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lembro de uma frase dita por vovó uma vez: "seja sempre o mais gentil que você conseguir ser!"
vovó me ensinou tudo, tudo oq conseguiu, tudo oq sabia, tudo oq tinha...e dentre todas essas coisas vovó me ensinou gentileza, me ensinou coragem e foi o melhor exemplo que eu poderia ter disso.
aos seis anos eu passaria pelo primeiro ano do fundamental, lembro das torradas com geléia e requeijão naquele dia, no café da manhã.
vovó me arrumava animada, bem mais que eu, que era consumida a todo segundo por milhares de hipóteses sobre as horas seguintes numa sala de aula, em sua maioria hipóteses ruins.
de qualquer forma, a timidez e a ansiedade foram deixadas em casa naquele dia, junto de mais algumas coisas que eu esqueci na pressa.
vejo nas ruas a minha frente grupos de crianças se formando, indo juntos ao colégio. por sorte, a minha rua se encontrava apenas comigo e mais um garoto que vinha atrás de mim.
ao chegar, encontro a minha sala e me sento. insisto em roer minhas unhas, que agora são quase inexistentes.
vejo a sala encher de alunos, aos poucos. uma em especial me chama a atenção, natasha davis, sentada na minha frente. cabelos castanhos, crespos e cheios de pequenos laços. pele negra e vestido amarelo.

-lia pouter?- diz a senhorita louren.
-presente!- respondo.
-natasha davis?-ela pergunta outra vez.
-aqui.- diz natasha.

-acho que seus pais conhecem minha vó...ela comentou sobre a casa dos davis, como tinha ficado linda depois da reforma.

poderia ser qualquer família davis, eu sequer
lembrava oq de fato minha vó havia comentado
sobre a tal família, ainda sim, oq eu disse rendeu a mim a minha primeira
amiga.

-você é a neta da jane pouter? ela comentou com a minha mãe que estudariamos na mesma série. a gente reformou a fachada da casa, demorou mas eu gostei de como ficou no final. você pode passar lá quando quiser, se quiser. tem uma área no jardim dos fundos, bem escondida, é linda...- ela sorri ao me fazer o convite.
-eu ia adorar te visitar.- retribuo o sorriso.

nat e eu somos grudadas desde então.

e em contra partida a minha calmaria e timidez, nat me complementa com a sua euforia e uma capacidade de socialização, que eu confesso invejar.

todas as vezes que eu amei vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora