15

10 0 0
                                    

do natal ao ano novo, os dias passaram em um pulo.
passamos a virada cada um em suas casas.
tom, sua mãe, seu pai e uma, até grande, quantidade de desconhecidos que trabalhavam com o pai de tom.
já na minha casa...eu, a vovó e uma série de músicas da época dela.

ao bater da meia noite, abraço a vovó e levo cinco beijinhos de batom na testa.
passo pela porta de casa correndo, esfregando bruscamente a testa, na esperança de limpar o batom dela.
tom já estava me esperando na rua.

nos abraçamos forte.

-feliz ano...
-ano novo!
falamos juntos.

nos abraçamos mais uma vez.

-como ta na sua casa?- pergunto.

-cheio de gente, a casa parece minúscula agora.- ele diz.

-tem que ser muita gente então, pra fazer logo a sua casa parecer minúscula.- digo rindo.

-você entende a situação então.- ele diz.
-e a sua casa?- ele perguntou se sentando na calçada, em frente a uma casa que ficava três casas a frente da minha.

-eu, a vovó e músicas antigas, você amaria algumas delas.- digo me sentando também.

-ah sua vó, me diz que tem a torta dela? ou uma outra comida dela, serve qualquer coisa que não seja de nozes servido em minúsculas porções.- ele diz.

-tem, tem muita comida.- rio -pode entrar, vc tem que desejar feliz ano novo pra ela.- digo.

-tenho, mas não agora. quero ficar no silêncio dessa rua vazia por mais um tempo, com você.- ele se joga sobre a grama da casa.

me deito ao seu lado.

-quase um ano lia.

-quase um ano o que?

-que nos conhecemos, que somos amigos.

-foi de repente...e nem sei pq, pq vc veio falar comigo naquele dia?

-eu nunca tinha te visto lá na sala, mas aí eu derrubei seu estojo, lembra? aí eu te vi...
eu quis falar com você, parecia meio solitária. perguntei pro pessoal da sala sobre você, ninguém soube responder nada, eles mal te conheciam.
me intriguei com isso e fui atrás.
aí te encontrei naquele dia, por puro acaso, ou destino sei lá- ele sorri -e que gentileza da vida me fazer conhecer a garota mais legal da cidade e torna ela minha melhor amiga, fã fiel das minhas peças, neta da melhor vó do mundo...

-você nunca me contou isso.- digo sorrindo e um pouco avermelhada pelos elogios.

-você nunca perguntou. e pq você me respondeu? pq não se importou que eu sentasse do seu lado desde então?


-não sei, eu sou simpática né? deve ser isso.

-é isso? nem um elogio pelo menos?- ele me olha com uma cara de indignação.

-ok, ok. eu não resisti ao seu rostinho lindo e o chiclete de uva com menta que você me ofereceu no final da aula naquele dia.

-melhor.

-eu tava mesmo solitária...eu...tinha uma amiga, natasha, natasha davis.

-a davis do jornal?

-é, a gente se conhecia desde os 6...muita coisa aconteceu, a gente acabou se afastando.
não falei com ninguém depois disso, não é muito minha praia...

-nunca me contou isso também.

-não é uma coisa muito boa...

-sou seu melhor amigo, gosto de ouvir suas coisas boas, vou gostar das ruins também.
você gosta de ouvir as minhas.

-obrigada.
sorrimos.

ficamos ali mais um tempo.
depois disso, entramos pra minha casa, comemos com a vovó e discutimos sobre qual filme veriamos.

tom e eu dormimos no sofá após longos minutos de conversa, sem sequer prestarmos atenção em seja lá qual tenha sido o filme daquela noite.

de dia, os pais de tom já tinham o buscado, horas antes de eu acordar.

todas as vezes que eu amei vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora