capítulo 29

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- Eu não vou mais discutir sobre esse assunto. Quero que você e ela parem de me ligar,e espero muito que nenhum dos dois  tentem se aproximar do Erick de novo.

   Ele desligou o telefone o guardando no bolso em seguida, suspirou pesadamente e então passou as mãos pelo rosto.
   Virei no corredor tomando o rumo que seguia anteriormente, em direção a Jonas para jogar o lixo no dispenser.

    Palidamente ele engoliu em seco quando me viu, e então me parou segurando em meu braço.

- eu sei que você escutou alguma coisa- deduziu- mas o quanto escutou é o que me preocupa.

- se te preocupa, boa coisa não é- disso o encarrando- o que nosso pai queria e quem é a dal "Ela" que você não quer que se aproxime?

O silêncio pesou no ar por alguns segundos.

- olha...- parou procurando o que dizer- não acho que eu deva te contar.

- Mas eu quero saber.

- Arhn- arfou- porquê você tem que ser tão irritante?

- é uma Habilidade de irmão mais novo, agora desembucha.

- Eu vou te contar, porque acho que você merece saber mas não é algo que gosto de estar fazendo- ele me olhou fixamente- e você tem que me prometer que isso não vai te afetar que independente de qualquer coisa eu te amo e sempre vou estar com tigo.

- Tá bom Jonas, agora diz o que ele queria te ligando.

- A algum tempo eu recebi uma ligação... de alguém que não espera, ou devo dizer, de alguém que não queria esperar.
        Bom essa pessoa foi embora das nossas vidas a muito tempo, e ela não merece retornar e não seria agora que eu deixaria ela voltar de mãos beijadas assim.

- Jonas...

-  deixa eu terminar- me interrompeu-  Eu não atendi mais a ligações dela então ela ligou pra ele, disse que quer te encontrar, que quer falar com você.

- Quem quer me encontrar?- perguntei chocado com todas as informações.

- você sabe de quem estou falando.

- Eu quero ouvir da sua boca!- esbravejei.

- A nossa mãe.

- como é?

- Ela quer ver a gente, ver você. Mas eu não vou deixar...

- depois de todos esses anos, depois de ter nos deixado aqui sozinhos. Nos fazendo achar que a culpa era nossa por ela ter ido embora, que eu era o que tinha feito ela ir embora.

- Erick não foi culpa nossa...

- Quem ela acha que é?- Gritei.

- você tem que ficar calmo. Você me prometeu...

- eu nem se quer me lembro do nome dela- disse chorando descontroladamente.

- Eu não me lembro do nome dela Jonas- repeti quando ele me abraçou.

- não é culpa nossa, não é culpa sua.

- Eu não sei se quero ver ela- disse me encolhendo em seus braços.

- E você não precisa se não quiser.

- mas eu quero saber o nome dela.

- Alice, Alice García- balbuciou ele desanimado.

   Eu chorei mais, Jonas não sabia o motivo. Não sabia que eu a conhecerá no Sing a Song, que David me apresentara minha própria mãe sem que eu soubesse, Se ele também sabia, era uma das muitas perguntas que não saiam de minha mente, fazendo morada junto a minha raiva e tristeza. Algumas coisas começavam a fazer sentindo. O quanto ela era familiar era uma delas, mesmo não me lembrando do rosto da mesma.
        Eu me odiava por não me lembrar, por ter ficado preocupado com sua avaliação, entretanto acima de tudo neste momento, eu a odiava por ter nos abandonado.

    Quando entrei em casa não consegui fazer nada, se não ir para o meu quarto e chorar. Passei pela sala entrando no cômodo, de dentro dele ainda podia ouvir perfeitamente o diziam, como Arthur e Danillo perguntando o que havia acontecido. Não demorou muito para que eu escutasse batidas na porta.

- posso entrar?- indagou ele parado no batente.

   Como não respondi ele entrou se sentando na cama em que eu estava.

- Eu acho que você não quer conversar sobre isso agora- ele me olhou então assenti limpando minhas lágrimas que insistiam em cair- então eu posso só ficar aqui fazendo companhia o que acha?

- me parece ótimo- respondi baixinho.

Danillo abriu os braços para que podesse me abraçar, e assim eu fiz. Voltando a chorar compulsivamente, ele me apertou mais forte como se eu fosse escapar com um passe de mágica.  Seu corpo era quente e aconchegante. Foi algo único porque foi sincero, a sensação de proteção me invadia. Saber que ele estava lá por mim porquê queria estar, não porque deveria por algum motivo já era demasiadamente reconfortante. Ele muito provavelmente, já havia recebido um resumo do ocorrido.

- Ela me deixou, e agora voltou- disse.

- Vai ficar tudo bem- ele afagou os meus cabelos.

- depois de todo esse tempo ela teve a cara de pau de me procurar.

- eu entendo perfeitamente se não quiser vê-la- ele sorriu- você tem esse direito.

- não, não tenho porquê eu já a vi- eu fiz uma pausa- no dia do karaokê.

- eu não tô entendendo.

- Madame García é minha mãe Danillo.

-  como assim madame García é sua mãe?- indagou confuso.

Eu me ajeitei na cama para deitar a cabeça em seu colo, onde ele começou a acariciar minha cabeça.

-  Não me lembro de muita coisa, não me lembrava do nome dela porque meu pai não gostava quando falavamos sobre isso, nem se quer me lembro de como ela era naquela época. Por isso não percebi quem ela era, no momento ela me pareceu familiar mas apenas isso.

- As vezes quando sofremos um trauma, nosso cérebro meio que... "bloqueia" essas memórias para que não fiquemos mais focando nelas- disse ele. Prosseguindo em seguida:

- quero que saiba que pode contar comigo para qualquer coisa, e me contar o que for preciso.

Assenti, começando a falar - Só me lembro de que quando eu era pequeno ela... se foi.
Eu devia ter um seis ou sete anos.
Não ouve muitas despedidas e, se ouve, como disse, não consigo me lembrar.
     Sempre que tocava no assunto com meu pai ele ficava completamente desconfortável ou irritado, me repreendendo ou mudando de assunto. Jonas não gostava de falar sobre ela e eu o entendia, a sensação de abandono era destrutiva, então evitava pergunta-lo sobre.
      Desde então nunca mais tive notícias dela.- fiz uma pausa.

- até hoje.

A Primeira Nota (Romance Aquiliano)Onde histórias criam vida. Descubra agora