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o natal dos dez anos.
na época tom e eu conversavamos sobre o ano seguinte.
ambos ansiosos, ambos por motivos diferentes.
tom queria rever os amigos de sala, queria planejar apresentações com o grupo de teatro, almoçar no refeitório com os maiores, as atividades extracurriculares...
eu não queria voltar.
não queria ver os amigos de sala, pq não existiam amigos de sala além de tom. não queria assistir as apresentações escolares, por mais que tom reserva-se sempre o meu lugar na primeira fileira me obrigando ao assisti-lo.
mas acho q se todas as vezes em que ele colocasse os olhos em mim ali na platéia ele soltasse um sorriso, assim como fazia, então valeria o esforço.
eu também não gostava muito de almoçar no barulho do refeitório mas das atividades extracurriculares eu até sentia falta.
de qualquer forma tom torcia pelos 11 anos de idade...
eu corria deles.

no natal dos dez anos,
a família de tom veio passar comigo e com a vovó.
eles amaram a vovó, estranharia se não.
eles conversaram muito enquanto a ceia não ficava pronta.
eu e tom roubavamos alguns biscoitos da mesa de jantar.
tom e eu estavamos tão felizes, pra nós o fato das duas famílias se darem bem era uma espécie de consagração pra aquela amizade.
então a gente se divertiu naquele natal, se divertiu como nunca.

no jantar, a mesa estava repleta de comida.
o cheiro tomava a casa de canto a canto.
vovó cuidou da comida, a mãe e o pai de tom da sobremesa, quer dizer, das sobremesas.
eu nunca tinha visto tanta comida como naquela noite, isso até o natal dos doze na casa do tom, mas eu chego lá depois.

comida, luzes de natal e risadas.
criavam se laços naquele dia.
e precisariamos desses mais do nunca oito natais a frente.

todas as vezes que eu amei vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora