentado muito distante de mim, estavamos na ponta e ao meu lado se encontrava Tati, Livi e ele em seguida. Nossos olhares se cruzaram. Não parecia irritado ou triste, era um olhar sério e indiferente, como se eu não existisse mais para ele, o que para mim era ainda pior.
      O diretor chamava os nomes dos alunos que se levantavam e iam receber seus diplomas. Flashes atravessavam o local, vindos das câmeras de mães corujas emocionadas pelos filhos estarem se formando. 

Podíamos escuta-lo chamar:

- Bruno..., Eu,  depois Hugo, Kevin... Lívia e por fim Thatiane.

Quando a cerimônia de entrega acabou, foi hora de dar início a festa de verdade.
A música voltou a tocar alta no local e as pessoas a falar.
  Em um momento me levantei para ir ao banheiro e me deparei com Kevin saindo do mesmo.

- oi... - arrisquei.

- oi

- como você está?- indaguei sem graça olhando para os meus pés.

- Estou bem agora- disse ele coçando a nuca do jeito que sempre fazia- não posso ficar chorando pelo leite derramado.

- planos para o futuro?- perguntei- essa ideia toda de que precisamos pensar no que queremos...

- bom você perguntar, tem algo que eu gostaria que soubesse por mim- disse ele- pensei bastante e decidi que vou voltar a morar com a minha mãe.

- ah, nossa e quando você vai?- indaguei.

- provavelmente no fim do mês...- murmurou- não sei se vou voltar.

- então isso é uma despedida?

- claro que não, nunca sabemos o que o universo nós prepara- disse Ele- talvez nos veremos por aí.

- ah, se isso for bom para você...- falei- fico feliz.

- É... Eu acho que é o melhor a se fazer no momento- ele desviou o olhar- acho que é o que eu preciso. Me encontrar sabe.

   E foi assim que ele andou em direção a sua mesa novamente e eu continuei meu percusso a caminho do banheiro.
      Apesar de tudo fui uma noite agradável onde por algum milagre Jonas cedeu um pouco em relação a Madame García.
  É nesses dias que percebo o quando eu conquistei, mesmo que muitas vezes tenha pensado em desistir.

A Primeira Nota (Romance Aquiliano)Onde histórias criam vida. Descubra agora