Sábado, 11 de setembro às dezoito horas
"Você aceita algo para beber, Bia? Uma taça de vinho, talvez?" Meus tios sempre foram anfitriões muito agradáveis. Hoje Genilda estava fora de si com o pensamento de que ambos, Ronaldo e eu, tínhamos acompanhantes para o jantar. Nunca na minha vida eu havia trazido alguém para os jantares familiares. Essa era a primeira vez.
"Talvez apenas uma água gelada." Bianca respondeu, sua ansiedade evidente em cada movimento seu, cada palavra e respiração.
Eu apertei sua mão, fazendo-a pular como se tivesse esquecido que eu a estivesse segurando.
Inclinei-me para perto, apreciando sua deliciosa essência; a combinação de frísia e jasmim me intoxicando. Era provavelmente o seu perfume, mas parte de mim pensava que era simplesmente ela. Nunca pensei que eu pudesse ser tão atraída por uma mulher de tantas maneiras. Claro, quando se tratava de Bianca, todos os meus pensamentos antigos eram jogados pela janela. Bianca era a exceção para cada regra que eu alguma vez coloquei no lugar para mim. Havia sempre algo que me fazia desejar que eu pudesse encontrar uma maneira estar com ela, nela, merda,
simplesmente com ela a cada minuto de cada dia.
"Está tudo bem?" Sussurrei, sabendo que ela estava nervosa sobre a chegada da do meu irmão e seu colega de quarto. Antigo colega de quarto, eu poderia dizer. Eu era a colega de quarto de Bianca.
Pude vê-la engolir nervosamente antes de assentir.
Tentei tranquilizá-la novamente. "Meu irmão não gosta de chatear a tia Genilda. Prometo a você, Ronaldo e Miguel estarão no seu melhor comportamento. Isto é, se Miguel quiser manter meu irmão feliz".
Bianca assentiu novamente, apertando suavemente a minha mão. Era o jeito dela de tentar aliviar minha preocupação também.
Eu não estava preocupado com o meu irmão. Eu sabia o que esperar de Ronaldo. Ele faria um monte de comentários sarcásticos na tentativa de fazer-me sentir culpada, sabendo que eu não me sentiria. Ele também sabia que eu não me desculparia, mas daria a ele a lua e as estrelas se ele pedisse por eles. Ele nunca pedia por nada como isso, entretanto. Ronaldo nunca pedia por nada remotamente egoísta. Ronaldo só recorria a mim quando ele queria fazer algo pelos outros.
Não, eu não estava preocupada com o meu irmão. Eu nem sequer estava preocupada com o antigo colega de quarto da Bianca. Miguel não estava feliz com os novos arranjos de moradia. Ele deixou isso bem claro esta manhã quando acompanhei Bianca até seu apartamento para empacotar suas coisas. Bem, Bianca empacotou, Tyler carregou as coisas para o carro e eu lidei com alguns negócios ao telefone e exercitei um incrível autocontrole enquanto Miguel tentava me atrair para uma briga. Eu respeitava que o homem se importava com sua amiga. Eu respeitava que ele tinha apenas o bem estar e melhor interesse dela em mente. Mas ela estava indo morar comigo, quer ele gostasse ou não. Era algo com o que ele simplesmente teria que lidar.
Eu estava preocupada, de qualquer maneira. Eu estava preocupada que toda aquela loucura, minha loucura, eventualmente seria demais para a amável Bianca. Eu estava preocupada que ela veria o erro nos seus caminhos. Eu não desistiria dela, mas estar comigo era tão insensato. Eu era errada para ela em tantos níveis. Não era apenas o risco físico que ela estava assumindo, considerando que Juliano era um psicopata que não queria nada mais do que me fazer sofrer. Era também o fato de que ela ainda não tinha ideia da fodida bagunça que eu realmente era. Ela sabia bastante. Ela sabia mais do que eu jamais tinha deixado alguém saber, mas ela ainda não sabia tudo.
Eu era exatamente igual a ela. Por mais que eu tentasse não ser, eu estava lutando. A menos que eu descobrisse um jeito de fazer um transplante de genes, eu estava destinada a ter as falhas fatais do meu pai. Eu já estava lutando com os sentimentos obsessivos, a necessidade constante, o ciúme. Sebastião sugeriu que eu falasse com alguém, um profissional, mas eu não acreditava nessa bobagem psicológica. Eu não achava que alguém pudesse me convencer a deixar de ser assim. Pesquisas mostravam que a personalidade é definida por volta dos três anos. Acrescente a isso toda a besteira do meu estresse pós-traumático na adolescência e eu estava fodida.
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Sextas-feiras - Rabia
RomanceA vida de Rafaela Kalimann cruza com a de Bianca no restaurante onde ela almoça todas as sextas-feiras. Ela é bonita, arrogante, e é acostumada a evitar o amor. Ela não se impressiona com as coisas, e faz as mulheres caírem aos pés dela. Adaptação:...