Junior

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Primeiro dia do 3º ano do ensino médio. INFERNO NA TERRA. Não sei se quero fugir ou se quero morrer. O despertador toca e a única coisa que consigo pensar é: queria que fosse uma bomba. Sério, aquela escola já deu o que tinha que dar. Estudo lá desde a 1ª série, com as mesmas pessoas, com os mesmos diretores, com as mesmas chatices, as mesmas aulas e sempre vendo as mesmas pessoas se pegando nos corredores.

Afundo nos cobertores e cubro a cabeça com o travesseiro. O celular não para de tocar, mas eu não sei onde ele está. Agora to me arrependendo de ter aprendido duas táticas: 1 sempre colocar um toque horrível como despertador e 2 nunca deixar o celular no criado mudo. (Tenho a habilidade de desligar o despertador inconscientemente e voltar a dormir).
São 18h35. Sim, eu estudo à noite, mas trabalho todo santo dia e aproveitei pra dormir antes de ir pro inferno/escola que fica tipo, uns 7 min da minha casa.
Levantei, estou vestido com um moletom cinza, e mano, não vou trocar não! Vou no banheiro, lavo o rosto e escovo os dentes, volto pro quarto, calço o primeiro tênis que vejo, coloco um caderno e uma caneta dentro da mochila, passo a mão no meu cabelo (que costumava ser loiro, mas agora parece mais algum tom ridículo de... cinza escuro (?)) coloco a touca da blusa, a mochila nas costas, olho pra minha cama e penso: eu daria 10 vidas pra poder dormir de novo. Reviro os olhos e saio me arrastando, passo pelo corredor, vejo a porta do quarto da minha mãe aberta, ela está sentada na cama, de costas para a porta.
- To indo pra escola - espero pra ver se ela responde e nada. Como sempre.

Desço as escadas,vou até a cozinha, pego uma maçã, passo pela sala e saio de casa. Coloco os fones de ouvido no último volume tocando "My Girl" do Nirvana, faltam 5min pra escola abrir os portões e já tem uma pequena multidão de alunos amontoados nas grades. Com as mesmas caras de sempre, falando das férias perfeitas, que na certa foram inventadas. Fico a uma distância segura, para que ninguém se atreva olhar na minha cara ou pior, puxar assunto. Começo procurar pelo Felipe, ele mandou mensagem dizendo que ia, mas acho que não vem, ele é o maior arregão da história (solto uma risada pensando nisso), passo o olhar pelo aglomerado de gente, mas não o encontro, olho pro outro lado da rua e vejo a Monique, ela sorri e acena discretamente, faço um comprimento com a cabeça e dou um meio sorriso. É bom ver um rosto amigo, principalmente se for o dela.

Não diga nadaOnde histórias criam vida. Descubra agora