Engodo

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Pé sujo, alma suja, corpo mudo.
O Sobrolho negro e a mão cansada.
Paralisou porque se fez de surdo.
Cego p'lo Brilhante, coisa coitada...

Foi a luz, foi a côr, um engodo.
O rico entretém, oh que ficção pura!
Ficção afixionada o corpo todo
Assim desaprende, a f'rida perdura.

A falta de ar é falta de viver!
Quem pode amar se só a si se vira?
Impede criar assim se prender.

Seja riso, pânico ou muita ira,
Tudo falso co'o se fica a saber:
Deu-se ao engodo, vive uma mentira.

Do Livro Do PoemaOnde histórias criam vida. Descubra agora