Poema

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Se poema, és canção.
Sais da voz; do coração.
São dignas palavras,
É digna a dicção...

As que são ditadas,
As que são cantadas,
São descontentamentos
Que tu, prosa, matas.

Os teus condimentos
Não expressam sentimentos,
De igual forma;
Os meus lamentos.

Tua liberdade torna,
Conténs prisioneira reforma.
A regra tem beleza
Que a libertinagem contorna:

A opinião, com certeza;
O cuidado, a gentileza.
No teu contrário, em seus ideais
A poesia tem esperteza.

A omissão nos demais
Versos, dos anais,
Osso de roer duro
Mas o silêncio fala mais.

Na mágua me perduro,
E N'isto digo e n'isto juro:
Sei que não disse nada,
Mas sei que disse tudo.

Ó prosa, coitada,
Ainda bem que és amada.
Só posso descarregar em ti,
Que tens costa alargada.

Mas não a culpo a si,
Se não a forma em que vivi,
Estou zangado com rejeição
Mas é tudo porque menti.

Do Livro Do PoemaOnde histórias criam vida. Descubra agora