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as pedras dessa calçada parecem se mexer mais que o ideal.
mas nesse momento, tudo,
parece se mexer de mais.
fora e dentro de mim.

-sente isso? essa espécie de cócegas, mais torturante do que gostosa, dentro de você?- digo à tom. que estende sua mão por minhas costas no intuito de me guiar até nosso destino.

-sinto que as cócegas podem chegar á minha garganta a qualquer momento e não vai ser bonito.- tom ri.

deixamos a festa minutos pós melissa nos chamar.
tentávamos chegar até a casa de tom, acho, sem cambalear muito.

e fracassavamos.

-a gente precisa tomar um ar antes de entrar.- diz tom se sentando em um banco que costumava ficar em sua varanda.

me sento ao seu lado.

-não sei se vou aguentar subir as escadas.- digo e deito minha cabeça sobre seu ombro.- terá que me carregar.- complemento.

-não seria a primeira vez.- tom me responde.

-e qual foi a primeira?

-quando machucou o joelho subindo a escada do palco de teatro da escola.

-eu estava indo te entregar o roteiro que esqueceu na minha mochila. acho justo que você tivesse que me carregar.

-me culpa por ter caído?

-te culpo pelos passos a mais que você deveria ter dado, perto o suficiente pra que eu não tivesse espaço para cair.- rio.

-então te culpo pelo sexto gole que deu naquela garrafa. você não estaria mole desse jeito, sobre mim, se não fosse por ele.- tom me diz rindo.

-ah e não se culpa pelo seu sexto gole?- digo em tom de indignação.

-não...me culpo pelo quinto.

rimos.

estico meu corpo sobre as pernas de tom.
me sinto espaçosa demais ao fazer isso. mas meu corpo mal me obece pra que eu retorne a posição em que estava.
então só fico.

tom me olha lento, ainda risonho.

-você está todo molengo também.
dessa vez exageramos.

-sou dos exageros, lia. ainda não se acostumou?

-você não é algo a se acostumar, tom...é um espetáculo de atos infinitos.- digo tão sincera que me sinto boba por dizer.

ficamos em silêncio.

-e você é meu climax, lia. é meu ápice, minha emoção mais alta, o que realiza meu enredo.- tom diz, tão real como nunca o ouvi.

sorrio corada.

sem jeito, tento erguer meu corpo esperando que a mudança rápida de posição, tire do meu semblante a vergonha evidente.
acompanhando meu movimento, tom segura minha cintura, se assegurando de que eu não me desequilibrasse.
sua mão sobe próximo ao meu peito.
e a sinto me parar.
agora no meio termo, nem deitada, nem sentada.
nossos rostos estão perfeitamente alinhados.

a outra mão de tom encosta meu rosto e sinto explodir dentro de mim.

seus olhos que agora quase vêem através dos meus.
seu olhar brilha forte refletindo o meu.
o mesmo se direciona à minha boca.
que sente sua respiração funda.

tom encosta sua boca na minha.
com uma suavidade que amolece meu corpo, parte a parte.
faz isso, como quem pede permissão e sem notar qualquer recusa minha, me beija forte.
me beija tão íntimo, tão intensamente.
o sinto me apertar.
sinto nossos batimentos quase fora do peito.
seus beijos descem meu pescoço.
e aos poucos param.

tom me olha.
-a gente precisa entrar.- digo tímida.

subimos em segundos ao seu quarto.

me sento na cama dele sem conseguir formular qualquer pensamento.

tom vem em minha direção e agora me beija leve.
se deita na cama e eu o acompanho.

caio no sono sentindo sua mão sobre a minha.

todas as vezes que eu amei vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora