Olhar de estranho

67 4 0
                                    

Teus olhos desencontraram os meus,
Sorrapiaste-me um olhar e eu outro.
Fruto da fome e dos desejos teus,
Nossos e do Acaso que acabou-se ouco.

Sei bem que as tuas olheiras me julgavam,
Mas não mentiam, queriam meus ombros,
Minhas, por tocar tua viola dançavam.
Coisas sot'rradas em profundos 'scombros...

Nós não estávamos nos arredores,
Eu em teus lábios, tu'em meus caracóis,
Perdidos no íntimo chamamento.

Alheios à multidão, nos decoros,
Foi conexão única em mil e um sóis.
Fogo, Medo, sexo, nada e lamento.

Do Livro Do PoemaOnde histórias criam vida. Descubra agora