Capítulo 10

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Sexta-feira, 20 de agosto ao meio-dia

Fazia doze dias. Doze dias desde a última vez que eu a toquei. Doze dias desde a última vez que eu a beijei. Doze dias desde a última vez que deitei ao lado dela em sua cama, nua e saciada de tanto fazer amor.

Fazia sete dias. Sete dias desde a última vez que coloquei os olhos nela, ou ouvi a sua voz. Sete dias desde que ela admitiu ter me seguido e me fotografado. Sete dias desde que ela quebrou o meu coração com as suas acusações.

Fazia cinco dias. Cinco dias desde que devolvi os brincos, deixando-os no balcão do segurança em seu prédio. Cinco dias desde que Ronaldo me disse que tudo que ela fez no fim de semana foi beber whisky e olhar pela janela para a cidade abaixo.

Cinco dias desde que pedi a Ronaldo para não me dizer nada sobre ela novamente.

Fazia dois dias. Dois dias desde que eu percebi que ela estava mantendo a sua reserva. Dois dias desde a última vez que dormi mais do que um par de horas de cada vez. Dois dias desde que a ansiedade começou a tomar conta de mim.

Fazia um dia. Um dia desde que Miguel conversou com a Marcela porque eu não poderia fazer isso sozinha. Um dia desde que Marcela prometeu que eu não teria que trabalhar na sala privada. Um dia desde que eu percebi que a ver era dolorosamente tudo que eu queria e não queria ao mesmo tempo.

Eu estive verificando o meu relógio a cada cinco minutos desde que cheguei ao trabalho. Eu pensei que poderia manter o controle. Eu pensei que podia me certificar que, se eu estivesse na cozinha quando ela chegasse, então eu não teria que vê-la. Eu pensei que poderia sobreviver mesmo estando tão perto, sem qualquer contato.

Pensei errado.

Como um ímã, eu fui atraída para ela antes mesmo que ela colocasse os pés no restaurante. Encontrei-me parada na entrada, falando com Luiza sobre algo


completamente inútil quando ela entrou. Eu podia sentir a energia em torno de mim mudar, e eu nem sequer tive que me virar para saber que era ela. Eu pude senti-la, cada célula do meu corpo parecia ter uma reação química à sua presença.

"Sra. Kalimann." Luiza o cumprimentou com um sorriso agradável e amigável. "Bem vinda de volta".

Sextas-feiras - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora