06 - Bilhete

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É uma tarde normal na sala de detenção pessoal de Jimin, vazia exceto por ele e sua aluna problemática favorita. Hayun está em sua mesa com o nariz enterrado em um livro e Jimin está sentado atrás da sua mesa de professor perto do quadro negro, desenhando-a secretamente em seu Livro dos Sonhos. Ele toma bastante cuidado ao traçar levemente a forma dos dedos dela que estão dobrados sob seu queixo e seus cílios que estão lançando pequenas sombras em suas maçãs do rosto. E seus lábios. Aqueles lábios pintados que parecem se conectar perfeitamente com os dele se ele tentar se aproximar. Ele realmente quer tentar fazer isso. Ele os faz mais detalhado ao desenhá-los, copiando perfeitamente o beicinho suave de sua aluna e a pequena abertura entre eles que ele quer tanto provar.

Como se ela pudesse senti-lo olhando para ela, Hayun olha para cima e faz contato visual com ele. Os lábios em que ele estava se concentrando em desenhar mudam de forma, curvando-se em um pequeno sorriso presunçoso. Ele engole em seco e faz o possível para fechar o livro em suas mãos casualmente sem levantar suspeitas sobre o que estava fazendo. Hayun se levanta e caminha em sua direção. A maneira como os quadris dela balançam naquela saia do uniforme que é curta pra caramba o deixa louco, mas ele tenta esconder isso. Olhando fixamente para seu livro agora fechado, ele engole em nervosismo. Ele tem que esconder isso também.

"Sr. Park?" ela o chama de um jeito suave perto dele.

Recompondo-se, ele olha para cima e sorri alegremente para ela. Ela está muito perto dele, encostada em sua mesa. "Srta. Kim? Posso ajudá-la?"

Ela zomba brincalhona. "Srta. Kim?" Inclinando-se para mais perto dele, ela rir e coloca um beijo suave na ponta do nariz dele. "É estranho ouvir você me chamar assim, Jiminie."

Ele está tão chocado que não pode se mover, simplesmente olhando para a linda garota enquanto ela se move ao redor de sua mesa para ficar bem na frente dele. Ele mal reage quando ela senta em seu colo e se enrola em seu peito como um gatinho. Seus braços envolvem sua cintura automaticamente e a segura perto dele. Ele não pode acreditar que isso está acontecendo. Ele também não pode acreditar no quanto ele está gostando disso.

"Sinto sua falta em casa." Seus dedos estão brincando com um botão na camisa dele. "Você vai ficar esta noite?"

Ficar? Claro que sim.

Ele sorri para ela com espanto e a abraça um pouco mais perto.

"Jimin..." ela sussurra manhosa. Seu rosto está a apenas alguns centímetros do dele e ela está olhando diretamente para sua boca. Lambendo os lábios, com o coração batendo como um louco, Jimin coloca uma mão gentil em sua mandíbula e guia a boca dela para a dele. Seus lábios se conectam como peças de quebra-cabeça combinadas, encaixando-se perfeitamente. Ele inclina a cabeça para o lado e aprofunda o beijo enquanto a abraça mais perto de seu corpo, aconchegando-a em seu peito para que ele possa...

Bip bip bip bip!

Sobressaltado do sono, Jimin recupera a consciência com uma expiração pesada, piscando os olhos sem acreditar no tipo de sonho que acabará de ter. A fraca luz do sol da manhã rasteja pela janela do seu quarto e envia reflexos suaves sobre sua figura na cama. Ele está enrolado e emaranhado nos lençóis, com o peito nu e esparramado de bruços o máximo que podia fazer para ter uma confortável noite de sono. Seus dedos estão cerrados em torno de punhados de lençóis. Em algum momento durante a noite ele tirou a camisa e não tem certeza de onde ela está agora. Seu alarme continua tocando em seus ouvidos.

Está tão quente.

Lembrando de seu sonho, Jimin geme e cobre os olhos com tristeza. Ele está quase enojado consigo mesmo pelo que acabou de experimentar, não importa o quanto tenha gostado ou o quão satisfatório tenha sido. Ele não pode, não pode ter um sonho com um de seus alunos nunca mais. Especialmente a única aluna que é a irmã mais nova de seu melhor amigo. Isso é tão doentio. Com o alarme persistindo no fundo, ele se arrasta para fora da cama e se veste para mais um dia de trabalho, indo até a cozinha para tomar uma xícara de café depois.

Taehyung e Hoseok já estão acordados. "Bom dia, Jimin!" Taehyung o cumprimenta com sua alegria habitual. "Você está bem? Parece que você não dormiu muito bem. Você teve um pesadelo?"

Sim, um muito bom, inclusive. Sobre comer sua irmãzinha.

Jimin fez uma careta e balançou a cabeça, cansado, movendo-se em direção a cafeteira com determinação obstinada. "Confie em mim, Tae. Você não quer saber sobre isso."

***

"Srta. Kim, venha me ver depois da aula."

Hayun geme com as palavras familiares que saem da boca presunçosa de seu professor. Jimin, que está em frente à sua mesa, bate um dedo na superfície de madeira antes de retornar à sua posição habitual de ensino. Ela não tem certeza do que fez para merecer uma detenção desta vez; tem sido algo diferente todos os dias. De ter seu telefone ligado a "cochilar" no meio da aula, Jimin encontrou uma desculpa para dá-la uma detenção quase todos os dias na última semana e meia desde que as aulas começaram. Se ela não o conhecesse melhor, diria que ele gosta de passar tempo com ela. Entretanto, porém, Hayun tem a sensação de que ele se diverte deixando-a com raiva.

Toda vez que ela é forçada a entregar seu celular ou ver aquele sorriso estúpido e presunçoso ou ouvir o lápis estúpido dele riscando enquanto ela faz as tarefas para ele na sala de aula, Hayun pode sentir a felicidade vibrando para fora dele em ondas magnéticas. Ela realmente não entende isso. Ela tem que encontrar esse tal Livro dos Sonhos para fazê-lo deixá-la em paz.

A aula termina com o sino estridente tocando, permitindo que todos os outros alunos saiam da sala de aula para a liberdade. Hayun os observa, melancólica. Depois que todos saem, ela se arrasta até a mesa do professor e se prepara para qualquer tarefa estúpida que ele tem para ela hoje. Jimin sorri para ela enquanto a ver caminhando na sua direção.

"O que eu fiz dessa vez?" Hayun resmunga desanimada.

"Respirar muito alto? Piscar muito?" Ele estala a língua e então segura um pedaço de papel dobrado na frente do rosto dela. "Passar bilhetinhos? Você sabe que isso não é permitido."

Hayun joga as mãos para o ar em exasperação porque nunca viu aquele papel na vida. Ela não passou nenhum bilhete. No entanto, quando ela olha um pouco mais de perto, seu nome está escrito na frente.

"Vamos ver o que diz aqui...?" Jimin cantarola alegremente para si mesmo enquanto desdobra o papel e lê o que está escrito dentro. Seu sorriso cai abruptamente.

"O que é isso?" ela pergunta, alarmada com a mudança repentina de atitude do seu professor.

Limpando a garganta ruidosamente, ele bate o bilhete dentro da capa de um livro em sua mesa e o fecha rapidamente. "Você não precisa ver isso," ele retruca calmamente com um sorriso fingido.

Com sua curiosidade aguçada, Hayun franze a testa e pergunta baixinho: "O que devo fazer hoje?"

Ele balança a cabeça e pisca os olhos de forma estranha, como se estivesse desorientado e tentando colocar seu cérebro no caminho certo. "Apenas... vá ler ou algo assim. Eu não me importo."

Ela dá de ombros e volta para sua mesa, pegando um livro em sua bolsa. Depois de ler por um bom tempo, Jimin se levanta de sua cadeira. "Eu vou ao banheiro. Não faça nada estúpido," diz ele antes de deixar Hayun sozinha na sala de aula.

Pegue o bilhete!

A mente de Hayun estala de repente, fazendo-a olhar hesitante para a porta, mordendo o lábio inferior. Ela deveria fazer isso? Jimin provavelmente nunca saberá... Além disso, esse bilhete é endereçado a ela. Ela tem o direito de ver o que está escrito. Acenando em determinação para si mesma, Hayun se levanta e corre para a mesa do seu professor, abrindo o livro. Lá está o bilhete, cuidadosamente dobrado na encadernação com o nome dela rabiscado na frente. Hayun o pega e o desdobra, notando que a escrita na frente parece a letra fluida de uma mulher. Ela ler o recado do bilhete e começa a corar furiosamente de vergonha. Não é à toa que Jimin não queria que ela visse aquilo. Há um desenho tosco de uma figura de palito usando uma saia xadrez e sendo presa contra a parede por outra figura de palito usando óculos redondos minúsculos. Ela engole fundo enquanto lê as palavras riscadas abaixo do desenho estupido:

"Sr. Park está encarando você, Kim Hayun.

Parece que alguém se divertiu um pouco demais na detenção de ontem, não é? ;)"

Teach Her [Tradução PT/BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora